Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023023, 2023. e-ISSN: 2236-0441
DOI: 1
A SOLIDÃO DOCENTE NA EDUCAÇÃO BÁSICA ON-LINE: PERCEPÇÕES DE
PROFESSORES ACERCA DOS DESAFIOS E SUPERAÇÕES
SOLEDAD DOCENTE EN LA EDUCACIÓN BÁSICA EN LÍNEA: PERCEPCIONES DE
DOCENTES SOBRE DESAFÍOS Y SUPERACIÓN
TEACHER LONELINESS IN ONLINE BASIC EDUCATION: TEACHERS'
PERCEPTIONS OF CHALLENGES AND OVERCOMING
Susana Seidel DEMARTINI1
e-mail: susana.seidel@edu.pucrs.br
Marcelo AMARAL-ROSA2
e-mail:marcelo.pradorosa@gmail.com
Elisabete CERUTTI3
e-mail: beticerutti@uri.edu.br
Como referenciar este artigo:
DEMARTINI, S. D.; AMARAL-ROSA, M.; CERUTTI, E. A
solidão docente na Educação Básica on-line: Percepções de
professores acerca dos desafios e superações. Nuances: Estudos
sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023023, 2023.
e-ISSN: 2236-0441. DOI:
https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.9532
| Submetido em: 31/08/2022
| Revisões requeridas em: 11/10/2023
| Aprovado em: 21/11/2023
| Publicado em: 30/12/2023
Editores:
Profa. Dra. Rosiane de Fátima Ponce
Prof. Dr. Paulo César de Almeida Raboni
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre RS Brasil. Doutoranda em Educação pela
PUCRS. Professora de Matemática da rede municipal de São Leopoldo (RS).
2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal - RN - Brasil. Graduação em Química Licenciatura pela
URIFW. Mestrado em Educação pela UCS. Doutorado em Educação em Ciências pela UFRGS. Professor Visitante no PPG
Ensino de Ciências e Matemática.
3
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URIFW), Campus Frederico Westphalen - RS - Brasil.
Doutorado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. membro do Conselho de Câmpus e do
Conselho Universitário da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. Líder do Grupo de Pesquisa em
Educação e Tecnologias (GPET/URI).
A solidão docente na Educação Básica on-line: Percepções de professores acerca dos desafios e superações
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023023, 2023. e-ISSN: 2236-0441
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RESUMO: O foco deste artigo recai sobre as percepções de professores da Educação Básica a
respeito da solidão docente nas aulas on-line do modelo remoto emergencial, que ocorreu
durante a pandemia da COVID-19. O objetivo foi compreender a solidão docente nas aulas on-
line, com vista a identificar os principais desafios e possíveis superações encontrados pelos
professores. Para isso, a pesquisa teve abordagem qualitativa com a aplicação de um
questionário aberto. Os participantes foram seis professores da Educação Básica, anos iniciais,
finais e nível médio, da rede pública e privada. A análise foi realizada por meio da Análise
Textual Discursiva. Os resultados emergiram em três categorias finais, por meio das quais foi
possível compreender as dificuldades enfrentadas pelos docentes durante as aulas on-line, suas
estratégias para superá-las e os sentimentos envolvidos nesse processo.
PALAVRAS-CHAVE: Solidão Docente. Educação Básica. Aulas On-line.
RESUMEN: El foco de este artículo está en las percepciones de los docentes de Educación
Básica respecto a la soledad docente en las clases en línea bajo el modelo remoto de
emergencia, ocurrido durante la pandemia de COVID-19. El objetivo fue comprender la
soledad docente en las clases en línea, con miras a identificar los principales desafíos y
posibles superaciones encontradas por los docentes. Para ello la investigación tuvo un enfoque
cualitativo con la aplicación de un cuestionario abierto. Los participantes fueron seis docentes
de Educación Básica, educación inicial, final y secundaria, de colegios públicos y privados. El
análisis se reali mediante Análisis Textual Discursivo. Como resultados surgieron tres
categorías finales, a través de las cuales fue posible comprender las dificultades que enfrentan
los docentes durante las clases en línea, sus estrategias para superarlas y los sentimientos
involucrados en este proceso.
PALABRAS CLAVE: Maestra Soledad. Educación básica. Clases en línea.
ABSTRACT: The focus of this article is on the perceptions of Basic Education teachers
regarding teacher loneliness in online classes under the emergency remote model, which
occurred during the COVID-19 pandemic. The objective was to understand teacher loneliness
in online classes, with a view to identifying the main challenges and possible overcomings
encountered by teachers. For this, the research used a qualitative approach, with the
application of an open questionnaire. The participants were six Basic Education teachers,
initial, final, and secondary education, from public and private schools. The analysis was
carried out using Discursive Textual Analysis. As a result, three final categories emerged,
through which it was possible to understand the difficulties faced by teachers during online
classes, their strategies to overcome them, and the feelings involved in this process.
KEYWORDS: Teacher Loneliness. Basic education. Online Classes.
Susana Seidel DEMARTINI; Marcelo AMARAL-ROSA e Elisabete CERUTTI
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023023, 2023. e-ISSN: 2236-0441
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Introdução
Nos anos de 2020 e 2021, todas as nações tiveram que enfrentar uma pandemia muito
difícil, a da COVID-19 (Coronavirus Disease). O isolamento social, necessário para enfrentar
a doença, modificou configurações e relações pessoais, profissionais e escolares. Segundo
Silva, Neto e Santos (2020, p. 31):
Com o surgimento dessa pandemia em todo o mundo, a volta ao que
considerávamos vida normal está bem mais distante. As relações sociais foram
modificadas e uma nova conduta social emergiu, modificando os
comportamentos, as formas de aprendizagem e as relações interpessoais e,
consequentemente, isso refletiu-se nas estratégias de ensino.
Com relação às mudanças na educação, as instituições de ensino de todo o Brasil
precisaram se reorganizar, que as aulas presenciais não seriam mais possíveis, por tempo
indeterminado, pois segundo Silva, Neto e Santos (2020, p. 36): “Com a expansão do vírus,
políticos e gestores tiveram que tomar medidas emergenciais como a suspensão das aulas
presenciais”. O Governo Federal autorizou o ensino não presencial na Educação Básica com a
Lei n.º 14.040, de 18 de agosto de 2020, durante a duração do estado de calamidade pública,
devido à pandemia.
No Art. concebe que: “O retorno às atividades escolares regulares observará as
diretrizes das autoridades sanitárias e as regras estabelecidas pelo respectivo sistema de ensino.”
(BRASIL, 2020a). O Conselho Nacional de Educação (CNE) editou diretrizes nacionais para a
implementação dessa lei por meio do Parecer CNE/CP n.º 19/2020, de 8 de dezembro de 2020.
Em seu Art. 14, da Seção V, concebe que:
Por atividades pedagógicas não presenciais na Educação Básica, entende-se o
conjunto de atividades realizadas com mediação tecnológica ou por outros
meios, a fim de garantir atendimento escolar essencial durante o período de
restrições de presença física de estudantes na unidade educacional (BRASIL,
2020b, p. 10).
Dessa forma, surgiram novas nomenclaturas e modalidades de ensino na Educação
Básica, chamadas de: ensino remoto emergencial, ensino bimodal, aulas on-line, entre outros
nomes. Mesmo a educação a distância não sendo algo novo, por existir anos por meio de
correspondência impressa, televisão e rádio, para Tori (2010, p. 4), o uso de tecnologias
permeou um caráter inovador a essa modalidade. De qualquer forma, os encontros entre
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professores e alunos passaram a acontecer a distância por meio de aplicativos/softwares usados
para reuniões on-line. No primeiro ano da pandemia, as redes de ensino buscaram formas de se
adaptar à nova realidade, cada uma a seu modo e no seu tempo.
Com efeito, a suspensão das atividades letivas presenciais, por todo o mundo,
gerou a obrigatoriedade dos professores e estudantes migrarem para a
realidade online, transferindo e transpondo metodologias e práticas
pedagógicas típicas dos territórios físicos de aprendizagem, naquilo que tem
sido designado por ensino remoto de emergência (MOREIRA; HENRIQUES;
BARROS, 2020, p. 352).
Com a emergência de um novo panorama na educação, desencadeado pela pandemia,
têm-se manifestado diversos desafios que até então não eram enfrentados, tais como o
encerramento das atividades escolares e a necessidade premente de fornecer aos alunos e
professores os recursos adequados, bem como acesso à internet. Para Silva, Neto e Santos
(2020, p. 40): “[...] observa-se que muitos são os desafios enfrentados pela escola diante desse
cenário pandêmico, como a falta de formação e informação dos professores, dos alunos e
familiares sobre o uso das TDIC, enquanto mediação do conhecimento”. Por isso, foi necessário
buscar meios para as aulas remotas acontecerem, conseguindo equipamentos, internet e
formação para o uso dos recursos. As dificuldades foram muitas, mas a persistência em fazer a
educação continuar acontecendo foi notável.
Diante desse cenário, surgiu a questão norteadora a ser investigada: De que modo os
professores da Educação Básica perceberam a solidão docente nas aulas on-line? Logo, o
objetivo basilar foi compreender a solidão docente na Educação Básica, nas aulas on-line,
identificando desafios e superações. Para isso, alguns conceitos principais dessa temática são
apresentados na seção seguinte.
Referencial Teórico da Investigação
Inicialmente, é necessário definir e determinar a diferença entre encontros síncronos e
assíncronos, que são categorias diferentes das atividades on-line. Para Lencastre e Araújo
(2008, p. 4) existem duas categorias de aprendizagem on-line: “[...] síncronas que ocorrem para
todos os estudantes simultaneamente [...]. A aprendizagem assíncrona acontece em diferentes
momentos para cada estudante, de acordo com o tempo e necessidade de cada um”. Entende-se
como aula on-line nesse trabalho, os momentos síncronos de aula, ou seja, os momentos em
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que estudantes e professores estão conectados ao mesmo tempo, sendo a educação on-line
aquela que acontece mediada por meios eletrônicos (LENCASTRE; ARAÚJO, 2008, p. 2).
Com relação à comunicação, entende-se que é um processo de troca de informações
entre os indivíduos, importante para a aprendizagem. A comunicação pode ser verbal, falada
ou escrita, ou não verbal (gestual), sendo que boa parte da comunicação humana é
compreendida e interpretada pelos gestos (LEONARD, 2020, [s.p]). De acordo com
D’Ambrósio (2007, p. 24): "O processo de gerar conhecimento como ação é enriquecido pelo
intercâmbio com outros, imersos no mesmo processo, por meio do que chamamos comunicação
[...]". Da mesma forma, para Lévy (1999, [s.p.]): “Comunicar não é de modo algum transmitir
uma mensagem ou receber uma mensagem. Isso é a condição física da comunicação. É certo
que para comunicar, é preciso enviar mensagens, mas enviar mensagens não é comunicar.
Comunicar é partilhar sentido".
a interação é um movimento fundamental na aprendizagem, segundo Moran, Masetto
e Behrens (2013, p. 28): “Aprendemos quando interagimos com os outros e o mundo e depois,
quando interiorizamos, quando nos voltamos para dentro, fazendo nossa própria síntese, nosso
reencontro do mundo exterior com a nossa reelaboração pessoal”.
No processo de distanciamento físico, provocado pela pandemia, o contato entre
estudantes e professores teve que ocorrer totalmente à distância. Essa mudança ocorreu de
forma abrupta, inesperada e sem preparação. A educação é um processo humano no qual estão
envolvidos sentimentos e emoções (SANTOS, 2007, p. 174). Para Valente (2003, p. 140), é
importante compreender o papel do professor no ensino à distância, pois:
Nesta modalidade educacional a intervenção do educador fica ainda mais
importante, pois a interação é intermediada por uma tecnologia e não existem
os gestos, o olho-no-olho, os elementos usados em situações presenciais que
o aprendiz pode usar para compensar certas deficiências de comunicação. Na
EAD a qualidade da interação professor-aluno e entre alunos é fundamental e
determina qual abordagem pedagógica está sendo utilizada.
Do ponto de vista dos professores, o processo de ensino sem contato direto e presencial
com os alunos gerou considerável estranhamento. Este fenômeno não se limitou a cursos nos
quais a modalidade de ensino remoto já estava estabelecida, mas se estendeu a todos os níveis
de ensino. Professores que jamais haviam experimentado o ensino à distância encontraram-se
agora diante de telas de computador e dispositivos móveis.
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[...] o desafio não foi apenas do professor em se reinventar para produzir
conteúdo, apresentar aulas online, e organizar avaliações de atividades dos
alunos numa situação de isolamento social, pressão psicológica e família para
cuidar em casa. O aluno, na mesma situação de isolamento social também
encontrou dificuldades com o acesso à internet, equipamento de qualidade
para acessar, espaço para estudos, adaptação a aulas online, quantidades
exacerbadas de atividades a realizar (ALVES; FARIA, 2020, p. 5).
E essa tecnologia trouxe mais uma novidade difícil: nos aplicativos de reunião, usados
nas aulas, os alunos poderiam desligar as câmeras e ficar em silêncio, prejudicando assim a
comunicação não-verbal que é essencial para a interação (KUBRUSLY et al., 2021, p. 6).
Então, os professores acostumados com turmas cheias de “rostos curiosos” e muitas conversas,
de repente, encontraram salas virtuais silenciosas e com miniaturas de fotos, avatares ou apenas
letras iniciais de nomes.
Para Alves e Faria (2020), isso acontece, pois, os encontros por web conferência
passaram a ser utilizamos para o desenvolvimento de aulas expositivas, por vezes longas, e por
isso os alunos acabam se distraindo ou não ficando atentos o tempo todo. Ainda, para as autoras
supracitadas (2020, p. 7):
Com isso, temos de um lado, o professor que se esforça, exaustivamente, para
ministrar a aula diante de ambiente frio e silencioso. Do outro lado, os alunos
que, na maioria das vezes, apenas estão marcando a presença nas aulas, com
suas câmaras e microfones desligados. Essa forma de aula faz com que tanto
professor como o aluno se sintam desmotivados com resultados.
Esse distanciamento entre professores e estudantes propiciou o surgimento de novos
sentimentos e angústias antes não vivenciados. Entre eles, pode-se destacar a solidão dos
professores por não estarem em contato direto com seus estudantes. A palavra solidão tem como
significado para Abbagnano (2007, p. 918):
Isolamento ou busca de melhor comunicação. No primeiro sentido, a S. é a
situação do sábio, que, tradicionalmente, é autárquico e por isso se isola em
sua perfeição (v. SÁBIO). Afora esse ideal, o isolamento é um fato patológico:
é a impossibilidade de comunicação associada a todas as formas da loucura.
Em sentido próprio, contudo, a S. não é isolamento, mas busca de formas
diferentes e superiores de comunicação: "Não dispensa os laços com o
ambiente e a vida cotidiana, a não ser em vista de outros laços com homens
do passado e do futuro, com os quais seja possível uma forma nova ou mais
fecunda de comunicação. O fato de a solidão dispensar esses laços é, pois,
uma tentativa de libertar-se deles e ficar disponível para outras relações
sociais.
Susana Seidel DEMARTINI; Marcelo AMARAL-ROSA e Elisabete CERUTTI
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O sentimento de solidão é subjetivo e pode ser definido de diferentes formas. O autor
Ellison (1978 apud PINHEIRO; TAMAYO, 1984, p. 32) “afirma ter observado que a solidão
envolve sempre uma qualidade central de isolamento, seja ele emocional social ou existencial”.
Nesta pesquisa, a solidão está relacionada ao sentimento de isolamento, afastamento do
convívio com os outros, a falta de comunicação entre os sujeitos envolvidos no processo
educativo, diretamente relacionada ao fato de professores e estudantes não se ouvirem ou
verem, em muitos dos contatos remotos.
Procedimentos Metodológicos
Nessa pesquisa, os participantes foram convidados a responderem questões a respeito
da comunicação e interação nas aulas on-line. A motivação para esses questionamentos foi o
momento de ensino remoto, gerado pela pandemia da COVID-19 nos anos de 2020 e 2021.
Nesse período, os professores brasileiros tiveram que se reinventar e enfrentar diversos desafios
para conseguirem continuar com as aulas não presenciais. Essa é uma pesquisa com abordagem
qualitativa. Isso porque: A pesquisa qualitativa o se preocupa com representatividade
numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma
organização, etc. (SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009, p. 33).
Os professores são de escolas públicas e privadas, atuantes em sua maioria em
municípios da grande Porto Alegre (RS), atuantes tanto nos anos iniciais e finais do ensino
fundamental quanto no ensino médio. Ressalta-se que essa pesquisa não teve a necessidade de
submissão ao comitê de ética, por se tratar de coleta de dados proveniente de atividade de sala
de aula amplamente desenvolvida em disciplinas de programas de pós-graduação Stricto sensu,
na formação de pesquisadores.
Para a realização desta pesquisa foi aplicado um questionário aberto (CHAGAS, 2000),
com cinco questões, para seis professores de Educação Básica, discentes em curso de Pós-
Graduação em Educação em Ciências e Matemática, de uma instituição comunitária, no estado
do Rio Grande do Sul. Segundo Chagas (2000, p. 12), “a ordem na qual as perguntas o
apresentadas pode ser crucial para o sucesso da pesquisa. [...]”. Ele complementa dizendo que
iniciar o questionário com questões abertas ou sobre a opinião do participante, pode deixá-lo
mais à vontade e disposto a colaborar.
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As questões foram as seguintes: a) Que função tem a comunicação e a interação para a
prática docente e para a aprendizagem dos estudantes em Ciências e Matemática em aulas on-
line?; b) Como você vivencia a comunicação e a interação nas suas aulas on-line?; c) Quais as
principais dificuldades em relação à comunicação e a interação em suas aulas on-line em
Ciências e Matemática?; d) Que soluções você propõe para essas dificuldades?; e) Como
exemplo, narre alguma situação da sua experiência como professor(a) ou como aluno(a) que
mostre a relação da comunicação e da interação com os estudantes em Ciências e Matemática
em aulas on-line.
Os participantes desta pesquisa podem ser caracterizados da seguinte forma: três
professores do sexo feminino e três do masculino; idades de 26 a 37 anos, com média de 32
anos; tempo de regência de 3 a 14 anos, com média de 7 anos; carga horária semanal de trabalho
de 20 a 53 horas, com média de 31,5 horas; atuação profissional em Ensino Fundamental I
(dois), Ensino Fundamental II (quatro), Ensino Médio (2) e Curso Normal (um). Dois desses
professores atuam em mais de um nível de ensino ao mesmo tempo. Cinco deles cursaram
graduação em Matemática e um Pedagogia. Esses participantes foram identificados como: P1,
P2, P3, P4, P5 e P6.
A análise dos textos foi feita por meio da Análise Textual Discursiva (ATD) (MORAES;
GALIAZZI, 2016). De acordo com esses autores, os quatro procedimentos essenciais da ATD
são: Unitarização, Categorização, Construção de Metatextos e Comunicação. Ainda de acordo
com Moraes e Galiazzi (2016, p. 33), a ATD [...] não pretende testar hipóteses para comprová-
las ou refutá-las ao final da pesquisa; a intenção é a compreensão, a reconstrução de
conhecimentos existentes sobre os temas investigados. A partir das respostas dadas aos
questionários, foram organizados os 29 textos obtidos para posterior leitura e fragmentação. A
ATD “[...] funda-se na ideia de que escrita e pensamento andam juntos e que se escreve para
pensar” (MORAES; GALIAZZI; RAMOS, 2013, p. 871).
No primeiro movimento dessa ATD, a unitarização, todas as respostas foram lidas e
então fragmentadas em unidades de sentido (US). Cada unidade foi identificada com a letra e
número do participante, seguida do número da unidade, por exemplo: P1.5 Participante 1,
unidade de sentido número 5. A fragmentação resultou em 120 US. Para Moraes e Galiazzi
(2016, p. 71): “Unitarizar um texto é desmembrá-lo, transformando-o em unidades elementares,
correspondendo a elementos discriminantes de sentido, significados importantes para a
finalidade da pesquisa, denominadas de unidades de significado”.
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Em seguida, foi feita a categorização das unidades de sentido. As categorias iniciais
totalizaram 48 e as intermediárias 24. A construção do metatexto é uma fase importante do
processo de ATD. De acordo com Moraes e Galiazzi (2016, p. 229):
A escrita propriamente dita de um texto é encaminhada a partir da
categorização. [...]. Ao mesmo tempo estabelecem-se as interlocuções teóricas
e empíricas com diferentes sujeitos no sentido da construção da validade dos
textos produzidos.
Ainda de acordo com Moraes, Galiazzi e Ramos (2013, p. 873):
O texto final surge a partir de movimentos recursivos de categorização e de
expressão das novas compreensões, sempre em interlocução com teóricos e
com a realidade empírica, visando à obtenção de argumentos válidos e aceitos
em comunidades de especialistas nos temas tratados.
No processo final da ATD está a comunicação, um passo importante no qual os novos
conhecimentos são trazidos à tona através da produção escrita. Essa, segundo Moraes e Galiazzi
(2016), é um processo de, ao mesmo tempo, aprender e comunicar. Para eles, a escrita pode ser
entendida de duas formas, pela face do aprender e pela face da comunicação, sendo nesta
segunda entendida “[...] como exercício de ir expressando as compreensões e aprendizagens
que vão se constituindo”. No próximo item deste artigo, foram destacadas as categorias finais
que emergiram da leitura e unitarização, apresentando as relações das informações encontradas
e os novos conhecimentos constituídos.
Resultados e Discussões
A partir da leitura das unidades de sentido, emergiram três categorias finais: A
importância das interações nas aulas on-line e seus desafios; Estratégias e possibilidades para
superação das dificuldades nas aulas on-line; Percepções e sentimentos envolvidos na
participação nas aulas on-line. O gráfico a seguir mostra o percentual das unidades de sentido
com relação a cada categoria final.
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Gráfico 1 Relação entre as categorias finais e a quantidade de US
Fonte: Organizado pelos autores.
A quantidade de unidades de sentido fragmentadas, a partir das respostas de cada
participante, podem ser vistas no próximo gráfico.
Gráfico 2 Quantidade de US por Participante da pesquisa
Fonte: Organizado pelos autores.
22
17 18
11
24
28
0
5
10
15
20
25
30
P1 P2 P3 P4 P5 P6
Quantidade de US por Participante
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Categoria 1: A importância das interações nas aulas on-line e seus desafios
Para os participantes da pesquisa, a interação e a comunicação nas aulas on-line são
importantes para o desenvolvimento da aprendizagem. Para Laguardia et al. (2010, p.1), “Os
níveis de participação e interação humana são elementos críticos no sucesso das experiências
de aprendizado em ambientes virtuais [...]”. Também para Faria (2004, p. 57), “O que é,
realmente, importante frisar é a interação, a atuação participativa que é necessária em qualquer
tipo de aula com ou sem tecnologia”. Isso aparece em uma resposta de P2: “A comunicação
tem a função de conectar os professores e estudantes, criando uma aula construtiva”. Ainda para
P2: “Esta ligação entre professores e estudantes está diretamente relacionada com a
aprendizagem”. Os participantes expressam, em suas respostas, a preocupação com que os
estudantes e os professores estejam em contato e que essa comunicação precisa ser estimulada
sempre. De acordo com P3: “A comunicação e a interação necessitam ser estimuladas dentro
do ambiente virtual”. Também para P4: “Torna-se fundamental o diálogo entre professores e
alunos, em qualquer modalidade de ensino”.
No processo de ensino e aprendizagem à distância, a comunicação entre
professor e aluno se torna ainda mais primordial, já que é por meio desta que
os professores recebem o feedback da aula e assim podem avaliar como está
sendo o processo de ensino e aprendizado do aluno, o que lhe permite analisar
e posteriormente realizar as mudanças necessárias para garantir que o aluno
realmente esteja aprendendo (FERREIRA, 2020, p. 34).
Mas essa interação passa por vários desafios, que interferem nas relações e na
aprendizagem. Para P1: “Sem comunicação e interação com os estudantes, o ensino no formato
on-line torna-se uma incógnita”. Já para P4: “É uma dificuldade a participação dos alunos, pois
muitos não tem acesso à internet e não conseguem se comunicar”. Também para P2: “A
comunicação professor e estudante, no formato on-line, tem bastante ruídos que atrapalham
uma efetividade nesta comunicação”. Desta forma, eles demonstram que a interação não
acontece por uma rie de fatores técnicos e de desinteresse. Os fatores técnicos envolvidos nas
dificuldades foram a falta de internet e os ruídos oriundos das falas simultâneas, pois nos
aplicativos usados nas aulas on-line o som fica nítido apenas quando uma pessoa fala de cada
vez.
Com relação à internet, nem todos os alunos possuem boas máquinas para acesso ou
rede de internet estável e com boa velocidade. Quanto às questões de falta de interesse, os
alunos demonstram isso no momento que não entregam atividades ou ficam em silêncio durante
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as aulas. Como escrito por P1: “É uma dificuldade o retorno dos estudantes com relação aos
questionamentos propostos nos encontros on-line”. Também para P4: “É uma dificuldade a
baixa participação dos alunos, com poucas atividades feitas e entregues e os atrasos de envio”.
Mesmo com o incentivo dos professores, algumas vezes o retorno dos estudantes não acontece
ou não é duradouro, como descreve P1: “Mas nem sempre as tentativas de fazer os alunos
participarem produzem resultados satisfatórios”. O Participante 2 sintetiza os desafios na
seguinte unidade de sentido, P2: “A principal dificuldade é saber se o estudante realmente está
ali e com os problemas relatados”.
Outro desafio é a diferença de interação nos anos iniciais do Ensino Fundamental e a
partir dos anos finais (Fundamental II e Ensino Médio), como escrito por P5: “Há duas
realidades distintas, onde as dificuldades encontradas são opostas anos iniciais e finais”. Os
participantes apontaram que nos anos iniciais a aula precisa ser planejada para contemplar todas
as falas dos estudantes, como descrito por P5: “É impossível escutar todos os alunos menores
dentro do período de aula e perceber as habilidades que precisam ser desenvolvidas durante as
atividades”. Da mesma forma, P5: “Os alunos menores do ensino fundamental 1 costumam
querer interagir mais”. Já no caso dos anos finais e Ensino Médio, os professores classificam
esses dois grupos da mesma forma quanto a interação, ou seja, esses alunos maiores ficam em
silêncio, com câmeras fechadas e tensionando os professores a aulas expositivas.
Como escreve P2: “Claro que o meu lugar de fala é os anos finais do Ensino
Fundamental, que difere a realidade dos anos inicias”. Também para P4: “É uma dificuldade a
falta de interação nos encontros síncronos, com câmeras desligadas e alguns alunos em
silêncio”. Em complemento a essa falta de interação, o Participante 5 descreve que “Essa falta
de interação faz com que a comunicação fique unilateral, sem acesso à discussão e levantamento
de hipóteses para solidificar o raciocínio” (P5). Nota-se que então os desafios são diferentes
nesses dois grupos de alunos: de um lado, para os alunos menores, as aulas precisam prever um
grande tempo para interações; de outro, para os alunos maiores, as aulas acabam sendo
monólogos em que apenas os professores falam e são vistos.
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Categoria 2: Estratégias e possibilidades para superação das dificuldades nas aulas on-
line
Os participantes da pesquisa apontaram algumas estratégias com o objetivo de superar
as dificuldades encontradas. É possível destacar as ações de incentivo a participação, nas quais
os professores criam momentos descontraídos para fazer com que os estudantes se sintam à
vontade em falar, sendo que isso precisa ser feito com os alunos mais velhos, a partir dos anos
finais. Como disse P5: “A solução proposta para aos alunos do Ensino Fundamental nos anos
finais e Médio é ter uma conversa informal sobre qualquer assunto que atraia o estudante a dar
alguma opinião”. No caso dos anos iniciais, a estratégia precisa ser voltada para um
planejamento maior de tempo para tantas intervenções dos alunos. De acordo com P5: “Com
os discentes dos anos iniciais, a proposta é experienciar um tempo reduzido de aula já prevendo
as possíveis intervenções, com o intuito de maximizar a interação de posicionamentos e
levantamento de hipóteses sobre a aula que está sendo desenvolvida”. Ou seja, as propostas
didáticas dos professores nos anos iniciais não podem tomar muito tempo, pois o espaço para
todos os alunos poderem falar precisa estar destinado.
Nesse sentido, pensar sobre as relações professor-estudante e ensino-
aprendizagem na pandemia ou depois dela, considerando-se a participação
cada vez mais pervasiva das tecnologias digitais na educação, implica em
pensar, como sugere Sibilia (2012, 184-185), em projetos pedagógicos
realmente inovadores, capazes “de concentrar de novo a atenção do conjunto
de alunos na aprendizagem (MÁXIMO, 2021, p. 244).
Também foram destacadas as ações com relação a questões técnicas e recursos
tecnológicos. Por exemplo, o Participante 4 comenta que poderia ser ofertada internet gratuita
aos estudantes. Já para P3: “A utilização dos recursos tecnológicos disponíveis para auxiliar na
organização e dinamização das aulas, é uma solução”. Mas também a linguagem própria da
internet e das redes sociais, como emojis, memes e figurinhas é apontada como uma forma de
aproximar professores e estudantes, tornando as aulas mais atrativas e divertidas. Para P6:
“Estratégias como a utilização de emojis, vídeos comentados durante a exibição, memes, gifs
animados ou áudios com sons familiares aos estudantes, em momentos em que os estudantes
parecem ter se ausentado, tem fomentado reações espontâneas e engajamento momentâneo”.
Nesse sentido, jogos podem ser utilizados também para melhorar as aulas, como
descreve P5: “Compreendo toda dificuldade encontrada e, por isso, os jogos são utilizados para
tornar a aula mais lúdica e dinâmica, permitindo um maior sentimento de acolhimento”. O
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Participante 1 descreve uma atividade em que utilizava a expressão #opencamera para estimular
os estudantes a participarem. Essa forma de escrever, usando o símbolo # antes de uma palavra
ou frase, é bastante comum em algumas redes sociais.
Uma das ações que desenvolvo, em especial com a turma que sou conselheiro,
é a chamada da #opencamera. Criamos essa hashtag para, no momento em que
o Professor, ou um colega lançar no chat, temos todos que abrir a câmera, em
especial quando algum momento de discussão em grupo, ou de
apresentação de atividades (P1).
Também foram apontadas estratégias de cobrança e responsabilização das famílias, para
que elas cobrem dos estudantes a participação e abertura das câmeras, pois, legalmente, as
escolas não podem fazer essa cobrança. De acordo com P2: “A solução seria que as famílias
conseguissem exigir dos estudantes que mantivessem as câmeras abertas”. Para P4: “Uma
solução é o incentivo, motivação e cobrança para os alunos fazerem as tarefas escolares”. Dessa
forma, apontam que a responsabilidade pelas cobranças não deveria ficar apenas a cargo da
escola e dos docentes.
Em sua pesquisa, Souza, Petroni e Andrada (2013) relatam os sentimentos dos
professores pesquisados quanto à profissão. Ao relacionar o sentimento de solidão, os
professores destacam o quanto precisam buscar soluções para os problemas, muitas vezes sem
apoio.
Ao mesmo tempo em que dizem gostar da profissão e da relação com os
alunos, os professores destacam que se sentem desamparados, sem apoio
pedagógico ou afetivo para a resolução de problemas que enfrentam, o que,
muitas vezes, gera outros sentimentos, como perdição, frustração e impotência
(SOUZA; PETRONI; ANDRADA, 2013, p. 530).
Os professores participantes da pesquisa, apesar de apontarem algumas soluções para
os desafios frente a interação nas aulas on-line, também reforçaram que não é fácil reduzir as
dificuldades e superar os desafios, pois a falta de interação tem diferentes explicações. Mas
reforçam, como P6, que é necessário ter paciência, ou como P4, que “Uma solução é maior
conscientização dos alunos da importância de interagir com os professores durante as aulas
síncronas”. De acordo com P1: “Assim, vou seguindo nas tentativas de maior presença e
participação efetiva, com imagem, áudio e estudos ocorrendo”. Então os professores seguem
dedicados a buscarem novas soluções para os desafios que surgiram.
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Categoria 3: Percepções e sentimentos envolvidos na participação nas aulas on-line
Um aspecto de grande relevância identificado nos relatos dos participantes da pesquisa
foi o das emoções associadas ao processo de aulas online. É possível distinguir essas emoções
entre aquelas manifestadas pela perspectiva dos professores em relação aos estudantes e aquelas
experimentadas pelos próprios docentes.
Os participantes relataram que os estudantes se sentem envergonhados pela exposição
perante os colegas (áudio ou vídeo), assim como da presença próxima de familiares, barulhos
na casa ou a aparência de suas residências. Como descreve P1: “Por vezes, os estudantes o
desejam participar/interagir nos encontros, devido a fatores externos, como presença de
familiares, ou de barulhos no entorno”. Da mesma forma, segundo P1:
Creio que a falta de comunicação e interações, por parte dos estudantes, esteja
bem relacionado com a questão da imagem, da estética (por exemplo, de não
estar “bem-arrumado” para o encontro, ou de não ter organizado o espaço em
que está para ser apresentado na tela) (P1).
Alguns relatos apontam que existem emoções internas, dos estudantes, afetando a
interação, como para P2: “Mais do que nunca, os estudantes se escondem atrás de suas câmeras
fechadas e preferem não participar”. Para que um processo educativo seja efetivo é necessário
que algo mais permeie essa relação aluno-professor e a afetividade, por meio uma relação mais
estreita entre o estudante e professor pode ajudar (DE PAULA; FARIA, 2010). Mas,
novamente, a diferença entre os estudantes dos anos iniciais e os maiores pode trazer uma
questão à tona, pois ao passo que os menores querem falar e serem ouvidos, assim como no
geral abrem as câmeras, os mais velhos, adolescentes, se escondem com as câmeras desligadas.
No caso dos anos iniciais, para P3: “Durante o período remoto as crianças estão sedentas de
interação com o outro, com os seus pares (amigos, colegas da mesma faixa etária)”.
A partir disso, podemos criar hipóteses, que mereceriam investigação, sobre o motivo
desta necessidade das crianças de interação nas aulas on-line. Afinal, comparando com os
adolescentes, a interação reduz ao longo dos anos escolares? Ou seria a adolescência a
responsável pela insegurança dos alunos maiores? Ainda para os anos iniciais, o Participante 3
destaca que estar em casa aumenta a dispersão e que os estudantes ficam frustrados em terem
que esperar a sua vez para falar. o Participante 5 relata, com relação aos estudantes mais
velhos, que: “A timidez e medo de errar freiam o estímulo responsivo dos alunos veteranos”
(P5). É necessário notar que os alunos adolescentes demonstram conflitos internos, sobre
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insegurança e timidez, e que o fato de se esconderem atrás das câmeras pode ser um indício de
fragilidade e sofrimento.
[...] entende-se a criação de vínculos como fundamental para a permanência
dos alunos na modalidade de ensino a distância, dado que a afetividade, aliada
às ferramentas tecnológicas, pode possibilitar uma sensação de pertencimento
e contribuir para motivação do aprendiz; fator inerente a todo processo
educacional (CARVALHO; LIMA, 2015, p. 201).
Torna-se importante destacar que “[...] a afetividade é central na construção do
conhecimento e da pessoa” (GRATIOT-ALFANDÉRY, 2010, p. 37). Os relatos trazem
informações nesse sentido, reforçando que os sentimentos passam pelas relações de
aprendizagem. Para Lima (2020, p. 19) “A afetividade está presente na escola, na sala de aula,
na relação professor aluno, ou seja, em todas as dimensões da vida das pessoas”.
Os professores, por sua vez, relatam os seus sentimentos demonstrando que se sentem
sozinhos pela falta de interação dos estudantes. Para Ferreira (2020, p. 24) “O professor ao
longo da prática docente, vivencia inúmeros sentimentos, decorrentes da complexidade da
profissão”. Nos relatos, a solidão aparece para os professores com regência nos anos finais do
Ensino Fundamental ou no Ensino Médio. Um relato do Participante 4 ilustra bem esse
sentimento:
Um dia tive aula síncrona com uma turma de ano. Apenas 8 alunos entraram
nesta aula online. Mesmo conversando e solicitando, nenhum aluno abriu a
câmera. A aula era expositiva. Em vários momentos questionei se havia
dúvidas, mas infelizmente no máximo recebia a resposta não no chat.
Terminei a explicação do conteúdo e abri espaço para dúvidas e conversa. Um
silêncio constrangedor tomou conta da sala online. Depois de alguns minutos
de perguntas e tentativas de diálogo sem sucesso, acabei desistindo e
encerrando a aula antes do que eu gostaria. Não sou capaz de explicar o
tamanho da minha frustração, mas sai desta aula bem triste e me sentindo
muito sozinha (P4).
Da mesma forma, o Participante 5, escreve que comenta com os estudantes sobre a
saudade que sente e “Com essa fala (saudade), alguns alunos se solidarizam em ligar a câmera,
responder pelo microfone e até mesmo via chat”. A solidão também fica clara em P6: “Durante
quase a totalidade de meus encontros síncronos, por videoconferência, as aulas aconteceram
por meio de conversas com imagens de avatares ou miniaturas de retratos dos estudantes”.
Ainda para P2: “De modo geral, as turmas mantêm a maioria das câmeras fechadas e os
professores acabam ficando sozinhos”. Nota-se nessas unidades de sentido, que o sentimento
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dos professores é o mesmo: isolamento e solidão. Ao não abrirem as câmeras, os alunos
colocam seus professores em uma situação desconfortável de dar aula para miniaturas de fotos,
letras ou avatares, sem contato com olhares e expressões humanas.
Contudo, na medida em que a “quarentena” se estendia e as previsões de
retomada das aulas presenciais se tornavam mais incertas, esse clima de
relativa euforia foi dando lugar ao esgotamento e à insatisfação diante de uma
situação que rapidamente mostrava não ser apenas contingencial. As câmeras
foram sendo desligadas, os professores passaram a dar aulas com um mínimo
de interação com os alunos e, paralelamente, multiplicavam-se pelas redes
sociais posts, tuítes e memes sobre a “tragédiado ensino remoto (MÁXIMO,
2021, p. 237).
Outro ponto angustiante para os professores, por causa das câmeras fechadas, é não
saber o que os estudantes estão fazendo naquele momento. Como eles estão em casa, com
acesso à internet e muitas vezes sem o acompanhamento direto de um familiar, os participantes
relatam que não é possível saber se os estudantes estão de fato prestando atenção nas aulas, ou
fazendo atividades paralelas. De acordo com P6: “E a moderação do uso dos dispositivos com
acesso à internet fica sob a orientação de cada estudante, propiciando atividades on-line
paralelas”. Ainda para P6: “Como exemplo de atividade paralela, pode-se apontar a prática
comum de conversas entre os estudantes, tanto do EM como do EF, durante a aula on-line, por
meio de chats em grupos privados, em que a participação do professor não é solicitada”. Um
relato, do Participante 2, também demonstra esse desconforto por não saber o que os estudantes
estavam fazendo:
Em uma sexta-feira as 17h30 faltando 25 minutos para a aula acabar os
estudantes tiveram 15 minutos para realizar as atividades e corrigimos nos 10
minutos finais. Durante a realização fui chamando os estudantes, porém cerca
de 15% da turma respondeu. No momento de corrigir fui chamando os
estudantes e ninguém respondia, então refiz a chamada e apenas dois
estudantes responderam, o restante não abriu os microfones ou até mesmo
abriu e falou que não sabia que deveria fazer (P2).
Na pesquisa de Grandisoli et al. (2020, p. 12), foi apontado que a insegurança dos
professores, quanto a mudança da educação para um modelo mediado pelo uso de tecnologia,
representou a maioria dos participantes (50,8%). Na mesma pesquisa, ao questionar os
sentimentos dos professores quanto a educação mediada por tecnologias, a maioria (62%)
apresentou sentimentos positivos, como desafio e aprendizado. Isso demonstra que apesar da
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insegurança e das dificuldades, os professores continuam tentando fazer o seu trabalho e
encarando esse novo momento com perseverança.
Os professores buscam demonstrar aos estudantes a importância da interação, de serem
vistos e ouvidos, mas como escreveu o P1, respeitando o momento de cada um dos sujeitos.
Para Máximo (2021, p. 237), “Ligar as câmeras, como metáfora do “estar junto” participando
das aulas, era uma necessidade para professores, mas não necessariamente dos estudantes”.
Ainda de acordo com P1: “Além de sensibilizar os estudantes sobre, da mesma forma que é
importante que eles nos vejam e nos ouçam, também é importante para os professores vê-los e
ouvi-los”.
Para os professores, a falta de interação com os estudantes fragiliza, desmotiva e gera
solidão. Além disso, essas questões modificam a forma como as aulas são conduzidas. Para P6:
“A falta de interação visual em conjunto com questionamentos sem respostas ou com respostas
monossilábicas que tencionam a aula on-line a quase tornar-se um monólogo, são dificuldades
recorrentes em minhas aulas on-line”. Os docentes demonstram, portanto, que o silêncio dos
estudantes direciona a prática pedagógica à aula expositiva, onde apenas o professor fala.
Os participantes da pesquisa reforçaram, então, que alguns sentimentos e emoções estão
envolvidos nas aulas on-line. No caso dos anos iniciais, os sentimentos estão mais ligados com
a preocupação relativa ao tempo para ouvir as contribuições de todos os estudantes. Por isso,
podemos perceber que os professores sentem o afeto dos estudantes nessas aulas, que eles
falam e aparecem. Para P3: “A interação acontece de forma efetiva e afetiva, mesmo que
distantes fisicamente, nos anos iniciais”. No geral, os professores relatam que a presença dos
estudantes é importante para eles. De acordo com P4: “Na verdade, é maravilhoso receber
retorno dos alunos e ter a presença deles nos momentos síncronos”. Fica evidente, portanto, a
necessidade para os docentes da presença e participação dos estudantes nas aulas on-line.
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Considerações finais
Este artigo apresentou uma pesquisa desenvolvida com docentes, com experiência na
educação básica, que responderam um questionário sobre as dificuldades, desafios e estratégias
de superação deles, com relação às aulas on-line. As 29 respostas obtidas foram lidas e
fragmentadas, de acordo com a metodologia de Análise Textual Discursiva (ATD), apresentada
por Moraes e Galiazzi (2016) e detalhada, anteriormente, nos Procedimentos Metodológicos.
A unitarização do corpus obtido resultou em 120 unidades de sentido, que após a categorização,
resultaram em três categorias emergentes, nomeadas como: A importância das interações nas
aulas on-line e seus desafios; Estratégias e possibilidades para superação das dificuldades nas
aulas on-line; Percepções e sentimentos envolvidos na participação nas aulas on-line.
O problema a ser respondido com esta pesquisa foi: de que modo superar a solidão
docente nas aulas on-line na percepção de professores. A análise feita a partir das categorias
finais, trouxe informações importantes para a resolução desse problema.
Na categoria 1 - As unidades de significado que enfatizam a importância das interações
nas aulas on-line e os desafios associados foram identificadas nos relatos dos professores
participantes da pesquisa. Estes destacaram a relevância da interação para estabelecer uma
conexão eficaz entre docentes e discentes. Além disso, apontaram que para a aprendizagem ser
satisfatória devem existir trocas entre os sujeitos. No caso dos desafios, apontaram questões
técnicas, como falta de internet e equipamentos, e também o desinteresse de alunos,
demonstrado pela falta de entrega de atividades e silêncio mesmo quando chamados nas aulas.
Na categoria 2 - Estratégias e possibilidades para superação das dificuldades nas aulas
on-line, foram apontadas algumas ideias dos professores para superar os desafios, como criar
momentos descontraídos para gerar interação, utilização de jogos e linguagem de internet, com
memes, gifs ou emojis. Também foi destacado que existe uma grande diferença entre os
estudantes dos anos iniciais e os dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Os
alunos dos anos iniciais participam muito das aulas e, por isso, os professores precisam incluir
em seus planejamentos um tempo maior para conversas e trocas. No caso dos alunos dos anos
finais em diante, a interação não acontece, as câmeras permanecem desligadas, fazendo com
que os professores busquem insistentemente estratégias para sensibilizar os alunos, tornando as
aulas mais lúdicas, atrativas e descontraídas.
Na categoria 3 - Percepções e sentimentos envolvidos na participação nas aulas on-line,
foi possível destacar a visão dos professores sobre os alunos e os próprios sentimentos dos
docentes. No caso dos estudantes, surgiram ideias sobre timidez, insegurança e frustração. Com
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relação aos professores, alguns relatos dos participantes da pesquisa deixaram evidente a
solidão deles frente às câmeras desligadas e a falta de interação. Mesmo que, nos anos iniciais,
os alunos interajam e sejam afetivos, a mudança de comportamento quando pensamos nos
adolescentes, faz algumas questões virem à tona, pois seria interessante aprofundar a pesquisa
para compreender o que muda na passagem dos anos, fazendo com que os estudantes se
silenciem e se escondam. Afinal, não estariam os estudantes adolescentes também solitários e
inseguros?
Podemos concluir que os professores buscaram por soluções para os problemas que
surgiram nas aulas on-line. O distanciamento social, necessário por causa da pandemia, gerou
mudanças que possivelmente terão que ser acompanhadas nos próximos anos. As aulas
mediadas por computador modificaram a dinâmica das aulas presenciais o contato físico, a
comunicação não verbal, a conversa simultânea e coletiva, normais em sala de aula. Isso gerou
impactos tanto para alunos quanto para professores. Conforme as aulas retornem ao estado
anterior a pandemia, poderemos apontar novos estudos para acompanhar o que esse período
remoto deixou de legado, na mudança das relações, em mudanças metodológicas e pedagógicas.
Nesse momento, podemos apontar que os desafios das aulas on-line foram grandes e que o
passar do tempo poderá apontar os legados positivos que as aprendizagens e adaptações
deixaram.
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Susana Seidel DEMARTINI; Marcelo AMARAL-ROSA e Elisabete CERUTTI
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Agradeço ao saudoso professor Dr. Maurivan Güntzel Ramos (in
memorian) pela inspiração a essa pesquisa e por seus ensinamentos quando à Análise
Textual Discursiva.
Financiamento: Não.
Conflitos de interesse: Não.
Aprovação ética: O trabalho respeitou a ética durante a pesquisa, porém, não houve a
necessidade de passar por comitê de ética.
Disponibilidade de dados e material: Os dados e materiais utilizados no trabalho estão
arquivados pelos autores e caso solicitados serão enviados.
Contribuições dos autores: Susana Demartini: criação e aplicação do questionário com os
participantes da pesquisa; análise das respostas; leitura do referencial e escrita do artigo;
Marcelo Prado Amaral Rosa: revisão geral, análise do método e contribuições na escrita;
Elisabete Cerutti: contribuições teóricas e revisão geral.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023023, 2023. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.9532 1
TEACHER LONELINESS IN ONLINE BASIC EDUCATION: TEACHERS'
PERCEPTIONS OF CHALLENGES AND OVERCOMING
A SOLIDÃO DOCENTE NA EDUCAÇÃO BÁSICA ON-LINE: PERCEPÇÕES DE
PROFESSORES ACERCA DOS DESAFIOS E SUPERAÇÕES
SOLEDAD DOCENTE EN LA EDUCACIÓN BÁSICA EN LÍNEA: PERCEPCIONES DE
DOCENTES SOBRE DESAFÍOS Y SUPERACIÓN
Susana Seidel DEMARTINI1
e-mail: susana.seidel@edu.pucrs.br
Marcelo AMARAL-ROSA2
e-mail:marcelo.pradorosa@gmail.com
Elisabete CERUTTI3
e-mail: beticerutti@uri.edu.br
How to reference this paper:
DEMARTINI, S. D.; AMARAL-ROSA, M.; CERUTTI, E. Teacher
loneliness in online Basic Education: Teachers' perceptions of
challenges and overcoming. Nuances: Estudos sobre Educação,
Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023023, 2023. e-ISSN: 2236-
0441. DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.9532
| Submitted: 31/08/2022
| Revisions required: 11/10/2023
| Approved: 21/11/2023
| Published: 30/12/2023
Editors:
Prof. Dr. Rosiane de Fátima Ponce
Prof. Dr. Paulo César de Almeida Raboni
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Pontifical Catholic University of Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre RS Brazil. Doctoral student in Education at
PUCRS. Mathematics teacher in the municipal school system of São Leopoldo (RS).
2
Federal University of Rio Grande do Norte (UFRN), Natal - RN - Brazil. Bachelor's degree in Chemistry Education from
URIFW. Master's degree in Education from UCS. Doctoral degree in Science Education from UFRGS. Visiting Professor in
the Graduate Program in Science and Mathematics Education.
3
Integrated Regional University of Alto Uruguai and Missions (URIFW), Frederico Westphalen Campus - RS - Brazil.
Doctoral degree in Education from the Pontifical Catholic University of Rio Grande do Sul. Member of the Campus Council
and University Council of the Integrated Regional University of Alto Uruguai and Missions. Leader of the Education and
Technologies Research Group (GPET/URI).
Teacher loneliness in online Basic Education: Teachers' perceptions of challenges and overcoming
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023023, 2023. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.9532 2
ABSTRACT: The focus of this article is on the perceptions of Basic Education teachers
regarding teacher loneliness in online classes under the emergency remote model, which
occurred during the COVID-19 pandemic. The objective was to understand teacher loneliness
in online classes, with a view to identifying the main challenges and possible overcomings
encountered by teachers. For this, the research used a qualitative approach, with the application
of an open questionnaire. The participants were six Basic Education teachers, initial, final, and
secondary education, from public and private schools. The analysis was carried out using
Discursive Textual Analysis. As a result, three final categories emerged, through which it was
possible to understand the difficulties faced by teachers during online classes, their strategies
to overcome them, and the feelings involved in this process.
KEYWORDS: Teacher Loneliness. Basic education. Online Classes.
RESUMO: O foco deste artigo recai sobre as percepções de professores da Educação Básica
a respeito da solidão docente nas aulas on-line do modelo remoto emergencial, que ocorreu
durante a pandemia da COVID-19. O objetivo foi compreender a solidão docente nas aulas
on-line, com vista a identificar os principais desafios e possíveis superações encontrados pelos
professores. Para isso, a pesquisa teve abordagem qualitativa com a aplicação de um
questionário aberto. Os participantes foram seis professores da Educação Básica, anos
iniciais, finais e nível médio, da rede pública e privada. A análise foi realizada por meio da
Análise Textual Discursiva. Os resultados emergiram em três categorias finais, por meio das
quais foi possível compreender as dificuldades enfrentadas pelos docentes durante as aulas on-
line, suas estratégias para superá-las e os sentimentos envolvidos nesse processo.
PALAVRAS-CHAVE: Solidão Docente. Educação Básica. Aulas On-line.
RESUMEN: El foco de este artículo está en las percepciones de los docentes de Educación
Básica respecto a la soledad docente en las clases en línea bajo el modelo remoto de
emergencia, ocurrido durante la pandemia de COVID-19. El objetivo fue comprender la
soledad docente en las clases en línea, con miras a identificar los principales desafíos y
posibles superaciones encontradas por los docentes. Para ello la investigación tuvo un enfoque
cualitativo con la aplicación de un cuestionario abierto. Los participantes fueron seis docentes
de Educación Básica, educación inicial, final y secundaria, de colegios públicos y privados. El
análisis se reali mediante Análisis Textual Discursivo. Como resultados surgieron tres
categorías finales, a través de las cuales fue posible comprender las dificultades que enfrentan
los docentes durante las clases en línea, sus estrategias para superarlas y los sentimientos
involucrados en este proceso.
PALABRAS CLAVE: Maestra Soledad. Educación básica. Clases en línea.
Susana Seidel DEMARTINI; Marcelo AMARAL-ROSA and Elisabete CERUTTI
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023023, 2023. e-ISSN: 2236-0441
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Introduction
In the years 2020 and 2021, all nations had to face a very challenging pandemic,
COVID-19 (Coronavirus Disease). Social isolation, necessary to combat the disease, changed
personal, professional, and school configurations and relationships. According to Silva, Neto,
and Santos (2020, p. 31, our translation):
With the emergence of this pandemic worldwide, the return to what we
considered normal life is much further away. Social relations have been
modified, and a new social conduct has emerged, altering behaviors, forms of
learning, and interpersonal relationships, and consequently, this has been
reflected in teaching strategies.
Regarding changes in education, educational institutions throughout Brazil needed to
reorganize, as face-to-face classes would no longer be possible for an indefinite period, as stated
by Silva, Neto, and Santos (2020, p. 36, our translation): "With the spread of the virus,
politicians and managers had to take emergency measures such as suspending face-to-face
classes." The Federal Government authorized non-face-to-face teaching in Basic Education
with Law No. 14,040, of August 18, 2020, during the duration of the state of public calamity
due to the pandemic.
Article 6 states: "The return to regular school activities will observe the guidelines of
the health authorities and the rules established by the respective education system" (BRASIL,
2020a). The National Council of Education (CNE) issued national guidelines for the
implementation of this law through Opinion CNE/CP No. 19/2020, of December 8, 2020. In
Article 14, of Section V, it states:
For non-face-to-face pedagogical activities in Basic Education, it is
understood as the set of activities carried out with technological mediation or
by other means, in order to ensure essential school attendance during the
period of restrictions on students' physical presence in the educational unit
(BRASIL, 2020b, p. 10, our translation).
Thus, new nomenclatures and modalities of teaching in basic education emerged, such
as emergency remote teaching, bimodal teaching, and online classes, among other names.
Although distance education is not something new, as it has existed for years through printed
correspondence, television, and radio, according to Tori (2010, p. 4), the use of technologies
has brought an innovative character to this modality. In any case, meetings between teachers
Teacher loneliness in online Basic Education: Teachers' perceptions of challenges and overcoming
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and students started to take place remotely through applications/software used for online
meetings. In the first year of the pandemic, educational networks sought ways to adapt to the
new reality, each in its way and pace.
Indeed, the suspension of face-to-face teaching activities worldwide has led
to the necessity for teachers and students to migrate to the online reality,
transferring and transposing methodologies and pedagogical practices typical
of physical learning territories, in what has been designated as emergency
remote teaching (MOREIRA; HENRIQUES; BARROS, 2020, p. 352, our
translation).
With the emergence of a new panorama in education, triggered by the pandemic, various
challenges have arisen that were not previously faced, such as the closure of school activities
and the urgent need to provide students and teachers with appropriate resources, as well as
access to the internet. According to Silva, Neto, and Santos (2020, p. 40, our translation): [...]
it is observed that there are many challenges faced by schools in this pandemic scenario, such
as the lack of training and information for teachers, students, and families about the use of ICTs
as knowledge mediation." Therefore, it was necessary to find means for remote classes to take
place, obtaining equipment, internet access, and training for the use of resources. There were
many difficulties, but the persistence in ensuring education continued was remarkable.
Given this scenario, the guiding question to be investigated arose: How do teachers in
Basic Education perceive teacher loneliness in online classes? Thus, the fundamental objective
was to understand teacher loneliness in basic education, in online classes, identifying challenges
and overcoming them. For this purpose, some key concepts of this theme are presented in the
following section.
Theoretical Framework of the Investigation
Initially, it is necessary to define and determine the difference between synchronous and
asynchronous encounters, which are different categories of online activities. According to
Lencastre and Araújo (2008, p. 4, our translation) there are two categories of online learning:
"[...] synchronous events that occur for all students simultaneously [...]. Asynchronous learning
occurs at different times for each student, according to each one's time and need." In this work,
online classes refer to synchronous moments of teaching, that is, moments when students and
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teachers are connected at the same time, with online education being that which occurs through
electronic means (LENCASTRE; ARAÚJO, 2008, p. 2).
Communication is understood as a process of exchanging information among
individuals, which is essential for learning. Communication can be verbal, spoken, written, or
non-verbal (gestural), and a significant part of human communication is understood and
interpreted through gestures (LEONARD, 2020, [s.p]). According to D'Ambrósio (2007, p. 24,
our translation): "The process of generating knowledge as action is enriched by the exchange
with others immersed in the same process, through what we call communication [...]."
Similarly, for Lévy (1999, [s.p.], our translation): "To communicate is by no means to transmit
a message or receive a message. That is the physical condition of communication. It is true that
to communicate, one must send messages, but sending messages is not communicating.
Communicating is sharing meaning."
Interaction is a fundamental movement in learning, according to Moran, Masetto, and
Behrens (2013, p. 28, our translation): "We learn when we interact with others and the world
and then, when we internalize, when we turn inward, making our synthesis, our reunion of the
external world with our personal re-elaboration."
In the process of physical distancing provoked by the pandemic, the contact between
students and teachers had to occur entirely remotely. This change happened abruptly,
unexpectedly, and without preparation. Education is a human process in which feelings and
emotions are involved (SANTOS, 2007, p. 174). According to Valente (2003, p. 140, our
translation), it is crucial to understand the role of the teacher in distance education as:
In this educational modality, the educator's intervention becomes even more
important, as interaction is mediated by technology, and there are no gestures,
eye contact, or elements used in face-to-face situations that the learner can use
to compensate for certain communication deficiencies. In distance education,
the quality of interaction between teacher and student and among students is
fundamental and determines which pedagogical approach is being used.
From the teachers' perspective, the teaching process without direct and in-person contact
with students generated considerable strangeness. This phenomenon was not limited to courses
in which remote teaching was already established but extended to all levels of education.
Teachers who had never experienced distance learning now found themselves in front of
computer screens and mobile devices.
Teacher loneliness in online Basic Education: Teachers' perceptions of challenges and overcoming
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023023, 2023. e-ISSN: 2236-0441
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[...] The challenge was not only for the teachers to reinvent themselves to
produce content, deliver online classes, and organize assessments of students'
activities in situations of social isolation, psychological pressure, and family
responsibilities at home. The student, in the same situation of social isolation,
also encountered difficulties with internet access, quality equipment to access,
study space, adaptation to online classes, and excessive amounts of activities
to complete (ALVES; FARIA, 2020, p. 5, our translation).
And this technology brought yet another challenging novelty: in the meeting apps used
in classes, students could turn off their cameras and remain silent, thus impairing the non-verbal
communication that is essential for interaction (KUBRUSLY et al., 2021, p. 6). So, teachers
accustomed to classes full of "curious faces" and lots of conversations suddenly found
themselves in silent virtual rooms with thumbnails of photos, avatars, or just initials of names.
According to Alves and Faria (2020), this happens because web conference meetings
have started to be used for the development of expositional classes, which are sometimes
lengthy, and thus, students end up getting distracted or not staying attentive all the time.
Furthermore, for the aforementioned authors (2020, p. 7, our translation):
With this, we have, on one hand, the teacher who strives exhaustively to
deliver the class in a cold and silent environment. On the other hand, the
students who, most of the time, are just marking their attendance in the classes,
with their cameras and microphones turned off. This form of class makes both
teacher and student feel demotivated by the results.
This distancing between teachers and students has led to the emergence of new feelings
and anxieties not previously experienced. Among them, one can highlight the loneliness of
teachers for not being in direct contact with their students. The word "loneliness" is defined by
Abbagnano (2007, p. 918, our translation) as:
Isolation or search for better communication. In the first sense, loneliness is
the situation of the sage, who traditionally is self-sufficient and therefore
isolates himself in his perfection (see SÁBIO). Apart from this ideal, isolation
is a pathological fact: it is the impossibility of communication associated with
all forms of madness. In the proper sense, however, loneliness is not isolation,
but a search for different and superior forms of communication: 'It does not
dispense with ties to the environment and daily life, except in view of other
ties with men of the past and future, with whom it is possible to have a new or
more fruitful form of communication. The fact that loneliness dispenses with
these ties is an attempt to free oneself from them and become available for
other social relations.
Susana Seidel DEMARTINI; Marcelo AMARAL-ROSA and Elisabete CERUTTI
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This technology brought yet another challenging novelty: The feeling of loneliness is
subjective and can be defined in different ways. The author Ellison (1978 apud PINHEIRO;
TAMAYO, 1984, p. 32, our translation) "claims to have observed that loneliness always
involves a central quality of isolation, whether it be emotional, social, or existential." In this
research, loneliness is related to the feeling of isolation, distancing from interaction with others,
and the lack of communication among the individuals involved in the educational process,
directly related to the fact that teachers and students cannot hear or see each other in many of
the remote contacts.
Methodological Procedures
In this research, participants were invited to answer questions regarding online class
communication and interaction. The motivation for these inquiries was the period of remote
teaching, generated by the COVID-19 pandemic in the years 2020 and 2021. During this period,
Brazilian teachers had to reinvent themselves and face various challenges to continue with non-
face-to-face classes. This is a qualitative research. This is because: "Qualitative research does
not concern itself with numerical representativeness, but rather with deepening the
understanding of a social group, an organization, etc." (SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009, p. 33,
our translation).
The teachers come from public and private schools, mostly in municipalities around
Greater Porto Alegre (RS), working both in the early and final years of elementary school and
in high school. It is worth noting that this research did not require submission to the ethics
committee, as it involved data collection from classroom activities widely developed in
disciplines of postgraduate programs Stricto sensu, in the training of researchers.
This technology brought yet another challenging novelty: To conduct this research, an
open questionnaire (CHAGAS, 2000) with five questions was administered to six teachers of
Basic Education, students in a Postgraduate Course in Science and Mathematics Education from
a community institution in the state of Rio Grande do Sul. According to Chagas (2000, p. 12,
our translation), "the order in which the questions are presented can be crucial to the success of
the research. [...]". He adds that starting the questionnaire with open-ended questions or asking
about the participants' opinions can make them feel more comfortable and willing to
collaborate.
Teacher loneliness in online Basic Education: Teachers' perceptions of challenges and overcoming
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023023, 2023. e-ISSN: 2236-0441
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The questions were as follows: a) What role does communication and interaction play
in teaching practice and student learning in Science and Mathematics in online classes?; b) How
do you experience communication and interaction in your online classes?; c) What are the main
difficulties regarding communication and interaction in your online Science and Mathematics
classes?; d) What solutions do you propose for these difficulties?; e) For example, narrate a
situation from your experience as a teacher or student that demonstrates the relationship
between communication and interaction with students in Science and Mathematics in online
classes.
The participants in this research can be characterized as follows: three female and three
male teachers; ages ranging from 26 to 37 years, with an average of 32 years; teaching
experience ranging from 3 to 14 years, with an average of 7 years; weekly workload ranging
from 20 to 53 hours, with an average of 31.5 hours; professional activity in Elementary School
I (two), Elementary School II (four), High School (2), and Normal Course (one). Two of these
teachers work in more than one level of education simultaneously. Five of them graduated in
Mathematics, and one in Pedagogy. These participants were identified as: P1, P2, P3, P4, P5,
and P6.
This technology brought yet another challenging novelty: The analysis of the texts was
conducted through Discursive Textual Analysis (DTA) (MORAES; GALIAZZI, 2016).
According to these authors, the four essential procedures of DTA are: Unitarization,
Categorization, Construction of Metatexts, and Communication. Still, according to Moraes and
Galiazzi (2016, p. 33, our translation), DTA "[...] does not aim to test hypotheses to prove or
refute them at the end of the research; the intention is understanding, the reconstruction of
existing knowledge about the investigated themes." Based on the responses to the
questionnaires, the 29 texts obtained were organized for subsequent reading and fragmentation.
DTA "[...] is based on the idea that writing and thinking go hand in hand and that one writes to
think" (MORAES; GALIAZZI; RAMOS, 2013, p. 871, our translation).
In the first movement of this DTA, unitarization, all responses were read and then
fragmented into units of meaning (UM). Each unit was identified with the participant's letter
and number, followed by the unit number, for example: P1.5 - Participant 1, unit of meaning
number 5. The fragmentation resulted in 120 UMs. According to Moraes and Galiazzi (2016,
p. 71, our translation): "Unitarizing a text is to break it down, transforming it into elementary
units, corresponding to discriminating elements of meaning, significant for the purpose of the
research, called units of meaning."
Susana Seidel DEMARTINI; Marcelo AMARAL-ROSA and Elisabete CERUTTI
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023023, 2023. e-ISSN: 2236-0441
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Next, the categorization of the units of meaning was carried out. The initial categories
totaled 48, and the intermediate ones 24. The construction of the metatext is an important phase
of the DTA process. According to Moraes and Galiazzi (2016, p. 229, our translation):
The actual writing of a text is guided by categorization. [...] At the same time,
theoretical and empirical interlocutions are established with different subjects
in order to construct the validity of the texts produced.
Furthermore, according to Moraes, Galiazzi, and Ramos (2013, p. 873, our translation):
The final text emerges from recursive movements of categorization and
expression of new understandings, always in dialogue with theorists and
empirical reality, aiming to obtain valid arguments accepted by communities
of experts in the treated themes.
The final stage of DTA is communication, an important step in which new knowledge
is brought to light through written production. This, according to Moraes and Galiazzi (2016,
our translation), is a process of both learning and communicating. For them, writing can be
understood in two ways: through the learning aspect and the communication aspect, with the
latter being understood "[...] as an exercise in expressing the understandings and learnings that
are being constituted." In the next section of this article, the final categories that emerged from
the reading and unitarization are highlighted, presenting the relationships between the
information found and the new knowledge constituted.
Results and Discussions
Three final categories emerged from the reading of the units of meaning: the importance
of interactions in online classes and their challenges; strategies and possibilities for overcoming
difficulties in online classes; and perceptions and feelings involved in participating in online
classes. The following graph shows the percentage of the units of meaning in relation to each
final category.
Teacher loneliness in online Basic Education: Teachers' perceptions of challenges and overcoming
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Graph 1 Relationship between the final categories and the quantity of UM
4
Source: Organized by the authors.
The quantity of units of meaning fragmented, based on the responses of each participant,
can be seen in the following graph.
Graph 2 Quantity of UM per Research Participant
Source: Organized by the authors.
4
Translation of the graph: Title - Final Category x Quantity of UM; Blue color: Category 1; Orange color:
Category 2; Gray color: Category 3.
22
17 18
11
24
28
0
5
10
15
20
25
30
P1 P2 P3 P4 P5 P6
Amount of UM per Participant
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Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023023, 2023. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.9532 11
Category 1: The importance of interactions in online classes and their challenges
This technology brought yet another challenging novelty: For the research participants,
interaction and communication in online classes are important for learning development.
According to Laguardia et al. (2010, p.1, our translation), "Levels of participation and human
interaction are critical elements in the success of learning experiences in virtual environments."
Also, according to Faria (2004, p. 57, our translation), "What is really important to emphasize
is interaction, participative engagement that is necessary in any type of class, with or without
technology." This is evident in a response from P2: "Communication serves to connect teachers
and students, creating a constructive class." Furthermore, according to P2: "This connection
between teachers and students is directly related to learning." Participants express, in their
responses, concern that students and teachers stay in touch, and that this communication needs
to be consistently encouraged. According to P3: "Communication and interaction need to be
stimulated within the virtual environment." Also, according to P4: "Dialogue between teachers
and students becomes fundamental, in any teaching modality."
In the process of distance teaching and learning, communication between
teacher and student becomes even more essential, as it is through this that
teachers receive feedback from the class and can thus assess how the student's
teaching and learning process is progressing, allowing them to analyze and
subsequently make the necessary changes to ensure that the student is truly
learning (FERREIRA, 2020, p. 34, our translation).
However, this interaction faces several challenges that interfere with relationships and
learning. For P1: "Without communication and interaction with students, online teaching
becomes an unknown." For P4: "It is difficult for students to participate, as many do not have
internet access and cannot communicate." Also, for P2: "Teacher-student communication, in
the online format, has a lot of interference that hinders effectiveness in this communication." In
this way, they demonstrate that interaction does not occur due to a series of technical factors
and lack of interest. The technical factors involved in the difficulties were the lack of internet
access and the noise from simultaneous speech, as in the applications used in online classes, the
sound is apparent only when one person speaks at a time.
This technology brought yet another challenging novelty: Regarding the internet, not all
students have good machines for access or a stable internet network with good speed. As for
the issues of lack of interest, students demonstrate this when they do not submit assignments or
remain silent during classes. As stated by P1: "It is difficult to get students to respond to the
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questions proposed in online meetings." Also, for P4: "It is challenging to maintain student
participation, with few activities completed and submitted, and delays in submission." Even
with the encouragement of teachers, sometimes students' responses do not occur or are not
sustained, as described by P1: "But not always do attempts to engage students produce
satisfactory results." Participant 2 summarizes the challenges in the following unit of meaning,
P2: "The main difficulty is knowing if the student is there and dealing with the problems
reported."
Another challenge is the difference in interaction between the early years of Elementary
School and the later years (Middle School and High School), as written by P5: "There are two
distinct realities, where the difficulties encountered are opposite early and final years."
Participants pointed out that in the early years, the class needs to be planned to address all
students' contributions, as described by P5: "It is impossible to listen to all younger students
within the class period and perceive the skills that need to be developed during activities."
Similarly, P5 notes: "Younger elementary students tend to want to interact more." In the case
of the later years and High School, teachers classify these two groups similarly regarding
interaction, meaning these older students remain silent, with cameras off, pressuring teachers
for lecture-style classes.
P2 writes: "Of course, my standpoint is the later years of Elementary School, which
differs from the reality of the early years." Also, for P4: "The lack of interaction in synchronous
meetings, with cameras off and some students silent, is a difficulty." In addition to this lack of
interaction, Participant 5 describes that "This lack of interaction makes communication one-
sided, without access to discussion and hypothesis formulation to solidify reasoning" (P5). It is
noticeable that the challenges are different for these two groups of students: on one side, for
younger students, classes need to allocate ample time for interactions; on the other, for older
students, classes end up being monologues where only the teachers speak and are seen.
Category 2: Strategies and possibilities for overcoming difficulties in online classes
Participants in the study identified some strategies aimed at overcoming the difficulties
encountered. It is possible to highlight actions aimed at encouraging participation, where
teachers create relaxed moments to make students feel comfortable speaking, which needs to
be done with older students, from the later years onwards. As stated by P5: "The proposed
solution for students in the later years of Elementary School and High School is to have an
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informal conversation on any subject that attracts the student to give an opinion." In the case of
the early years, the strategy needs to focus on a longer planning time for so many student
interventions. According to P5: "With students in the early years, the proposal is to experience
a reduced class time already foreseeing possible interventions, aiming to maximize the
interaction of positions and hypothesis formulation about the class being developed." In other
words, the didactic proposals of teachers in the early years cannot take up too much time, as the
space for all students to speak needs to be allocated.
In this regard, reflecting on the teacher-student and teaching-learning
relationships during the pandemic or after it, considering the increasingly
pervasive participation of digital technologies in education, implies thinking,
as Sibilia (2012, 184-185) suggests, about truly innovative pedagogical
projects, capable of "reconcentrating the attention of the group of students on
learning" (MÁXIMO, 2021, p. 244, our translation).
Actions regarding technical issues and technological resources were also highlighted.
For example, Participant 4 suggests that free internet could be provided to students. As for P3:
"The use of available technological resources to assist in the organization and dynamism of
classes is a solution." However, the language of the internet and social media, such as emojis,
memes, and stickers, is also seen as a way to bring teachers and students closer, making classes
more engaging and fun. For P6: "Strategies such as the use of emojis, commented videos during
the presentation, memes, animated gifs, or audio with sounds familiar to students, at times when
students seem to have been absent, have fostered spontaneous reactions and momentary
engagement."
In this regard, games can also be used to improve classes, as described by P5: "I
understand all the difficulties encountered, and that's why games are used to make the class
more playful and dynamic, allowing for a greater sense of inclusion." Participant 1 describes
an activity where they used the expression #opencamera to encourage students to participate.
This way of writing, using the symbol # before a word or phrase, is quite common on some
social media platforms.
One of the actions I develop, especially with the class I am advising, is the so-
called #opencamera call. We created this hashtag so that, when the teacher or
a colleague launches it in the chat, we all have to open the camera, especially
when there is a group discussion or presentation of activities (P1, our
translation).
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Strategies for holding families accountable were also identified so they could demand
students' participation and camera openings, as schools cannot legally make such demands.
According to P2: "The solution would be for families to be able to demand that students keep
their cameras open." For P4: "One solution is encouragement, motivation, and accountability
for students to do school tasks." Thus, they point out that responsibility for demands should not
solely fall on the school and teachers.
In their research, Souza, Petroni, and Andrada (2013) report on the feelings of the
surveyed teachers regarding their profession. When relating the feeling of loneliness, the
teachers emphasize how much they need to seek solutions to problems, often without support.
While they express enjoyment of the profession and the relationship with
students, teachers highlight feeling unsupported and lacking pedagogical or
emotional support to solve the problems they face, which often leads to other
feelings such as despair, frustration, and helplessness (SOUZA; PETRONI;
ANDRADA, 2013, p. 530, our translation).
Despite pointing out some solutions to the challenges of online interaction, the
participating teachers also emphasized that it is not easy to reduce difficulties and overcome
challenges, as the lack of interaction has different explanations. However, like P6, they
emphasize that patience is necessary, or like P4, that "One solution is to raise students'
awareness of the importance of interacting with teachers during synchronous classes."
According to P1: "Thus, I continue with attempts for greater presence and effective
participation, with image, audio, and studies occurring." So, teachers remain dedicated to
seeking new solutions to the challenges that have arisen.
Category 3: Perceptions and feelings involved in participation in online classes
One highly relevant aspect identified in the participants' accounts was the emotions
associated with the online class process. It is possible to distinguish these emotions between
those expressed from the teachers' perspective regarding students and those experienced by the
teachers themselves.
Participants reported that students feel embarrassed by exposure in front of their peers
(audio or video), as well as the close presence of family members, household noises, or the
appearance of their homes. As described by P1: "At times, students do not wish to
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participate/interact in meetings due to external factors, such as the presence of family members,
or noises in the surroundings." Similarly, according to P1:
I believe that the lack of communication and interactions, on the part of the
students, is closely related to the issue of image, aesthetics (for example, not
being 'well-dressed' for the meeting, or not having organized the space they
are in to be presented on screen) (P1, our translation).
Some reports indicate that there are internal emotions affecting student interaction, as
stated by P2: "More than ever, students hide behind their closed cameras and prefer not to
participate." For an educational process to be effective, it is necessary for something more to
permeate this student-teacher relationship, and affectivity, through a closer relationship
between student and teacher, can help (DE PAULA; FARIA, 2010). However, once again, the
difference between younger and older students can bring an issue to light, as younger ones want
to speak up and be heard, generally opening their cameras, while older teenagers hide with their
cameras off. In the case of younger students, for P3: "During the remote period, children are
eager for interaction with others, with their peers (friends, classmates of the same age group)."
From this, we can hypothesize, deserving investigation, about the reason for this need
for interaction among children in online classes. After all, compared to teenagers, does
interaction decrease over the school years? Or is adolescence responsible for the insecurity of
older students? Still, for younger students, Participant 3 emphasizes that being at home
increases dispersion and that students become frustrated having to wait their turn to speak.
Participant 5 reports, regarding older students, that: "Shyness and fear of making mistakes
restrain the responsive stimulus of veteran students" (P5). It is necessary to note that adolescent
students demonstrate internal conflicts, about insecurity and shyness, and that hiding behind
cameras may be an indication of fragility and suffering.
[...] the creation of bonds is understood as fundamental for the retention of
students in distance learning, given that affectivity, combined with
technological tools, can enable a sense of belonging and contribute to the
learner's motivation; an inherent factor in every educational process
(CARVALHO; LIMA, 2015, p. 201, our translation).
It is important to highlight that "[…] affectivity is central in the construction of
knowledge and the individual" (Gratiot-Alfandéry, 2010, p. 37, our translation). The reports
provide information in this regard, reinforcing that feelings are inherent in learning
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relationships. According to Lima (2020, p. 19, our translation) "Affectivity is present in school,
in the classroom, in the teacher-student relationship, that is, in all dimensions of people's lives."
Teachers, on the other hand, report their feelings, showing that they feel alone due to
the lack of interaction from students. According to Ferreira (2020, p. 24, our translation) "The
teacher throughout the teaching practice experiences numerous feelings, resulting from the
complexity of the profession." In the reports, loneliness appears for teachers, mainly in the final
years of elementary school or high school. One account from Participant 4 illustrates this feeling
well:
One day, I had a synchronous class with a 9th-grade class. Only 8 students
attended this online class. Even though I talked and asked, no student turned
on their camera. The class was lecture-based. At various points, I asked if there
were any questions, but unfortunately, I received at most a 'no' response in the
chat. I finished explaining the content and opened up space for questions and
conversation. A constraining silence took over the online room. After a few
minutes of unsuccessful attempts at dialogue and questions, I ended up giving
up and ending the class earlier than I would have liked. I cannot explain the
extent of my frustration, but I left this class feeling very sad and very alone
(P4, our translation).
Similarly, Participant 5 writes that they mention to the students the longing they feel
and "With this talk (longing), some students sympathize by turning on the camera, responding
through the microphone, and even via chat." Loneliness is also evident in Participant 6's
account: "During almost all of my synchronous meetings, via video conference, the classes took
place through conversations with images of avatars or thumbnails of students' portraits."
Furthermore, according to Participant 2: "In general, most classes keep their cameras closed,
and teachers end up being alone." It is noticeable in these units of meaning that the feelings of
teachers are the same: isolation and loneliness. By not turning on their cameras, students put
their teachers in an uncomfortable situation of teaching to thumbnails of photos, letters, or
avatars, without eye contact and human expressions.
However, as the "lockdown" extended and the predictions for the resumption
of face-to-face classes became more uncertain, this relative euphoria gave way
to exhaustion and dissatisfaction in the face of a situation that quickly proved
to be more than contingent. Cameras were turned off, teachers started teaching
with minimal interaction with students, and, in parallel, posts, tweets, and
memes about the "tragedy" of remote teaching multiplied on social networks
(MÁXIMO, 2021, p. 237, our translation).
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Another distressing point for teachers, because of the closed cameras, is not knowing
what the students are doing at that moment. As they are at home, with internet access and often
without direct supervision from a family member, participants report that it is not possible to
know if students are actually paying attention in class or doing parallel activities. According to
Participant 6: "And the moderation of the use of devices with internet access is under the
guidance of each student, providing parallel online activities." Furthermore, according to
Participant 6: "As an example of parallel activity, one can point out the common practice of
conversations among students, both from high school and elementary school, during online
classes, through chats in private groups, where the teacher's participation is not requested." A
report from Participant 2 also demonstrates this discomfort of not knowing what the students
were doing:
On a Friday at 5:30 PM, with 25 minutes left for the class to end, students had
15 minutes to do the activities, and we corrected them in the final 10 minutes.
During the realization, I was calling the students, but about 15% of the class
responded. At the time of correction, I called the students, and no one
responded, so I redid the call only two students responded; the rest did not
open the microphones or even opened them and said they did not know what
they should do (P2, our translation).
In Grandisoli et al. research (2020, p. 12), it was pointed out that the insecurity of
teachers regarding the shift in education to a technology-mediated model represented the
majority of participants (50.8%). In the same survey, when questioning the feelings of teachers
regarding technology-mediated education, the majority (62%) expressed positive feelings such
as challenge and learning. This demonstrates that despite the insecurity and difficulties, teachers
continue to try to do their job and face this new moment with perseverance.
Teachers seek to demonstrate to students the importance of interaction, of being seen
and heard, but as P1 wrote, respecting the moment of each individual. According to Máximo
(2021, p. 237, our translation), "Turning on the cameras, as a metaphor for 'being together'
participating in classes, was a necessity for teachers, but not necessarily for students." Also,
according to P1: "In addition to sensitizing students about, just as it is important for them to see
and hear us, it is also important for teachers to see and hear them."
For teachers, the lack of interaction with students weakens, demotivates, and generates
loneliness. Furthermore, these issues modify the way classes are conducted. For P6: "The lack
of visual interaction together with unanswered questions or monosyllabic responses that strain
the online class to almost become a monologue are recurrent difficulties in my online classes."
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Teachers demonstrate, therefore, that the silence of students directs pedagogical practice
towards an expository class, where only the teacher speaks.
Therefore, the research participants emphasized that some feelings and emotions are
involved in online classes. In the case of the early years, the feelings are more related to the
concern regarding the time to listen to the contributions of all students. Therefore, we can
perceive that teachers feel affection for the students in these classes since they speak and appear.
For P3: "Interaction occurs effectively and affectionately, even if physically distant, in the early
years." Overall, teachers report that the presence of students is essential to them. According to
P4: "Actually, it's wonderful to receive feedback from students and have their presence in
synchronous moments." Therefore, the need for the presence and participation of students in
online classes is evident for teachers.
Final considerations
This article presented research developed with teachers experienced in basic education
who answered a questionnaire about their difficulties, challenges, and overcoming strategies
regarding online classes. The 29 responses obtained were read and fragmented according to the
methodology of Discursive Textual Analysis (DTA), presented by Moraes and Galiazzi (2016)
and detailed previously in the Methodological Procedures. The unitization of the corpus
obtained resulted in 120 units of meaning, which, after categorization, resulted in three
emergent categories, named The importance of interactions in online classes and their
challenges; Strategies and possibilities for overcoming difficulties in online classes;
Perceptions and feelings involved in participation in online classes.
The problem to be addressed with this research was: how to overcome teachers'
loneliness in online courses from the perspective of teachers. The analysis based on the final
categories provided important information for solving this problem.
In Category 1 - Units of meaning emphasizing the importance of interactions in online
classes and the associated challenges were identified in the reports of participating teachers in
the research. They highlighted the relevance of interaction to establish an effective connection
between teachers and students. Additionally, they pointed out that for learning to be
satisfactory, there must be exchanges between the individuals. Regarding the challenges, they
highlighted technical issues such as lack of internet and equipment, as well as students'
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disinterest, demonstrated by failure to submit assignments and silence even when called upon
in class.
In Category 2 - Strategies and possibilities for overcoming difficulties in online classes,
some ideas from teachers to overcome challenges were pointed out, such as creating relaxed
moments to generate interaction, using games and internet language, with memes, gifs, or
emojis. It was also highlighted that there is a significant difference between students in the early
years and those in the later years of elementary and high school. Early years students participate
actively in classes, and therefore, teachers need to include more time for conversations and
exchanges in their planning. In the case of students from the later years onwards, interaction
does not occur, and cameras remain off, prompting teachers to persistently seek strategies to
engage students, making classes more playful, attractive, and relaxed.
In Category 3 - Perceptions and feelings involved in participation in online classes, it
was possible to highlight teachers' views on students and the teachers' feelings. Regarding
students, ideas about shyness, insecurity, and frustration emerged. With regard to teachers,
some reports from research participants made their loneliness evident in the face of turned-off
cameras and lack of interaction. Even though, in the early years, students interact and are
affectionate, the behavior change when considering adolescents raises some questions, as it
would be interesting to further investigate to understand what changes over the years, causing
students to become silent and hide. After all, aren't adolescent students also lonely and insecure?
Certainly, teachers sought solutions to the problems that arose in online classes. Social
distancing, necessary due to the pandemic, generated changes that will likely need to be
monitored in the coming years. Computer-mediated classes altered the dynamics of face-to-
face classes physical contact, non-verbal communication, and simultaneous and collective
conversation, all normal in the classroom. This had impacts on both students and teachers. As
classes return to the pre-pandemic state, we can point to new studies to monitor what this remote
period has left behind in terms of changes in relationships, methodological shifts, and
pedagogical changes. At this moment, we can say that the challenges of online classes were
significant and that over time, positive legacies from the learning and adaptations may emerge.
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Susana Seidel DEMARTINI; Marcelo AMARAL-ROSA and Elisabete CERUTTI
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023023, 2023. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.9532 23
CRediT Author Statement
Acknowledgements: I would like to express my gratitude to the late Professor Dr.
Maurivan Güntzel Ramos (in memoriam) for inspiring this research and for his teachings
on Textual Discursive Analysis.
Funding: None.
Conflicts of interest: None.
Ethical approval: The study adhered to ethical standards throughout the research; however,
it did not require approval from an ethics committee.
Data and material availability: The data and materials used in the study are archived by
the authors and will be provided upon request.
Author’s contributions: Susana Demartini: creation and administration of the
questionnaire with research participants; analysis of responses; review of literature and
article writing; Marcelo Prado Amaral Rosa: overall revision, method analysis, and
contributions to writing; Elisabete Cerutti: theoretical contributions and overall review.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.