A TERRITORIALIZAÇÃO DO MST - MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM-TERRA - BRASIL.
DOI:
https://doi.org/10.47946/rnera.v0i1.1495Resumo
O Brasil conheceu uma intensa transformação em sua agricultura no período de 1965 a 1985. Nessas décadas de ditadura, os governos militares implantaram uma política de desenvolvimento agropecuário para a modernização do campo. Esse modelo causou transformações profundas, privilegiando a agricultura capitalista em detrimento da agricultura camponesa. Essas transformações geraram, de um lado, a modernização tecnológica financiada pelo Sistema Nacional de Crédito Rural, de modo que a agricultura passou a depender menos dos recursos naturais e cada vez mais da indústria produtora de insumos, consolidando o processo de industrialização da agricultura e promovendo o crescimento das relações de trabalho assalariado. Por outro lado, o campo brasileiro foi transformado em espaços de conflitos intensivos, pelo crescimento das desigualdades socioeconômicas. Esse modelo de modernização conservou a secular concentração da estrutura fundiária, intensificando a histórica luta pela terra e criou uma crise política que persiste até os dias de hoje. Alguns dos fatores da crise desse modelo são, por exemplo: a não realização da reforma agrária; a concentração do poder político nas mãos da bancada ruralista2; a política de privilégios à agricultura capitalista e a conseqüente destruição da agricultura camponesa; a rápida e violenta transformação do campo brasileiro com a expulsão e a expropriação de milhões de famílias, que migraram para as cidades por e para diferentes regiões brasileiras; o surgimento de milhões de famílias sem-terra; a extrema violência com que são tratados os conflitos fundiários; a persistência de empresários rurais na utilização do trabalho escravo; a concepção tecnicista e economicista de desenvolvimento da agricultura; o crescimento contínuo da violência no campo e os diferentes problemas ambientais causados pela intensa exploração agrícola etc. Ainda, outros fatores que impulsionaram esse modelo de modernização foram: o avanço da industrialização e do crescimento urbano; o intenso processo de transformação de sua estrutura produtiva; as quantidades crescentes de créditos agrícolas que financiaram a modernização tecnológica para alguns setores da agricultura; o desenvolvimento do comércio agrícola com a expansão do mercado interno; a mundialização da economia; o protecionismo por meio de subsídios fiscais destinados a projetos agropecuários; a liberação de mão-de-obra para a agricultura capitalista com o êxodo rural etc. Os conjuntos de fatores apresentados servem para a reflexão sobre a realidade insustentável do campo brasileiro. Hoje somos o país com o segundo maior índice de concentração de terras do mundo3. Perdemos apenas para o Paraguai. Também consta nos relatórios das Nações Unidas e do Banco Mundial, que o Brasil é o país de maior nível de desigualdade social do mundo. Outro título nada recomendável que possuímos é o de estarmos entre os campeões mundiais de analfabetismo. Evidentemente que a concentração de terras possui relação com outras disparidades da sociedade: a concentração da renda, a concentração do mercado etc. Nessa realidade, 30 milhões de brasileiros estão abaixo da linha da pobreza absoluta e a fome é um dos maiores problemas que precisamos enfrentar.Downloads
Downloads
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os artigos publicados na Revista NERA devem seguir, obrigatoriamente, as diretrizes sobre ética e integridade na prática científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), disponíveis em seu sitio na internet (http://memoria.cnpq.br/normas/lei_po_085_11.htm). Em caso de infração às referidas diretrizes por qualquer texto publicado, o artigo será formalmente retirado de publicação, conforme a prática da comunidade científica internacional. A submissão de qualquer texto à Revista NERA implica na aceitação plena deste procedimento. As ideias e conceitos emitidos nos artigos são de inteira responsabilidade dos autores. Reforçamos que após a publicação do artigo o mesmo não será despublicado caso haja solicitação por parte dos(as) autores(as).
Lembramos que todos os manuscritos submetidos à Revista NERA são vereficados no software de similaridade "iThenticate". Os manuscritos com plágio verificado são automaticamente negados e os(as) autores(as) comunicados.
A licença utilizada pela Revista NERA é Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional (CCBY 4.0).
A política de arquivamento é a Licença LOCKSS.