AGRONEGÓCIO, FINANCEIRIZAÇÃO E CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS: A RECONFIGURAÇÃO DO CERRADO E A ASCENSÃO DO MATOPIBA NO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
DOI:
https://doi.org/10.33026/nh606e12Palabras clave:
Meio técnico-científico-informacional, Verticalidades e horizontalidades, Acumulação por espoliaçãoResumen
O artigo analisa os mecanismos socioeconômicos, políticos e ambientais vinculados à financeirização do espaço rural e à expansão do agronegócio no Cerrado, com foco na região MATOPIBA. O problema central reside em como esse processo reproduz assimetrias geoeconômicas, intensifica conflitos socioambientais e aprofunda a dependência do Brasil no capitalismo global. A justificativa enfatiza a relevância acadêmica e social ao integrar teorias críticas (como "acumulação por espoliação" de Harvey (2005) e o "meio técnico-científico-informacional" de Santos (1996) e evidenciar impactos como expulsão de comunidades tradicionais e degradação ambiental. Metodologicamente, combina análise qualitativa (revisão teórica) e quantitativa (dados do CONAB, Prodes/Inpe e MapBiomas), além de georreferenciamento. Os resultados revelam crescimento de 4.636% na produção de soja (1990-2020), perda de 350.000 km² de vegetação nativa (2001-2022), 94,7% das propriedades sob controle corporativo e avanço da desertificação. Conclui-se que o modelo agroexportador globalizado no MATOPIBA aprofunda desigualdades e degradação, exigindo alternativas como agroecologia e governança participativa para conciliar produção, preservação e equidade.
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