SUSTENTABILIDADE, ECONÔMIA ECOLÓGICA E RELIGIÃO
análise da atuação dos grupos ayahuasqueiros e do contexto de suas práticas culturais
Resumo
Neste artigo buscou-se compreender as relações entre sustentabilidade, economia ecológica e religião, a partir da análise da atuação dos grupos ayahuasqueiros e do contexto de suas práticas culturais. Para isto, foi realizado levantamento bibliográfico em duas frentes distintas, observando os princípios que direcionam esta vertente da economia (Cechin; Veiga, 2010; Farley, 2010, 2016; Von Hauff, 2016), além de materiais referentes à trajetória dos grupos ayahuasqueiros (Hoffmann, 2011; Thevenin, 2017; Monteles, 2020), buscando realizar conexões entre estes pontos. Ademais, foi realizado trabalho etnográfico em três organizações ayahuasqueiras das regiões Norte, Sudeste e Sul, os dados obtidos foram abordados em análise comparativa aos dados da literatura. Os resultados mostram uma coerência entre os princípios que direcionam a abordagem da economia ecológica e a atuação dos grupos, sobretudo no que diz respeito às medidas conservacionistas na gestão de seus territórios, que refletem em altas taxas de preservação de floresta, na adoção de sistemas de cultivo sustentáveis e de técnicas de coleta conservacionistas. Em relação ao contexto de suas práticas culturais, observou-se tanto a preservação de práticas relacionadas à tradição destas religiões, como também sua alteração, na medida em que os grupos expandiram. Isto mostra a complexidade da análise da sustentabilidade desses grupos em âmbito local e no cenário nacional.
Downloads
Referências
ARAÚJO, W. S. A Barquinha: espaço simbólico de uma cosmologia em construção. In: LABATE, B. C.; ARAÚJO, W. S. (orgs.). O uso ritual da ayahuasca. São Paulo: Mercado das letras, 2009. p. 541-556.
ASSIS, G. L.; LABATE, B. C. Dos Igarapés da Amazônia para o outro lado do Atlântico: a expansão e internacionalização do Santo Daime no contexto religioso global. Religião e sociedade. Rio de Janeiro, vol. 34, n.2, p. 11-35, 2014.
CECHIN, A.; VEIGA, J. E. O fundamento central da economia ecológica. In: MAY, P.; LUSTOSA, M.C.; VINHA, V. (orgs.) Economia do meio ambiente: Teoria e prática. 2ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 33-48.
CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS - Grupo Multidisciplinar de Trabalho - Ayahuasca. Relatório Final. Brasília, 2006.
FARLEY, J. Conservation through the economics lens. Environmental management. vol.45, n.1, p.26-38, 2010.
FARLEY, J. The foundations for an ecological economy: an overview. In: FARLEY, J.; MALGHAN, D. (orgs.). Beyond uneconomic growth. Cheltenham: Edward Elgar Publishing, 2016. p. 3-21.
GOODLAND, R. The concept of environmental sustainability. Annual Review of Ecology and Systematic. vol. 26, p.1-24, 1995.
HOFFMANN, M. Sistemas agroflorestais nas áreas de plantio. In: BERNADINO-COSTA, J. (org.). Hoasca, ciência, sociedade e meio ambiente. São Paulo: Mercado das Letras, 2011. p. 301-308.
LABATE, B. C. A reinvenção do uso da ayahuasca nos centros urbanos. São Paulo: Mercado das Letras, 2004.
LABATE, B. C. Dimensões legais, éticas e políticas da expansão do consumo da ayahuasca. In: LABATE, B. C.; GOULART, S. L. (orgs.). O uso ritual das plantas de poder. São Paulo: Mercado das Letras, 2005. p. 397-458.
LUNA, L. E. Vegetalismo: Shamanism among the mestizo population of Peruvian Amazon. Estocolmo: Alquimist and Wiksell International, 1986.
MAGALHÃES, E. S. Um barquinho para navegar: Devoção e habitus religioso na constituição da Capelinha de São Francisco. Religião e sociedade. Rio de Janeiro, vol. 36, n.2, p.161-187, 2016.
MICHELSEN, G.; ADOMBENT, M.; MARTENS, P.; VON HAUFF, M. Sustainable development - Background and Context. In: HEINRICHS, H.; MARTENS, P.; WIEK, A. (orgs.). Sustainability science. Dordrecht: Springer, 2016. p. 5-29.
MONTELES, R. “Eu venho da floresta”: A sustentabilidade das plantas sagradas amazônicas do Santo Daime. 2020. Tese (Doutorado em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia) – Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2020.
MOREIRA, P.; MACRAE, E. Eu venho de longe: Mestre Irineu e seus companheiros. Salvador: EDUFBA, 2011.
NASCIMENTO, L. M. Depoimento. Revista do 1º Centenário do Mestre Imperador Raimundo Irineu Serra. Rio de Janeiro: Beija-flor, 1992.
OLIVEIRA, I. S. D.; MONTAÑO, M.; SOUZA, M. P. Avaliação Ambiental Estratégica. São Carlos: Suprema, 2009.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Distrito Federal, 2024.
THEVENIN, J. M. R. A natureza nos caminhos da ayahuasca: territorialidade, arranjos institucionais e aspectos fitogeográficos de conservação florestal na Amazônia (Rondônia/Brasil). 2017. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2017.
TUPPER, K. W. The economics of ayahuasca: money, markets, and the value of the vine. In: LABATE, B. C.; CAVNAR, C.; GEARIN, A. K. (orgs.). The World Ayahuasca Diaspora: Reinventions and Controversies. New York: Routledge, 2017. p. 183-200.
VEIGA, J. E. Sustentabilidade: a legitimação de um novo valor. 3.ed. São Paulo: Editora Senac, 2019.
VON HAUFF, M. Sustainable Development in Economics. In: HEINRICHS, H.; MARTENS, P.; WIEK, A. (orgs.). Sustainability science. Dordrecht: Springer, 2016. p. 99-107.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
1- Autores mantém os direitos autorais e concedem ao Caderno Prudentino de Geografia o direito de primeira publicação, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
2- As provas finais não serão enviadas aos autores.
3- Os trabalhos publicados passam a ser incorporados a Revista, ficando sua impressão e reimpressão, total ou parcial, autorizadas pelo autor. A utilização do texto é livre e incentivada a sua circulação, devendo ser apenas consignada a fonte de publicaçao original.
4- Os originais não serão devolvidos aos autores.
5- As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.
6- Os autores são responsáveis pela correção gramatical-ortográfica final dos textos.
