Gênero em espacialidades geográficas: trajetórias e coetaneidade
DOI:
https://doi.org/10.35416/geoatos.v1i16.7341Resumo
A ciência geográfica debruça-se sobre estudos de relações entre a sociedade e o espaço. Por muito tempo as análises ambientais e econômicas se sobrepuseram a outros temas que também conduzem as dinâmicas espaciais. Ao longo de sua consolidação enquanto ciência, a Geografia experimentou diferentes fases, alinhadas a distintas correntes teóricas, métodos e metodologias, de acordo com o tempo e espaço de cada geógrafa(o) que se dedicou a construí-la. Somente a partir da década de 1970 (no contexto anglo-saxão) e 1980 (no contexto brasileiro) é que a geografia passou a incorporar o conceito de gênero em suas análises, evidenciando como a espacialidade era construída e vivida por homens e mulheres. Posteriormente, outras abordagens foram consideradas, tais como a sexualidade e a etnia e a raça. Esse processo foi importante no sentido de apresentar uma ciência menos androcêntrica, eurocêntrica e burguesa. Este artigo tem como objetivo, por meio de revisão bibliográfica, elucidar o processo de inserção destas temáticas na Geografia, pontuando ainda, mudanças em relação ao posicionamento de geógrafas(os) diante dos sujeitos que têm como objeto de pesquisa.
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