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Nuances Est. Sobre Educ.
, Presidente Prudente, v. 33, e022006, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v33i00.9484
1
PEDAGOGIA ANCESTRAL: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE EXISTÊNCIA E
RESISTÊNCIA DA IDENTIDADE DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE ALTO
DO CAPIM, QUIXABEIRA-BA
PEDAGOGÍA ANCESTRAL: UNA INVESTIGACIÓN SOBRE LA EXISTENCIA Y
RESISTENCIA DE LA IDENTIDAD DE LA COMUNIDAD QUILOMBOLA DE ALTO
DO CAPIM, QUIXABEIRA-BAHIA
ANCESTRAL PEDAGOGY: AN INVESTIGATION INTO THE EXISTENCE AND
RESISTANCE OF THE IDENTITY OF THE QUILOMBOLA COMMUNITY OF ALTO
DO CAPIM, QUIXABEIRA-BAHIA
Brenna NASCIMENTO
1
Éden de CASTRO
2
Paulo BRAZÃO
3
RESUMO
: Este trabalho é fruto de uma pesquisa de natureza etnográfica realizada na
comunidade Quilombola de Alto do Capim que buscou investigar: Como a pedagogia
ancestral contribui para a preservação da identidade da Comunidade Quilombola de Alto do
Capim, em Quixabeira-BA? Para esta investigação foi necessário compreender como a
pedagogia ancestral contribui para a existência e resistência da identidade da Comunidade
Quilombola de Alto do Capim, em Quixabeira-BA; compreender as relações entre pedagogia
e ancestralidade; estabelecer a importância da pedagogia ancestral para a preservação da
identidade das comunidades quilombolas; Conhecer a história da Comunidade Quilombola de
Alto do Capim e discutir sobre os elementos que fomentam a pedagogia ancestral na
comunidade quilombola de Alto do Capim. Portanto conclui-se que em se tratando da
Comunidade Quilombola de Alto do Capim, os processos de educação informal possuem
fragilidades históricas e culturais, uma vez que há pouco autorreconhecimento da
ancestralidade na comunidade.
PALAVRAS-CHAVE
: Pedagogia. Ancestralidade. Pedagogia ancestral.
1
Faculdade de Ciências Educacionais Capim Grosso (FCG), Capim Grosso
–
BA
–
Brasil. Graduada em
Pedagogia. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4650-3183. E-mail: be.aruiva13@gmail.com
2
Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC), Quixabeira
–
BA
–
Brasil. Coordenador Pedagógico.
Membro Fundador e vice-diretor da Academia Quixabeirense de Pedagogia (AQPED). Doutorando em
Educação (UNR). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3601-4899. E-mail: edendecastro@live.com
3
Universidade da Madeira (UMa), Funchal
–
Portugal. Pesquisador do Centro de Investigação em Educação
(CIE-UMa). Doutorado em Educação (UMa). Pós-doutorado em Educação (UFS). ORCID:
https://orcid.org/0000-0003-3575-4366. E-mail: jbrazão@staff.uma.pt
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2
RESUMEN
: Este trabajo es el resultado de una investigación etnográfica realizada en la
comunidad quilombola de Alto do Capim que buscó investigar: ¿Cómo contribuye la
pedagogía ancestral a la preservación de la identidad de la comunidad quilombola de Alto do
Capim, en Quixabeira-BA? Para esta investigación fue necesario comprender cómo la
pedagogía ancestral contribuye a la existencia y resistencia de la identidad de la Comunidad
Quilombola de Alto do Capim, en Quixabeira-BA; comprender las relaciones entre
pedagogía y ascendencia; establecer la importancia de la pedagogía ancestral para la
preservación de la identidad de las comunidades quilombolas; Conocer la historia de la
Comunidad Quilombola de Alto do Capim y discutir los elementos que fomentan la
pedagogía ancestral en la comunidad quilombola de Alto do Capim. Por lo tanto, se concluye
que en el caso de la Comunidad Quilombola de Alto do Capim, los procesos de educación
informal tienen debilidades históricas y culturales, ya que hay poco autorreconocimiento de
la ascendencia en la comunidad.
PALABRAS CLAVE
: Pedagogía. Ancestralidad. Pedagogía ancestral.
ABSTRACT
: This article is the result of an ethnographic research carried out in the
Quilombola community of Alto do Capim that sought to investigate: How does an ancestral
pedagogy contribute to the preservation of the identity of the Quilombola Community of Alto
do Capim, in Quixabeira-BA? For this investigation it was necessary to understand how an
ancestral pedagogy contributed to the existence and resistance of the identity of the
Quilombola Community of Alto do Capim, in Quixabeira-BA; understand the relationships
between pedagogy and ancestry; establish the importance of ancestral pedagogy for the
preservation of the identity of quilombola communities; Get to know the history of the
Quilombola Community of Alto do Capim and challenge the elements that foster ancestral
pedagogy in the Quilombola community of Alto do Capim. Therefore, it is concluded that this
is the Quilombola Community of Alto do Capim, the informal education processes have
historical and cultural documents, since there is little self-recognition of ancestry in the
community.
KEYWORDS
: Pedagogy. Ancestry. Ancestral pedagogy.
Introdução
A necessidade da realização desta pesquisa surgiu com a intenção de esclarecer
informações, buscar a inserção de memórias, fatos, histórias e perspectivas vistas de um
campo que é pouco estudado. Para a realização da mesma escolheu-se como local a cidade de
Quixabeira, situada no interior da Bahia, mais precisamente a comunidade Quilombola de
Alto do Capim.
O problema que norteia este trabalho é: Como a pedagogia ancestral contribui para a
preservação da identidade da Comunidade Quilombola de Alto do Capim, Quixabeira-BA?
Para a resposta desse problema foi necessário investigar como a pedagogia ancestral contribui
para a existência e resistência da identidade da Comunidade Quilombola de Alto do Capim,
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em Quixabeira-BA; compreender as relações entre pedagogia e ancestralidade; estabelecer a
importância da pedagogia ancestral para a preservação da identidade das comunidades
quilombolas; Conhecer a história da Comunidade e discutir sobre os elementos que fomentam
a pedagogia ancestral na comunidade quilombola de Alto do Capim.
Para a realização da pesquisa optou-se por um estudo de natureza etnográfica através
da observação participante e entrevistas no formato de conversa guiada.
Pedagogia ancestral
O estudo sistemático das práxis educativas que acontecem em sociedade de acordo os
processos fundamentais da condição humana é o que explica a existência da pedagogia. Logo,
a pedagogia baseia-se na experiência humana e suas realizações e execuções, que veio para
estudar esses processos importantes e essenciais que acontecem em diferentes contextos e
campos do saberes, e esse estudo analisa juntamente a idealização desses métodos e
problemáticas, configurando a pedagogia como a ciência da educação.
A grade de conhecimentos que abrange a pedagogia não está destinada apenas a
centralizar na escola, mas também em todos os ambientes em que os indivíduos estejam
executando a sua existência, seguindo a ideia de que a educação está em todas as atividades
realizadas pela sociedade como um todo, desde a maneira institucionalizada, em diferentes
níveis, etapas e modalidades, até os saberes informais, onde a educação há de existir. Logo,
todos os espaços são espaços que possuem ações constantemente pedagógicas.
Sendo assim, o processo de ensinar e aprender acontece desde o período pré-histórico,
em um processo de educação informal através do qual se dá a disseminação e a ampliação dos
saberes de um povo.
Diante disso, muitos pesquisadores analisam a sociedade atual, contemporânea, como
uma sociedade de conhecimento, mas muitas vezes não se percebe que as ações pedagógicas
que antecederam as evoluções tecnológicas, como, por exemplo, a caça, a pesca, a
domesticação dos animais e tantos outros pontos que aconteceram antes mesmo de pensarmos
em ter um professor como guia de aprendizado também podem ser consideradas como
práticas reflexivas sobre a realidade e, portanto, consideradas como práticas pedagógicas que
funcionaram como forma de educação entre si.
A educação pode ocorrer de diferentes formas e em diferentes locais e é um campo
vasto e sob diferentes modalidades. A prática educativa é um dos componentes da integridade
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humana e da vivencia em sociedade. O pedagogo alemão Schmied-Kowarzik (1983) relata
sobre:
A educação é uma função parcial integrante da produção e reprodução da
vida social, que é determinada por meio da tarefa natural e, ao mesmo
tempo, cunhada socialmente da regeneração de sujeitos humanos, sem os
quais não existiria nenhuma práxis social. A história do progresso social é
simultaneamente também um desenvolvimento dos indivíduos em suas
capacidades espirituais e corporais e em suas relações mútuas. A sociedade
depende tanto da formação e da evolução dos indivíduos que as constituem,
quanto estes não podem se desenvolver fora das relações sociais.
A sociedade e a pedagogia andam atreladas antropologicamente e seguem sendo
processos simultaneamente construtores, sendo necessário, portanto, que na atualidade se
reconheça a importância da existência dessa indissociação entre pedagogia e práticas sociais
possibilitando assim a compreensão de que, mesmo fora da escola, as histórias das pessoas
estão sendo construídas pedagogicamente. Os processos formativos continuam sendo
executados em meio ao intercâmbio e da comunicação das experiências humanas, logos os
saberes e modo de agir de um povo são construídos e acumulados com base em suas
experiências informais.
Todavia, a educação favorece o desenvolvimento dos indivíduos de uma forma
sociocultural. E o funcionamento da sociedade na qual fazemos parte se baseia no fenômeno
de práticas sociais educativas, que estão sendo guiadas indiretamente pelo próprio povo de
forma fluída que, inconscientemente produz material educativo de si, sobre si e para si, num
campo didático formador.
É uma prática social que atua na configuração da existência humana
individual e grupal, para realizar nos sujeitos humanos as características de
“ser humano”. Numa sociedade em que as relações sociais baseiam
-se em
relações de antagonismo, em relações de exploração de uns sobre os outros,
a educação só pode ter cunho emancipatório, pois a humanização plena
implica a transformação dessas relações (LIBÂNEO, 1998, p. 7).
Sabendo que a pedagogia, ao se colocar no mundo, necessita de um vínculo com a
prática, com a crítica ao pensamento e com a consciência de seu espaço, deve ela, ao refletir
sobre a construção das relações humanas educativas do passado, alinhá-las não somente a
ações humanas atreladas ao domínio de aptidões físicas, mas também e, sobretudo, sobre a
maneira como esses conhecimentos foram passados pelas gerações, compreendendo assim
que todas as práticas humanas antropologicamente construídas foram também práticas
pedagógicas.
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Então o que sabemos que é a pedagogia? É a relação entre ação humana e as práticas
educativas, onde ambas não são isoladas, e que a educação é um fenômeno social, que
acontece em diferentes meios e espaços. A gestão da prática pedagógica é que precisamente
está ligada aos processos educativos envolvidos pela sociedade. Mas para que a pedagogia
seja exercida de maneira em que tenha o teor científico atrelado ao viés de aprendizado,
consciente, organizado, intencional e formal há uma necessidade de ser vista como uma
ciência, que não apenas analisa, mas sim que participa da prática teórica e da execução da
teoria em meio à prática.
Todas essas estruturas pedagógicas formais passam por processos e estudos que as
detém como saberes importantes para que sejam passados para ao povo. Há determinações de
que inúmeros fatos históricos fossem tidos como importantes para a estrutura educacional. E
através dessa linha de estudo, é possível perceber que a educação formal, as práticas
pedagógicas, e o currículo, possuem uma herança antropológica através da qual foram
formados, ou seja, toda a estrutura da educação formal foi feita através da necessidade de
aprendizados específicos, pautados nos antepassados e em suas experiências empíricas.
O conceito de ancestralidade se aproxima das ideias de história, raça e etnia, o que de
fato confirma uma conexão existente entre o que os povos carregam, as raízes, culturas,
hábitos, e isso é de maneira muito especifica: ancestralidade.
A ancestralidade é basicamente a resistência do passado do povo e as raízes que foram
deixadas por longos anos por baixo da terra, e que tem sido buscada para que não fiquem
submersas e escondidas por mais tempo ainda.
Para contextualizar sobre a pedagogia ancestral, numa cultura foge do padrão
eurocêntrico, é necessário estabelecer a conexão entre a vivência de um povo e o ensino
informal ali existente, pois, esse ensino necessita serem instaurado com base na experiência
de vida de cada indivíduo, e a sua maneira de ser protagonista e executor do seu espaço.
A pedagogia ancestral apresenta um estudo etnocêntrico da importância de estudar a
ciência dos antepassados de povos que tiveram suas raízes desvalorizadas e segregadas, mas
que carregaram de maneira informal e perpassaram todos esses ensinamentos, através de suas
gerações.
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Pedagogia ancestral em comunidades quilombolas
A história do Brasil traz consigo o comércio e o tráfico dos negros que vinham de
inúmeras partes da África e foi o país que mais importou negros e o último que legalmente
aboliu a escravidão. Por volta de 40% dos africanos escravizados vieram para o Brasil, e mais
da metade, especificamente 65% da população negra da América, são brasileiros.
Por conta disso, de todo esse processo de exploração e dominação, o povo brasileiro
teve sua história contada durante anos pelo olhar eurocêntrico, o que ainda continua
acontecendo ativamente nas escolas, e isso traz variáveis de pensamentos e reflexões. O povo
africano, sob a visão dominadora e colonizadora, não teve a possibilidade de construir uma
valorização de si.
Com o declínio dos sistemas açucareiros os grandes proprietários começaram a fazer
as doações de terras como meio de recompensa, junto a pouca autonomia de alguns outros
proprietários os escravos foram tomando posse desses territórios e fazendo deles a sua própria
morada, Almeida
destaca que “nesse quadro, o processo de acamponesamento ou de formação
de uma camada de pequenos produtores familiares tende a se expandir e consolidar”
(ALMEIDA, 2002, p. 59). Desse modo todos esses processos territoriais de mudança que
eram denominados de quilombo, estavam acrescentando ali um espaço não apenas físico, mas
de expansão e imensurável tamanho de ampliação de cultura.
Nisso, os quilombos foram basicamente a insubordinação desse povo negro que estava
vivendo em um país com uma distinta cultura da qual estavam habituados em seu territorial
original. Eles foram a busca de espaços para a sobrevivência se desvinculando do regime
escravocrata em que estavam inseridos. Enfatiza o autor Haesbaert:
[...] mais do que a perda ou o desaparecimento dos territórios, propomos
discutir a complexidade dos processos de (re)territorialização em que
estamos envolvidos, construindo territórios muito mais múltiplos ou, de
forma mais adequada, tornando muito mais complexa nossa
multiterritorialidade. Assim, a desterritorialização seria [...] incapaz de
reconhecer o caráter imanente da (multi)territorialização na vida dos
indivíduos e dos grupos sociais. [...] Estes processos de
(multi)territorialização precisam ser compreendidos especialmente pelo
potencial de perspectivas políticas inovadoras que eles implicam
(HAESBAERT, 2004, p. 1).
Com a formação dos quilombos e as libertações dos escravizados depois de longos
séculos foi a iniciação de uma era em que os africanos começariam a vivenciar em um novo
território seus aprendizados e hierarquias, agregando aqui ao Brasil, a construção de nossas
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raízes, crenças e culturas. E assim, remanescendo até os dias atuais, comunidades quilombolas
que abrigaram escravos e abrigam até hoje descentes dos mesmos.
Havendo uma necessidade de definição e denominação de quilombo de caráter
científico a Associação Brasileira de Antropologia traz um documento com a seguinte
definição:
[...] não se refere a resíduos ou resquícios arqueológicos de ocupação
temporal ou de comprovação biológica. Também não se trata de grupos
isolados ou de uma população estritamente homogênea. Da mesma forma
nem sempre foram constituídos a partir de uma referência histórica comum,
construída a partir de vivências e valores partilhados (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA, 1994, p. 81-82).
Todavia, aconteceram inúmeras mudanças e redefinições desde a época, sabendo que
hoje temos como definição:
Comunidades quilombolas são grupos com trajetória histórica própria, cuja
origem se refere a diferentes situações, a exemplo de doações de terras
realizadas a partir da desagregação de monoculturas; compra de terras pelos
próprios sujeitos, com o fim do sistema escravista; terras obtidas em troca da
prestação de serviços; ou áreas ocupadas no processo de resistência ao
sistema escravista (BRASIL, 2013).
Neste sentido, a pedagogia ancestral em comunidades quilombolas objetiva o estudo
do povo negro e a valorização da cultura e vivência desse mesmo povo tentando inserir um
olhar de criticidade e cientificidade como um fator determinante para o não esquecimento da
história, memória e cultura do povo negro e assim poder ampliar essa disseminação de
aprendizado e estudo desse povo, utilizando a pedagogia da ancestralidade como um meio de
valorização da comunidade quilombola.
A pedagogia da ancestralidade tem como objetivo romper com esse padrão
eurocêntrico da história, memória e cultura brasileira e valorizar todos os conhecimentos que
são passados pelos antepassados de um povo, tornando suas crenças, hábitos, costumes,
histórias e experiências, fundamentos importantes para os aprendizados da coletividade,
fazendo com que esses aprendizados se tornem construtores dos conhecimentos formadores
dos indivíduos. Sendo assim, a própria existência desse povo fará com que a educação dos
mesmos seja guiada pela forma de viver, individualmente e em sociedade.
Logo, a necessidade de analisar esses artefatos históricos e culturais de maneira
científica, dá aos mesmos a real importância como fonte de estudo e de conhecimento.
Quando pontuamos nossa vivência de maneira antropológica, percebemos que todas as nossas
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culturas são ensinamentos que vieram do passado e que vão se transformando no decorrer do
tempo.
Os conhecimentos ancestrais são considerados como elementos-chaves nesse processo
de aprendizado do que seria uma Pedagogia Ancestral, tendo em vista que os elementos dos
antepassados como músicas, histórias de vida, memórias, poemas, culinária, receitas, e tudo
aquilo que seja repassado de geração em geração, serve como meio de estudo para essa
pedagogia.
É importante pensar sobre isso, pois conforme a educação foi se formalizando, esses
elementos foram parcamente tratado como importantes, desconsiderados dos currículos
tradicionais e oficiais e, guiados por ideais eurocêntricos. As realidades culturais de povos e
comunidades negras, por exemplo, foram historicamente abandonadas pelos currículos e pelos
estudos científicos, sendo tratados muitas vezes como de pouca relevância e de pouco
protagonismo.
As comunidades quilombolas são símbolos de resistência do povo negro. Sabendo que
essas comunidades foram formadas pelo fato de que os escravizados fugitivos precisavam se
recolher em algum local para fugir das cruéis circunstâncias nas quais eram submetidos, os
mesmos encontravam locais que os faziam sentir-se seguros e ali começavam a vivenciar o
pouco conhecimento de uma utópica liberdade que poderiam viver a partir dali.
Após a abolição da escravidão, essas comunidades passaram a alocar mais pessoas, e
através dali iniciaram uma ressignificação de vida e um processo de adaptação naquela nova
realidade, podendo exercer sua cultura, crenças, alimentação e raízes, e começaram a
desenvolver e reviver ali naqueles espaços um trecho de sua existência antes de serem
cruelmente arrancados de sua terra natal.
As comunidades quilombolas são espaços, não apenas territorialmente ou
geograficamente falando, mas também espaços culturais e formativos, que ressignificam
grandemente a ciência de estudos do passado e a importância de preservação da história e da
memória.
Através disso, a atualidade carrega consigo inúmeros aspectos, materiais e imateriais
que foram deixados pelos escravos e suas famílias, construídas em cima da nova realidade
criadas por eles.
Quando remetemos à ancestralidade, logo é possível associar a importância de
valorização das culturas que são deixadas pelos nossos antepassados, à pedagogia da
ancestralidade, que pontua a importância da ciência estudar esses fatos e poder trazê-los à
realidade da formação dos indivíduos, estudando as memórias deixadas pelas comunidades
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quilombolas e fazendo com que sejam trazidas formalmente à realidade da sociedade que
pouco conhece sobre si e suas raízes.
Muitos historiadores passaram a ver que as fontes que documentam o
passado não se resumem aos documentos escritos. As manifestações
artísticas, a oralidade, a cultura material e outros vestígios podem contribuir
para o entendimento do passado (ABUD, 1997).
Neste sentido, podemos considerar como herança deixada pelos povos dos quilombos
a alimentação, artesanatos, religiosidade, vestuário, maneiras de criação e educação dos
filhos. Claramente, todos esses elementos são cultuados de maneira hereditária e que vão
transcendendo, mas ao abordarmos uma comunidade remanescente dos quilombos, podemos
perceber que, talvez, seja uma cultura que tenha sido e ainda venha sendo interrompida por
inúmeros fatores.
[...] nosso próprio cotidiano apresenta a importância da cultura material para
as sociedades. Os objetos que compõem nossa casa, nosso vestuário, os
meios de transporte que utilizamos, os diferentes instrumentos utilizados
para higiene, comunicação, trabalho, registro e proteção, entre tantos outros,
dão mostra não só da dinâmica individual de nossas vidas como também os
meios sociais nos quais transitamos cotidianamente. Os artefatos concebidos
e utilizados pelos seres humanos constituem importante meio de preservar a
memória, reconstruir a História e proporcionar às gerações que se sucedem
apossibilidade de construir consciência da trajetória histórica de sua
sociedade (ABUD; SILVA; ALVES, 2013, p. 111).
Atualmente, temos as comunidades remanescentes dos quilombos, como território
que culturalmente carregam todo o conceito do que se passou e o que os escravizados tiveram
de sobra de si, e de seu povo após a abolição da escravidão. Quando passaram a viver em
liberdade, puderam juntamente exercer a oportunidade de diariamente serem quem nasceram
pra ser, podendo fazer suas alimentações, remédios, brincadeiras, rituais, ter a própria fé e
tantos outros pontos que a escravidão lhes havia roubado.
Aos poucos essas terras passaram a oferecer a quem ali habitava suas raízes, e
fazendo com que pudessem colocar em prática tudo aquilo que acreditavam que deviam e que
de fato fazia sentido para eles naquele momento, em meio a todo o peso que estavam
carregando há tanto tempo.
Os conflitos históricos perpetuados nas comunidades remanescentes de quilombos
tem dificultado a implementação de políticas públicas destinadas as tais.
Considerando que é majoritário o número de comunidades que não possuem escolas,
ou seja, não há nos territórios quilombolas escolas situadas neles, levando os quilombolas a
frequentarem escolas fora de sua origem. Sabendo que o acesso a essas escolas é difícil, que o
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governo não disponibiliza transportes e que as escolas que terão de frequentar localizadas fora
das comunidades não possuem um currículo compatível com sua realidade histórica e cultural.
As dimensões educacionais, culturais e políticas possuem particularidades tanto no
contexto histórico como no geográfico brasileiro. Pensando nisso, foi homologada a
Resolução CNE 08/2012 (BRASIL, 2012), em que define as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica. Essa diretriz discorre o
fato de que a Educação Escolar Quilombola necessita da especificidade de uma pedagogia que
respeite as questões étnico-raciais e culturais de cada comunidade, que em seu quadro docente
haja formação específica no quadro docente, materiais didáticos e paradidáticos.
Quando há a necessidade de uma formação capacitada para que seja possível dentro
do currículo ser fornecida uma educação contextualizada, dentro da realidade de cada
indivíduo, fomenta a ideia da necessidade da abordagem da pedagogia ancestral.
É fundamental para uma educação dentro das nossas diretrizes permear e falar sobre
a ancestralidade, principalmente quando há alunos frequentes que residem em comunidades
quilombolas, sabendo que nem todas as comunidades possuem escolas e que há alunos
estudando em outras localidades próximas.
Para a população negra uma pedagogia ancestral, além de interligar suas gerações ao
contemporâneo, consegue efetivar um currículo permeado de saberes reais, que transita entre
a realidade do alunado até seus antepassados. Fazendo assim a execução de um currículo
inclusivo, havendo o cumprimento das leis que certificam e garantem uma educação básica de
qualidade, contendo acesso a cultura, e suas origens, podendo ser exercido a cidadania.
O art. 205 da Constituição Federal estabelece que
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).
Se a educação é um direito assegurado a todos, a pedagogia da ancestralidade
assegura de maneira bastante objetiva os ensinamentos que foram perpassados e que ainda
necessitam serem passados para a sociedade como um todo.
A ancestralidade ligada ao pedagógico, garante aos quilombolas a valorização de
suas memórias, inserindo-as a ciência da educação, utilizando-as como fonte de material
didático a ser oferecido e trabalhado sobre si e para si mesmos.
As filosofias trazem para as práticas ancestrais, além de acolhimento, remete também
uma educação libertadora, inclusiva e que valoriza as comunidades quilombolas e seus
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indivíduos, podendo assim fazê-los perceber-se na sociedade com base em suas origens e das
de seus antepassados.
Metodologia
A etnopesquisa baseia-se no estudo de um povo e a compressão da construção de sua
identidade, tendo em vista todo o processo de história deste mesmo povo para que se chegue a
uma determinada situação, sendo adentrado às ciências sociais.
Assim, intimidade, autorização, explicitação compreensiva e negociação,
implicando lutas por significantes, definições de situação, construção de
pontos de vista, inflexão de sentidos históricos e reflexões sobre o próprio
conhecimento formativo (metaformação), estão nas bases constitutivas do
que concebemos como uma etnopesquisa crítica e multirreferencial ou de
uma etnopesquisa‐formação (MACEDO, 2000, p. 207)
.
Para esta pesquisa de natureza etnográfica, foi realizada inicialmente a revisão
bibliográfica com a intenção de, ao adentrar no campo da pesquisa, ter uma visão já
abastecida de informações para que a coleta das mesmas pudesse ser facilitada. Também
foram realizadas observações participantes com a intenção de conhecer o espaço e o povo ali
pertencentes. Vale lembrar
que a “observação possibilita um contato pessoal estreito do
pesquisador com o fenômeno pesquisado” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 26) e assim coleta de
informações acontece de acordo ao real ali vivido.
Para esta pesquisa foram feitas também entrevistas do tipo conversa guiada com
representantes da comunidade, buscando compreender de que maneira a pedagogia ancestral
contribui para a memória e cultura da comunidade Quilombola de Alto do Capim.
Após, com a análise dos dados coletados será possível salientar os resultados
adquiridos com todos os levantamentos conquistados, podendo assim chegar a uma
perspectiva de conclusão, conforme diz Gil:
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A análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de tal forma que
possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para
investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais
amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros
conhecimentos anteriormente obtidos (GIL, 1999, p. 168).
A comunidade quilombola de Alto do Capim, situada em Quixabeira
–
Bahia,
necessitava ser o objeto deste estudo, pois a estrutura histórica que esse ambiente apresenta
tem um potencial imenso de aprendizado, conhecimentos e vivências que correm o risco de
serem apagadas com os anos, com as possíveis mudanças de geração e pelos atos que surgirão
na história, caso não haja o devido registro de todo o seu processo.
Este levantamento de dados e análise dos mesmos tem como pretensão fazer com que
a comunidade seja apresentada e ou relembrada ao máximo de alcance possível, trazendo a
possibilidade de possíveis dados seja um gerador de ideias, curiosidades, ações, que remetam
a valorização desse povo.
Sendo assim, com este estudo, pretende-se que a pedagogia da ancestralidade tenha a
função de auxiliar a manutenção de manter vivas as histórias, vivências, contos, e
experiências que perpassaram gerações, que têm o empirismo como forma de
compartilhamento de conhecimentos, que através do mesmo, passe de maneira crítica as
novas gerações e assim possam se perceber em seu meio atual e ancestral.
Análise e discussão dos dados
Por meio de relatos de Dona Maria Madalena, sua filha Edeltrudez, e a ex-vereadora
de Quixabeira, Dona Isaura, foi possível coletar informações a respeito da origem do povoado
de Alto do Capim, conforme o que foi ensinado e perpassado para o povo. Logo, a pouca
documentação existente referente ao povoado faz com que as entrevistas se tornem uma das
fontes de informações possíveis para fazermos os questionamentos necessários e
levantamento de dados referente à origem do povoado. Nesse sentido, afirma Alessandro
Portelli (1997, p. 31):
[...] Entrevistas sempre revelam eventos desconhecidos ou aspectos
desconhecidos de eventos conhecidos: elas sempre lançam nova luz sobre
áreas inexploradas da vida diária das classes não hegemônicas [...].
Ao ser questionada sobre o fato de porque ainda não ter sido feito de maneira formal
um documento referente as informações pontuadas pelos moradores mais antigos do
povoados, Dona Isaura responde (em entrevista no dia 15 de maio de 2022) que são poucas as
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pessoas que se interessam pela história do local, tanto os que são de fora quanto os próprios
moradores. Nesse sentido, fica o questionamento: porque a origem de um povo não é ponto de
interesse a ele mesmo?
Existem pouquíssimos moradores vivos, no ano dessa pesquisa, capazes de contar as
origens do povo e da sua localidade. Pessoas que passam de seus 70 anos em média e que
parcamente contam esses fatos para seus netos e filhos.
Segundo Dona Edeltrudez, 69 anos e moradora de Alto do Capim: “eles não têm
interesse em
saber de nada do que a gente sabe, ficam tudo no celular”
.
A contemporaneidade de fato tem surgido com poucos interesses sobre a nossa
ancestralidade e sobre as memórias que partem do passado. Por isso, questiona-se se de fato o
que pouco se estimula é o fato de não interessar todo o contexto do passado, ou apenas o
passado que não foi exposto ao eurocentrismo.
A pedagogia da ancestralidade remete justamente a importância de valorizar e manter
a resistência desses fatos, que não fazem parte do currículo escolar atual, mas que contém
uma riqueza absurda sobre a origem dos povos que hoje residem ou que já residiram essa
região.
Para Dona Maria Madalena, de 95 anos, moradora e neta da Escrava Nazaria, tudo que
ela aprendeu foi com sua mãe e sua avó. Afirma:
Minha filha, ela raspava palha de licuri pra fazer plástico e linha com o
algodão que dava, ensinou eu a fazer beiju de tapioca, que cessava a
mandioca ralada, pra deixar assentar e assim a gente comer, e eu fazia tudo
que ela ensinava, pra gente poder comer enquanto minha mãe fazia pra
poder vender, na cidade” (Depoimento colhido dia 29/05/2021 de Dona
Maria Madalena, 95 anos)
Por mais que a mesma não tenha participado de aulas formais, dentro de uma escola,
ela carrega consigo informações históricas com um potencial de ensino absoluto sobre
variados assuntos, desde a economia do local, até a culinária, por exemplo. Já que segundo o
relato acima demonstra que a mesma aprendeu com a avó como fazer beijú, alimento que
conhecido em todo o Brasil, porém da culinária típica da Bahia.
Essa informação se encaixaria perfeitamente num ensino de uma aula de Geografia,
História, Artes, ou qualquer outra disciplina prezando um currículo multidisciplinar.
O que a pedagogia ancestral exemplifica é que essas informações, relatos, memórias,
necessitam de uma análise cientifica que inclua no currículo educacional, informações
referentes às origens e raízes de um determinado povo.
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Dona Isaura, ex-vereadora da cidade de Quixabeira-Bahia que estudou até seus 50 e
poucos anos, e concluiu o ensino médio, afirma:
“
[...] Nunca vi nem ouvi ninguém falar a
respeito da comunidade quilombola na escola, as pessoas nem sabe que são, eu mesma acho
que sou morena e um pé meio índia, mas quando cheguei aqui conheci uma neta da escrava,
mas aqui tem sim muita gente quilombola”
Mesmo sendo decretado pela Fundação Cultural Palmares, no ano de 2011, como
comunidade remanescente dos quilombos, os moradores do povoado de Alto do Capim, não
compreendem o que é, e o valor que isso tem e agrega a eles como sociedade. A importância
da pedagogia ancestral é poder dar a esse povo a libertação de encaixar-se socialmente em
ambientes que eles não fizeram parte historicamente, é fazê-los enxerga-se dentro de uma
origem, de uma história, de uma realidade, é fazer parte do ser e do exercer sob o mundo.
Todavia, os processos educativos discorrem de diferentes formas e baseados na
maneira de percepção de importância de uma sociedade como um todo.
Mas levantam-se os questionamentos: O que de fato seria importante para a história?
De que maneira podemos deixar de ensinar que as culturas afrodescendentes não são de fato
interessantes pedagogicamente?
Ao conversar com Dona Isaura, a mesma relatou informações de que o processo de
construção do povoado de Alto do Capim foi com a ajuda dos moradores e da igreja católica.
Considerando esse fator, percebe-se que a cultura local foi guiada por um conceito formador
religioso, que a igreja esteve completamente inserida na formação da sociedade desse
povoado.
Atualmente esses moradores da Comunidade Quilombola de Alto do Capim, não se
sentem pertencentes às raízes culturais dos escravizados, pois quando questionados sobre
serem quilombolas, poucos deles afirmam de maneira concreta e realizada que de fato são.
Alguns ao afirmarem que sim, falam que são, mas não sabem o que de fato significa e que
ninguém explicou quem eram as pessoas que residiram ali no povoado anteriormente.
Por fim, através desses levantamentos, foi perceptível que os moradores apesar de
terem memórias e relatos de histórias das vivências dos antepassados, pouco se identificam e
pouco há a curiosidade de conhecimento sobre suas origens e local de pertencimento.
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Considerações finais
A partir da pesquisa feita com o objetivo de apresentar a importância da pedagogia
ancestral na preservação e valorização da comunidade quilombola de Alto do Capim,
localizada em Quixabeira-Bahia, foi possível perceber que a pedagogia da ancestralidade tem
como potencial demonstrar de maneira prática a importância de uma educação específica, que
valorize a ancestralidade dos indivíduos, suas memórias, culturas e resistências.
Porém foi perceptível também, que, em se tratando da Comunidade Quilombola de
Alto do Capim, os processos de educação informal possuem fragilidades históricas e culturais,
uma vez que há pouco autorreconhecimento da ancestralidade na comunidade.
Por fim, fica evidente que a educação formal através da instituição escolar presente na
comunidade, somada às demais instituições pertencentes ao movimento negro, juntem seus
esforços para transformar a realidade curricular daquela comunidade em processos
pedagógicos multiculturais que auxiliarão na promoção de uma educação pautada no
reconhecimento da realidade de seu povo.
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Como referenciar este artigo
NASCIMENTO, B.; CASTRO, E.; BRAZÃO, P. Pedagogia ancestral: Uma investigação
sobre existência e resistência da identidade da comunidade quilombola de Alto do Capim,
Quixabeira-BA.
Nuances Est. Sobre Educ.
, Presidente Prudente, v. 33, e022006, jan./dez.
2022. e-ISSN: 2236-0441. DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v33i00.9484
Submetido em
:
05/09/2021
Aprovado em
: 21/12/2021
Revisões requeridas
: 07/02/2022
Publicado em
: 31/03/2022
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1
ANCESTRAL PEDAGOGY: AN INVESTIGATION INTO THE EXISTENCE AND
RESISTANCE OF THE IDENTITY OF THE QUILOMBOLA COMMUNITY OF
ALTO DO CAPIM, QUIXABEIRA-BAHIA
PEDAGOGIA ANCESTRAL: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE EXISTÊNCIA E
RESISTÊNCIA DA IDENTIDADE DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE ALTO DO
CAPIM, QUIXABEIRA-BA
PEDAGOGÍA ANCESTRAL: UNA INVESTIGACIÓN SOBRE LA EXISTENCIA Y
RESISTENCIA DE LA IDENTIDAD DE LA COMUNIDAD QUILOMBOLA DE ALTO
DO CAPIM, QUIXABEIRA-BAHIA
Brenna NASCIMENTO
1
Éden de CASTRO
2
Paulo BRAZÃO
3
ABSTRACT
: This article is the result of an ethnographic research carried out in the
Quilombola community of Alto do Capim that sought to investigate: How does an ancestral
pedagogy contribute to the preservation of the identity of the Quilombola Community of Alto
do Capim, in Quixabeira-BA? For this investigation it was necessary to understand how an
ancestral pedagogy contributed to the existence and resistance of the identity of the
Quilombola Community of Alto do Capim, in Quixabeira-BA; understand the relationships
between pedagogy and ancestry; establish the importance of ancestral pedagogy for the
preservation of the identity of quilombola communities; Get to know the history of the
Quilombola Community of Alto do Capim and challenge the elements that foster ancestral
pedagogy in the Quilombola community of Alto do Capim. Therefore, it is concluded that this
is the Quilombola Community of Alto do Capim, the informal education processes have
historical and cultural documents, since there is little self-recognition of ancestry in the
community.
KEYWORDS
: Pedagogy. Ancestry. Ancestral pedagogy.
1
Capim Grosso School of Educational Sciences (FCG), Capim Grosso
–
BA
–
Brazil. Graduated in Pedagogy.
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4650-3183. E-mail: be.aruiva13@gmail.com
2
Bahia State Department of Education (SEC), Quixabeira
–
BA
–
Brazil. Pedagogical Coordinator. Founding
Member and Deputy Director of the Academy Quixabeirense Pedagogy (AQPED). PhD in Education (UNR).
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3601-4899. E-mail: edendecastro@live.com
3
University of Madeira (UMa), Funchal
–
Portugal. Researcher at the Center for Research in Education (CIE-
One). PhD in Education (UMa). Post-doctor in Education (UFS). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3575-
4366. E-mail: jbrazão@staff.uma.pt
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RESUMO
: Este trabalho é fruto de uma pesquisa de natureza etnográfica realizada na
comunidade Quilombola de Alto do Capim que buscou investigar: Como a pedagogia
ancestral contribui para a preservação da identidade da Comunidade Quilombola de Alto do
Capim, em Quixabeira-BA? Para esta investigação foi necessário compreender como a
pedagogia ancestral contribui para a existência e resistência da identidade da Comunidade
Quilombola de Alto do Capim, em Quixabeira-BA; compreender as relações entre pedagogia
e ancestralidade; estabelecer a importância da pedagogia ancestral para a preservação da
identidade das comunidades quilombolas; Conhecer a história da Comunidade Quilombola
de Alto do Capim e discutir sobre os elementos que fomentam a pedagogia ancestral na
comunidade quilombola de Alto do Capim. Portanto conclui-se que em se tratando da
Comunidade Quilombola de Alto do Capim, os processos de educação informal possuem
fragilidades históricas e culturais, uma vez que há pouco autorreconhecimento da
ancestralidade na comunidade.
PALAVRAS-CHAVE
: Pedagogia. Ancestralidade. Pedagogia ancestral.
RESUMEN
: Este trabajo es el resultado de una investigación etnográfica realizada en la
comunidad quilombola de Alto do Capim que buscó investigar: ¿Cómo contribuye la
pedagogía ancestral a la preservación de la identidad de la comunidad quilombola de Alto do
Capim, en Quixabeira-BA? Para esta investigación fue necesario comprender cómo la
pedagogía ancestral contribuye a la existencia y resistencia de la identidad de la Comunidad
Quilombola de Alto do Capim, en Quixabeira-BA; comprender las relaciones entre
pedagogía y ascendencia; establecer la importancia de la pedagogía ancestral para la
preservación de la identidad de las comunidades quilombolas; Conocer la historia de la
Comunidad Quilombola de Alto do Capim y discutir los elementos que fomentan la
pedagogía ancestral en la comunidad quilombola de Alto do Capim. Por lo tanto, se concluye
que en el caso de la Comunidad Quilombola de Alto do Capim, los procesos de educación
informal tienen debilidades históricas y culturales, ya que hay poco autorreconocimiento de
la ascendencia en la comunidad.
PALABRAS CLAVE
:
Pedagogía. Ancestralidad. Pedagogía ancestral.
Introduction
The need to carry out this research arose with the intention of clarifying information,
seeking the insertion of memories, facts, stories and perspectives seen from a field that is not
sufficiently studied. For the realization of the research a place the city of Quixabeira was
chosen, located in the countryside of Bahia, more precisely the quilombola community of
Alto do Capim.
The problem that guides this work is: How does ancestral pedagogy contribute to the
preservation of the identity of the Quilombola Community of Alto do Capim, Quixabeira-
BA? To answer this problem, it was necessary to investigate how ancestral pedagogy
contributes to the existence and resistance of the identity of the Quilombola Community of
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Alto do Capim, in Quixabeira-BA; understand the relations between pedagogy and ancestry;
establish the importance of ancestral pedagogy for the preservation of the identity of
quilombola communities; To know the history of the Community and discuss the elements
that foster ancestral pedagogy in the quilombola community of Alto do Capim.
To carry out the research, we opted for an ethnographic study through participant
observation and interviews in the format of guided conversation.
Ancestral pedagogy
The systematic study of educational praxis that take place in society according to the
fundamental processes of the human condition is what explains the existence of pedagogy.
Therefore, pedagogy is based on human experience and its achievements and executions,
which came to study these important and essential processes that take place in different
contexts and fields of knowledge, and this study analyzes together the idealization of these
methods and problems, configuring pedagogy as the science of education.
The knowledge grid that covers pedagogy is not only intended to centralize in school,
but also in all environments in which individuals are performing their existence, following the
idea that education is in all activities carried out by society as a whole, from the
institutionalized way, at different levels, stages and modalities, even the informal knowledge,
where education will exist. Therefore, all spaces are spaces that have constantly pedagogical
actions.
Thus, the process of teaching and learning takes place since the prehistoric period, in a
process of informal education through which the dissemination and expansion of the
knowledge of a people takes place.
In view of this, many researchers analyze the current contemporary society as a
knowledge society, but it is often not perceived that the pedagogical actions that preceded
technological developments, such as hunting, fishing, the domestication of animals and so
many other points that happened before we even thought about having a teacher as a learning
guide can also be considered as reflexive practices about reality and, therefore, considered as
pedagogical practices that functioned as a form of education among themselves.
Education can take place in different ways and in different places and is a vast field
and under different modalities. Educational practice is one of the components of human
integrity and living in society. The German pedagogue Schmied-Kowarzik (1983) reports on:
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Education is an integral function of the production and reproduction of social
life, which is determined through the natural task and, at the same time,
socially coined in the regeneration of human subjects, without whom there
would be no social praxis. The history of social progress is simultaneously
also a development of individuals in their spiritual and bodily capacities and
in their mutual relationships. Society depends as much on the formation and
evolution of the individuals who constitute them as they cannot develop
outside social relations.
Society and pedagogy are anthropologically linked and continue to be simultaneously
constructor processes, and it is necessary, therefore, that nowadays the importance of the
existence of this dissociation between pedagogy and social practices is recognized, thus
enabling the understanding that, even outside the school, people's stories are being
constructed pedagogically. Formative processes continue to be executed in the midst of the
exchange and communication of human experiences, logos the knowledge and way of acting
of a people are constructed and accumulated based on their informal experiences.
However, education favors the development of individuals in a sociocultural way. And
the functioning of the society in which we are part is based on the phenomenon of educational
social practices, which are being guided indirectly by the people themselves in a fluid way
that unconsciously produces educational material of themselves, about themselves and for
themselves, in a formative didactic field.
It is a social practice that acts in the configuration of individual and group
human existence, to realize in human subjects the characteristics of "human
beings". In a society in which social relations are based on relations of
antagonism, on relations of exploitation of one another, education can only
have an emancipatory nature, because full humanization implies the
transformation of these relations (LIBÂNEO, 1998, p. 7).
Knowing that pedagogy, when placing itself in the world, needs a bond with practice,
with criticism of thought and with the awareness of its space, it must, when reflecting on the
construction of human educational relations of the past, align them not only to human actions
linked to the domain of physical abilities, but also and, above all, on the way in which this
knowledge was passed down through the generations, thus understanding that all
anthropologically constructed human practices were also pedagogical practices.
So, what do we know is pedagogy? It is the relationship between human action and
educational practices, where both are not isolated, and that education is a social phenomenon,
which happens in different media and spaces. The management of pedagogical practice is
precisely linked to the educational processes involved by society. But for pedagogy to be
exercised in a way that has the scientific content tied to the learning bias, conscious,
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organized, intentional and formal there is a need to be seen as a science, which not only
analyzes, but that participates in theoretical practice and the execution of theory in the midst
of practice.
All these formal pedagogical structures go through processes and studies that hold
them as important knowledge so that they are passed on to the people. There are
determinations that numerous historical facts were considered important to the educational
structure. And through this line of study, it is possible to realize that formal education,
pedagogical practices, and curriculum have an anthropological heritage through which they
were formed, that is, the entire structure of formal education was made through the need for
specific learning, based on the ancestors and their empirical experiences.
The concept of ancestry approaches the ideas of history, race and ethnicity, which in
fact confirms an existing connection between what peoples carry, roots, cultures, habits, and
this is very specific: ancestry.
Ancestry is basically the resistance of the people's past and the roots that have been left
for long years beneath the earth, and which have been sought so that they do not remain
submerged and hidden for any longer.
To contextualize about ancestral pedagogy, in a culture that runs away from the
Eurocentric pattern, it is necessary to establish the connection between the experience of a
people and the informal teaching there, because this teaching needs to be established based on
the life experience of each individual, and his way of being the protagonist and executor of his
space.
Ancestral pedagogy presents an ethnocentric study of the importance of studying the
science of the ancestors of peoples who had their roots devalued and segregated, but who
carried them informally and permeated all these teachings through their generations.
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Ancestral pedagogy in quilombola communities
The history of Brazil brings with it the trade and trafficking of blacks who came from
countless parts of Africa and was the country that imported most blacks and the last that
legally abolished slavery. Around 40% of enslaved Africans came to Brazil, and more than
half, specifically 65% of America's black population, are Brazilians.
Because of this, of this whole process of exploration and domination, the Brazilian
people had their history told for years by the Eurocentric look, which still continues to happen
actively in schools, and this brings variables of thoughts and reflections. The African people,
under the dominating and colonizing view, did not have the possibility to build an
appreciation of themselves.
With the decline of sugar systems, the large owners began to make donations of land
as a means of reward, along with the little autonomy of some other owners the slaves were
taking possession of these territories and making them their own abode, Almeida points out
that "in this context, the process of acamponesamento or formation of a layer of small family
producers tends to expand and consolidate" (ALMEIDA, 2002, p. 59). Thus, all these
territorial processes of change that were called quilombo, were adding there a space not only
physical, but expansion and immeasurable size of culture expansion.
In this, the quilombos were basically the insubordination of this black people who
were living in a country with a distinct culture of which they were accustomed in their
original territorial. They were searching for spaces for survival by unlinking themselves from
the slave regime in which they were inserted. Emphasizes the author Haesbaert:
[...] more than the loss or disappearance of territories, we propose to discuss
the complexity of the processes of (re)territorialization in which we are
involved, building much more multiple territories or, more appropriately,
making our multiterritoriality much more complex. Thus, deterritorialization
would [...] be unable to recognize the immanent character of
(multi)territorialization in the lives of individuals and social groups. [...]
These (multi)territorialization processes need to be understood especially by
the potential for innovative political perspectives that they imply
(HAESBAERT, 2004, p. 1).
With the formation of the quilombos and the liberations of the enslaved after long
centuries it was the beginning of an era in which Africans would begin to experience in a new
territory their learnings and hierarchies, adding here to Brazil, the construction of our roots,
beliefs and cultures. And so, while still existing, quilombola communities that have housed
slaves and still harbor descent from them.
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If there is a need for definition and denomination of quilombo of a scientific nature,
the Brazilian Association of Anthropology brings a document with the following definition:
[...] it does not refer to archaeological waste or remnants of temporal
occupation or biological proof. Nor are these isolated groups or a strictly
homogeneous population. Similarly, they were not always constituted from a
common historical reference, constructed from shared experiences and
values (BRAZILIAN ANTHROPOLOGY ASSOCIATION, 1994, p. 81-82).
However, there have been numerous changes and redefinitions since the time,
knowing that today we have as a definition:
Quilombola communities are groups with their own historical trajectory,
whose origin refers to different situations, such as land donations made from
the disaggregation of monocultures; purchase of land by the subjects
themselves, with the end of the slave system; obtained in exchange for the
provision of services; or areas occupied in the process of resistance to the
slave system (BRASIL, 2013).
In this sense, the ancestral pedagogy in quilombola communities aims at the study of
black people and the valorization of the culture and experience of this same people trying to
insert a look of criticality and scientificity as a determining factor for the non-forgetfulness of
the history, memory and culture of the black people and thus be able to expand this
dissemination of this people's dissemination and learning, using the pedagogy of ancestry as
a means of valuing the quilombola community.
The pedagogy of ancestry aims to break with this Eurocentric pattern of Brazilian
history, memory and culture and value all the knowledge that is passed on by the ancestors of
a people, making their beliefs, habits, customs, stories and experiences, important foundations
for the learning of the collectivity, making these learnings become builders of the formator
knowledge of individuals. Thus, the very existence of these people will make their education
guided by the way they live, individually and in society.
Therefore, the need to analyze these historical and cultural artifacts in a scientific way
gives them real importance as a source of study and knowledge. When we point out our
experience anthropologically, we realize that all our cultures are teachings that came from the
past and that they are transformed over time.
Ancestral knowledge is considered as key elements in this learning process of what
would be an Ancestral Pedagogy, considering that the elements of ancestors such as music,
life histories, memories, poems, cooking, recipes, and everything that is passed on from
generation to generation, serves as a means of study for this pedagogy.
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It is important to think about this, because as education was formalized, these elements
were sparsely treated as important, disregarded from traditional and official curricula and
guided by Eurocentric ideals. The cultural realities of black peoples and communities, for
example, have historically been abandoned by curricula and scientific studies, and are often
treated as small relevance and of small prominence.
Quilombola communities are symbols of resistance of the black people. Knowing that
these communities were formed by the fact that the enslaved fugitives needed to gather
somewhere to escape the cruel circumstances in which they were subjected, they found places
that made them feel safe and there began to experience the little knowledge of a utopian
freedom that they could live from there.
After the abolition of slavery, these communities began to allocate more people, and
through there began a resignification of life and a process of adaptation in that new reality,
being able to exercise their culture, beliefs, food and roots, and began to develop and revive
there in those spaces a stretch of their existence before being cruelly torn from their
homeland.
Quilombola communities are spaces, not only territorially or geographically speaking,
but also cultural and formative spaces, which greatly signify the science of past studies and
the importance of preserving history and memory.
Through this, the present day carries with it numerous aspects, material and immaterial
that were left by the slaves and their families, built on top of the new reality created by them.
When we refer to ancestry, it is soon possible to associate the importance of valuing
the cultures that are left by our ancestors, with the pedagogy of ancestry, which points out the
importance of science to study these facts and be able to bring them to the reality of the
formation of individuals, studying the memories left by quilombola communities and causing
them to be formally brought to the reality of society that knows little about itself and its roots.
Many historians have come to see that the sources documenting the past are
not limited to written documents. Artistic manifestations, orality, material
culture and other traces can contribute to the understanding of the past
(ABUD, 1997).
In this sense, we can consider as inheritance left by the quilombos peoples the food,
handicrafts, religiosity, clothing, ways of rearing and raising their children. Clearly, all these
elements are worshiped in a hereditary way and that transcend, but when we approach a
community remaining quilombos, we can realize that, perhaps, it is a culture that has been and
still comes to be interrupted by numerous factors.
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[...] our own daily lives present the importance of material culture for
societies. The objects that make up our house, our clothing, the means of
transport we use, the different instruments used for hygiene, communication,
work, registration and protection, among many others, show not only the
individual dynamics of our lives but also the social means in which we
transit daily. The artifacts conceived and used by human beings are an
important means of preserving memory, reconstructing history and providing
the generations who succeed to build awareness of the historical trajectory of
their society (ABUD; SILVA, U.S.; ALVES, 2013, p. 111).
Today, we have the remaining quilombos communities as a territory that culturally
carry the whole concept of what happened and what the enslaved had to spare themselves, and
their people after the abolition of slavery. When they began to live in freedom, they were able
together to exercise the opportunity to be who they were born to be, being able to make their
food, medicine, games, rituals, have their own faith and so many other points that slavery had
robbed them.
Gradually these lands began to offer to those who inhabited their roots there, and
making them able to put into practice everything they believed they owed and that in fact
made sense to them at that time, amid all the weight they had been carrying for so long.
The historical conflicts perpetuated in the remaining quilombos communities have
made it difficult to implement public policies aimed at such.
Considering that the number of communities that do not have schools is a major, that
is, there are no schools located in the quilombola territories located in them, leading
quilombolas to attend schools outside their origin. Knowing that access to these schools is
difficult, that the government does not provide transport and that schools that will have to
attend located outside the communities do not have a curriculum compatible with their
historical and cultural reality.
The educational, cultural and political dimensions have particularities both in the
historical context and in the Brazilian geographic context. With this in mind, Cne Resolution
08/2012 (BRASIL, 2012) was approved, which defines the National Curriculum Guidelines
for Quilombola School Education in Basic Education. This guideline discusses the fact that
Quilombola School Education needs the specificity of a pedagogy that respects the ethnic-
racial and cultural issues of each community, that in its teaching staff there is specific training
in the teaching staff, teaching materials and paradidactic.
When there is a need for a trained training so that it is possible within the curriculum
to be provided a contextualized education, within the reality of each individual, it fosters the
idea of the need for the approach of ancestral pedagogy.
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It is essential for an education within our guidelines to permeate and talk about
ancestry, especially when there are frequent students living in quilombola communities,
knowing that not all communities have schools and that there are students studying in other
nearby locations.
For the black population, an ancestral pedagogy, in addition to interconnecting its
generations with the contemporary, manages to affect a curriculum permeated with real
knowledge, which transitions from the reality of the student to his ancestors. Thus, the
execution of an inclusive curriculum, having compliance with the laws that certify and
guarantee a basic quality education, containing access to culture, and its origins, and
citizenship can be exercised.
Article 205 of the Federal Constitution establishes that
Education, the right of all and the duty of the State and the family, will be
promoted and encouraged with the collaboration of society, aiming at the
full development of the person, his preparation for the exercise of citizenship
and his qualification for work (BRASIL, 1988).
If education is a right guaranteed to all, the pedagogy of ancestry ensures in a very
objective way the teachings that have been passed on and that still need to be passed on to
society as a whole.
The ancestry linked to the pedagogical, guarantees the quilombolas the valorization
of their memories, inserting them the science of education, using them as a source of didactic
material to be offered and worked on themselves and for themselves.
Philosophies bring to ancestral practices, in addition to welcoming, it also refers to a
liberating, inclusive education that values quilombola communities and their individuals, thus
being able to make them perceive themselves in society based on their origins and those of
their ancestors.
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Methodology
Ethnoresearch is based on the study of a people and the compression of the
construction of their identity, in view of the whole process of history of this same people in
order to reach a certain situation, being joined to the social sciences.
Thus, intimacy, authorization, comprehensive explanation and negotiation,
implying struggles for significant, definitions of situation, construction of
points of view, inflection of historical senses and reflections on the
formative knowledge itself (metaformation), are in the constitutive bases of
what we conceive as a critical and multi-referential ethnoresearch or of an
ethnoresearch‐formation (MACEDO, 2000, p. 207).
For this research of an ethnographic nature, a literature review was initially carried out
with the intention of, when entering the field of research, having an already stocked view of
information so that the collection of them could be facilitated. Participant observations were
also made with the intention of knowing the space and the people belonging there. It is worth
remembering that "observation enables a close personal contact of the researcher with the
researched phenomenon" (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 26) and thus information collection
happens according to the real lived there.
For this research, guided conversation interviews were also conducted with
community representatives, seeking to understand how ancestral pedagogy contributes to the
memory and culture of the Quilombola community of Alto do Capim.
After, with the analysis of the collected data it will be possible to highlight the results
obtained with all the surveys obtained, thus reaching a perspective of conclusion, as gil says:
The analysis aims to organize and sum up the data in such a way that they
allow the provision of answers to the problem proposed for investigation.
The interpretation aims to search for the broader meaning of answers, which
is done through its connection to other knowledge previously obtained (GIL,
1999, p. 168).
The quilombola community of Alto do Capim, located in Quixabeira
–
Bahia, needed
to be the object of this study, because the historical structure that this environment presents
has an immense potential for learning, knowledge and experiences that run the risk of being
erased over the years, with the possible changes of generation and the acts that will arise in
history, if there is no proper record of your entire process.
This data collection and analysis of them aims to make the community be presented
and or remembered to the maximum possible extent, bringing the possibility of possible data
is a generator of ideas, curiosities, actions, which reconsider the valorization of this people.
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Thus, with this study, it is intended that the pedagogy of ancestry has the function of
helping to maintain alive the stories, experiences, tales, and experiences that have permeated
generations, which have empiricism as a form of knowledge sharing, which through it, passes
critically the new generations and thus can perceive themselves in their current and ancestral
environment.
Data analysis and discussion
Through reports of Dona Maria Madalena, her daughter Edeltrudez, and the former
councilwoman of Quixabeira, Dona Isaura, it was possible to collect information about the
origin of the village of Alto do Capim, according to what was taught and passed on to the
people. Therefore, the lack of existing documentation regarding the village makes the
interviews become one of the possible sources of information to ask the necessary questions
and data collection regarding the origin of the village. In this sense, says Alessandro Portelli
(1997, p. 31):
[...] Interviews always reveal unknown events or unknown aspects of known
events: they always shed new light on unexplored areas of the daily life of
non-hegemonic classes [...].
When asked about the fact that a document has not yet been formally made regarding
the information punctuated by the oldest residents of the village, Ms. Isaura replies (in an
interview on May 15, 2022) that there are few people who are interested in the history of the
place, both those who are outside and the residents themselves. In this sense, the question
remains: why is the origin of a people not a point of interest to itself?
There are very few living residents, in the year of this research, able to tell the origins
of the people and their locality. People who pass their 70s on average and who sparsely tell
these facts to their grandchildren and children.
According to Dona Edeltrudez, 69 years old and resident of Alto do Capim: "they have
no interest in knowing anything that we know, everything is on the phone".
Contemporaneity has indeed arisen with few interests about our ancestry and about the
memories that start from the past. Therefore, it is questioned whether in fact what is not
stimulated is the fact that it does not interest the whole context of the past, or just the past that
has not been exposed to Eurocentrism.
The pedagogy of ancestry refers precisely to the importance of valuing and
maintaining the resistance of these facts, which are not part of the current school curriculum,
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but which contains an absurd richness about the origin of the peoples who now reside or who
have already resided in this region.
For Dona Maria Magdalene, 95, a resident and granddaughter of The Nazaria Slave,
all she learned was from her mother and grandmother. Claims:
My daughter, she scraped licuri straw to make plastic and line with the
cotton she gave, taught me to make tapioca beijÚ, which ceased the grated
cassava, to let settle and so we eat, and I did everything she taught, so we
could eat while my mother made to be able to sell, in the city" (Testimony
collected on 29/05/2021 of Dona Maria Madalena, 95 years old)
Although she has not participated in formal classes, within a school, she carries with
her historical information with an absolute teaching potential on various subjects, from the
local economy to cooking, for example. Since according to the above report, it shows that it
learned from the grandmother how to make
beijú
, food that is known throughout Brazil, but
from the typical cuisine of Bahia.
This information would fit perfectly into a teaching of a geography, history, arts, or
any other discipline valuing a multidisciplinary curriculum.
What ancestral pedagogy exemplifies is that this information, reports, memories,
requires a scientific analysis that includes in the educational curriculum, information referring
to the origins and roots of a given people.
Dona Isaura, a former city councilwoman from Quixabeira-Bahia who studied until
her early 50s and finished high school, says: "[...] I've never seen or heard anyone talk about
the quilombola community at school, people don't even know they are, I think I'm brunette
myself and a half-Indian foot, but when I got here, I met a granddaughter of the slave, but
here there are a lot of quilombola people".
Even though it was decreed by the Palmares Cultural Foundation, in 2011, as the
remaining community of quilombos, the residents of the village of Alto do Capim do not
understand what it is, and the value it has and adds to them as a society. The importance of
ancestral pedagogy is to be able to give this people the liberation of socially fitting into
environments that they have not historically been part of, is to make them see themselves
within an origin, a history, a reality, is to be part of being and exercising under the world.
However, educational processes work in different ways and based on the way of
perception of the importance of a society as a whole.
But the questions arise: What would indeed be important for history? How can we fail
to teach that Afro descendant cultures are not actually pedagogically interesting?
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When talking with Dona Isaura, she reported information that the process of building
the village of Alto do Capim was with the help of the residents and the Catholic church.
Considering this factor, it is perceived that the local culture was guided by a religious
formator concept, that the church was completely inserted in the formation of the society of
this village.
Currently these residents of the Quilombola Community of Alto do Capim do not feel
belonging to the cultural roots of the enslaved, because when asked about being quilombolas,
few of them affirm in a concrete and realized way that they really are. Some say yes, they say
they are, but they don't know what it really means and that no one has explained who the
people who lived there in the village before.
Finally, through these surveys, it was noticeable that the residents, despite having
memories and stories of the experiences of the ancestors, little identify themselves and there is
little curiosity of knowledge about their origins and place of belonging.
Final considerations
From the research done with the objective of presenting the importance of ancestral
pedagogy in the preservation and valorization of the quilombola community of Alto do
Capim, located in Quixabeira-Bahia, it was possible to realize that the pedagogy of ancestry
has the potential to demonstrate in a practical way the importance of a specific education,
which values the ancestry of individuals, their memories, cultures and resistances.
However, it was also noticeable that, in the case of the Quilombola Community of
Alto do Capim, the processes of informal education have historical and cultural weaknesses,
since there is little self-recognition of ancestry in the community.
Finally, it is evident that formal education through the school institution present in the
community, added to the other institutions belonging to the black movement, join their efforts
to transform the curricular reality of that community into multicultural pedagogical processes
that will help in the promotion of an education based on the recognition of the reality of its
people.
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2022. e-ISSN: 2236-0441. DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v33i00.9484
Submitted
:
05/09/2021
Approved
: 21/12/2021
Revisions required
: 07/02/2022
Published
: 31/03/2022