A QUESTÃO RACIAL E AS POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE EM TEMPOS DE GOLPE: INFLEXÃO DEMOCRÁTICA, PROJETOS DE NAÇÃO, POLÍTICAS DE RECONHECIMENTO E TERRITÓRIO

Abstract

O artigo discute o desmonte das políticas de promoção da igualdade racial no contexto da virada política para a direita no Brasil desde o golpe de 2016. Toma como ponto de partida a tese de que tais políticas, que vinham sendo desenhadas desde a década de 1980 pe.lo Movimento Negro Brasileiro, em sua relação com o Estado, e que ganharam força a partir de 2003, apontavam para uma mudança nos projetos de nação e de território. Propõe uma releitura dos projetos de formação da nação e do território no Brasil a partir da noção de “branqueamento do território”, ferramenta que, valorizando o lócus epistêmico dos grupos raciais subalternizados (negros e indígenas) aponta para uma construção biopolítica que se desdobra em três dimensões: branqueamento da ocupação, da imagem e da cultura. As políticas de inclusão, redistribuição e reconhecimento que vinham sendo desenvolvidas apontavam para a possibilidade de reversão desta biopolítica, como um novo projeto de nação e de território – que passa a ser desmantelado a partir do golpe.