A estrangeirização da terra é a solução para a crise alimentar? As narrativas de agentes estrangeiros para justificar a apropriação de terras no exterior
DOI:
https://doi.org/10.35416/geoatos.v4i19.8093Resumo
Em 2007/2008 o mundo vivenciou um aumento nos preços dos alimentos. Ao mesmo tempo, ocorreu a ascensão das crises energética e financeira. Juntos, estes fenômenos atraíram o interesse de diferentes agentes para o mercado de terras e produção agrícola. A segurança alimentar, que é uma questão geopolítica, tornou-se justificativa para a apropriação de terras no exterior por parte de agentes públicos e privados. Contudo, o objetivo da estrangeirização da terra não é garantir o acesso ao alimento a todos, mas sim sustentar a acumulação do capital em tempos de crise. O objetivo deste artigo é discutir acerca de como os agentes promotores da estrangeirização da terra utilizam da crise alimentar para justificar a sua expansão em direção ao exterior. Por meio da revisão da literatura ao longo de quase uma década de pesquisas sobre a estrangeirização da terra na América Latina, concluímos que a estrangeirização da terra apenas acentua a crise alimentar porque a sua base é a acumulação de capital e não a resolução do problema da fome.