A leitura diária como prática de leitura literária na turma do primeiro ano do colégio de aplicação da UFPR
Resumo
Ao pensar na formação de leitores como um processo sociocultural, permeado de significados e aportes afetivos, este estudo traz o relato do trabalho de docência compartilhada, desenvolvido na turma do 1° ano do Ensino Fundamental do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Roraima, durante o ano de 2018 e primeiro semestre de 2019. A prática intitulada “leitura diária”, foi desenvolvida com o objetivo de proporcionar práticas de leitura literária, pensando na formação de leitores e na construção de relações significativas com o texto literário. Partiu-se dos conceitos de Kleiman (2013) e Soares (2014), nos quais a leitura é concebida como um bem simbólico e uma prática social, que remete a outros textos e/ou outras leituras. Associa-se ao que afirma Martins (2012), que mais do que aprender a ler lendo, se aprende vivendo, interagindo, pensando sobre o que se vê/lê. Tendo, ainda, Cosson (2014) e Jouve (2012) como aportes, relacionou-se leitura literária como processo ativo de apropriação dessa linguagem, na qual o letramento literário possibilita a criação de novos significados. As ações consistiram em ler diariamente para as crianças como forma de iniciar a rotina das aulas, independente do componente curricular a ser trabalhado. Buscou-se, a cada leitura, permear conceitos como diagramação, tradução, ano de publicação, entre outros, de forma a promover a apropriação significativa desses elementos. Os resultados da proposta indicam que a medida em que as crianças foram construindo relações significativas com o texto literário, tornaram-se “íntimos” dessa forma de comunicação, passando a mediar situações de leitura, recomendar livros e, ainda, comparar autores, editoras e gêneros. Estas vivências foram fundamentais no desenvolvimento de habilidades das crianças para discutir e/ou tecer comentários durante as rodas de leitura, com elementos próprios da linguagem literária.