Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023019, 2023. e-ISSN: 2236-0441

DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.9360 1

COMUNIDADES DE PRÁTICA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UM OLHAR

PARA AS PESQUISAS NO BRASIL

COMUNIDADES DE PRÁCTICA Y FORMACIÓN DOCENTE: UNA MIRADA A LA

INVESTIGACIÓN EN BRASIL

COMMUNITIES OF PRACTICE AND TEACHER FORMATION: A LOOK TOWARDS

RESEARCH IN BRAZIL

Andressa Freitas LOPES1

e-mail: dressa1004@hotmail.com

Luiz Caldeira Brant de TOLENTINO NETO2

e-mail: luiz.neto@ufsm.br

Como referenciar este artigo:

LOPES, A. F.; TOLENTINO NETO, L. C. B. Comunidades de

Prática e a formação de professores: Um olhar para as pesquisas no

Brasil. Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v.

34, n. 00, e023019, 2023. e-ISSN: 2236-0441. DOI:

https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.9360

| Submetido em: 10/09/2023

| Revisões requeridas em: 22/10/2023

| Aprovado em: 15/11/2023

| Publicado em: 30/12/2023

Editores:

Profa. Dra. Rosiane de Fátima Ponce

Prof. Dr. Paulo César de Almeida Raboni

Editor Adjunto Executivo:

Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria – RS – Brasil. Licenciada em Química e Ciências

Biológicas. Mestra e Doutoranda pelo PPG Educação em Ciências.

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria – RS – Brasil. Professor no Departamento de

Metodologia do Ensino.

Comunidades de Prática e a formação de professores: Um olhar para as pesquisas no Brasil

Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023019, 2023. e-ISSN: 2236-0441

DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.9360 2

RESUMO: Nesta pesquisa, objetiva-se mapear os estudos, no Brasil, nas últimas duas décadas,

acerca de Comunidades de Prática (CoP) envolvendo professores. Para tal, construiu-se um

estado da arte das publicações do Portal de Periódicos da CAPES, utilizando como descritor,

“Comunidades de Prática” combinado com outros seis descritores. Por meio da análise de

conteúdo, constituiu-se um corpus de 33 artigos. Como resultado, foi identificado a

predominância de estudos nas áreas da Matemática e das Linguagens, mais concentrados nas

regiões Sul e Sudeste do país. Ainda, identifica-se as CoP na contribuição para a identidade

profissional, no desenvolvimento de conhecimentos e atividades específicas, na aliança com

tecnologias. Infere-se que as Comunidades de Prática ainda são pouco estudadas nas áreas de

Educação em Ciências no Brasil, porém, quando exploradas, resultam em uma potente

qualificação da práxis docente, no convívio com o coletivo e no crescimento como ser humano.

PALAVRAS-CHAVE: Comunidade de Prática. Formação de professores. Trabalho coletivo.

Estado da arte.

RESUMEN: En esta investigación, el objetivo es mapear estudios en Brasil sobre

Comunidades de Práctica (CoP) que involucran docentes, de las últimas dos décadas. Para

ello, se elaboró un estado del arte de las publicaciones en el Portal de Revistas de la CAPES,

utilizando como descriptor “Comunidades de Práctica” combinado con otros seis descriptores.

A través del análisis de contenido se creó un corpus de 33 artículos. Como resultado, se

identificó un predominio de estudios en las áreas de Matemáticas y Literatura, así como en las

regiones Sur y Sudeste de Brasil. Aun así, nos vemos como CoP en los siguientes aspectos:

contribución a la identidad profesional, desarrollo de conocimiento y actividades específicas,

alianza con tecnologías, creación de una nueva CoP. Se infiere que las CoP aún son poco

estudiadas en las áreas de la Educación Científica en Brasil, sin embargo, cuando son

exploradas, resultan en una poderosa calificación de la praxis docente, la convivencia con el

colectivo y el crecimiento como ser humano.

PALABRAS CLAVE: Comunidad de Práctica. Formación de profesores. Trabajo colectivo.

Estado del arte.

ABSTRACT: This study seeks to map Brazilian research about Communities of Practice (CoP)

involving teachers in the last two decades. For this, I developed a state-of-the-art publication

in the Portal of Journals from CAPES, utilizing the descriptor ‘Communities of Practice’

combined with six other descriptors. Through content analysis, it constituted a corpus of 33

articles. As a result, the predominance of studies in the fields of mathematics and languages

and the tendency for authorship from the south and southeast regions were identified. Also, it

was perceived that CoP contributed to the professional identity, development of knowledge and

specific activities, alliance with technologies, and constitution of new CoP. It is inferred that

CoPs are still understudied in the Science Education area in Brazil; however, when explored,

it results in a powerful qualification of the teacher praxis in the interaction with the collective

and in personal growth.

KEYWORDS: Community of Practice. Teacher formation. Collective work. State of art.

Andressa Freitas LOPES e Luiz Caldeira Brant de TOLENTINO-NETO

Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023019, 2023. e-ISSN: 2236-0441

DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.9360 3

Introdução

Comunidade de Prática, termo originado na década 1990, diz respeito a um grupo de

indivíduos que interage de acordo com um tema/interesse comum, cuja finalidade é adquirir

uma aprendizagem individual e coletiva através das relações sociais, do senso de pertencimento

e de identidade, do engajamento mútuo, do empreendimento conjunto e do repertório

compartilhado (WILBERT; DANDOLINI; STEIL, 2018). Dessa forma, é “composta por um

arcabouço conceitual que reflete sobre a aprendizagem na sua dimensão social” (PAULINO,

2011, p. 25).

As Comunidades de Prática (Cop) são apontadas como relevante locais de criação e

manutenção do conhecimento, sendo consideradas por Cavalcanti, Gomes e Pereira (2001),

como “oficinas intelectuais”, no qual um grupo de pessoas busca, da melhor maneira possível,

aprender mais, solucionar dúvidas e resolver problemas. Davenport e Prusak (1998)

complementam descrevendo-as como estratégias que visam incentivar a criatividade,

aperfeiçoar competências e gerar inovações.

O termo pode ser recente, porém, a noção de trabalho em conjunto ou em equipe é tão

antiga quanto os primeiros hominídeos que já viviam em comunidades sociais, abrigando-se

juntos e reunindo-se para (re)formular estratégias de caça, criar ferramentas ou falar sobre quais

raízes seriam comestíveis (WENGER; MCDERMOTT; SNYDER, 2002). Hábitos que, ao

trazer benefícios e vantagens, persistem até hoje, alcançando os mais diversos aspectos da vida.

Neste sentido, todos nós, de alguma forma, já pertencemos e vivenciamos experiências

coletivas, comunitárias e colaborativas próximas a uma CoP, ou até mesmo, uma própria CoP,

seja no ambiente de trabalho, na escola, em casa ou em nossos momentos de lazer (WENGER,

1998; 2010).

Isto posto, com mais de 30 anos desde sua origem como conceito, as CoP apresentam

uma ampla presença nas pesquisas no Brasil nas mais diversas áreas, como na saúde, educação,

gestão organizacional, gestão do conhecimento, sociologia. Na esfera educacional, as CoP

aparecem por meio de temáticas: contribuições para a construção da identidade profissional

(PAMPLONA; CARVALHO, 2009; RAMOS; MANRIQUE, 2015), local para

desenvolvimento de conhecimentos e atividades, como planejamentos, aulas e experiências

(AZEVEDO; PUGGIAN; FRIEDMANN, 2013), dentre outros. O conceito mostrou-se uma

ferramenta pertinente para estudos e pesquisas relacionadas às mais variadas áreas, incluindo a

formação de professores (RAMOS; MANRIQUE, 2015).

Comunidades de Prática e a formação de professores: Um olhar para as pesquisas no Brasil

Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023019, 2023. e-ISSN: 2236-0441

DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.9360 4

Na Educação, a preocupação com o aperfeiçoamento para alcançar uma maior

qualificação da educação pública por meio da formação de professores ganhou destaque nos

últimos 20 anos (Gatti, 2010), seja na formação inicial, continuada ou mesmo nas escolas de

Educação Básica. Considera-se o trabalho docente como complexo, reflexivo e constante,

existindo um movimento de exigências e aspirações no aperfeiçoamento do “ser professor”.

Logo, faz-se essencial, competências individuais, experienciais e coletivas, no qual “os

conhecimentos produzidos pelo e no trabalho coletivo são singulares tanto no conteúdo quanto

na forma, isso porque eles se desenvolvem a partir de uma riqueza de vivências dos sujeitos

(conteúdo) e nas relações com o grupo (forma)” (COSTA; VARANI, 2017, p. 54).

Essa troca de experiências e a partilha dos saberes auxiliam uma formação mútua em

que, ao mesmo tempo que o professor forma, também se forma. Assim, é indispensável “[...]

dar lugar destacado à criação de espaços de trabalho em grupo e de debate, que permitam a

articulação entre experiências pessoais e experiências partilhadas” (ESTEVES, 2010, p. 52).

Neste aspecto, diversos trabalhos discutem a relevância do trabalho coletivo entre

professores. Para Chaluh (2010) e Cunha, Ometto e Prado (2013) este tipo de serviço acarreta

em oportunidades privilegiadas de reflexão sobre a rotina escolar, bem como na criação de

parcerias que visam o aperfeiçoamento dos processos de ensino e aprendizagem. A partir da

interação e reflexão compartilhada em grupo, os professores são capazes de problematizar

aspectos sociais e políticos de ensino, tendo em vista suas próprias práticas em sala de aula,

tanto no que tange aos estudantes, quanto ao que tange suas condições de trabalho (ZEICHNER,

1993). Portanto, traz consigo o

[...] apoio moral, que auxilia a ultrapassar fracassos, a eficiência acrescida,

que permite o rompimento de redundâncias no trabalho em conjunto, a

eficácia melhorada, a partilha de ideias, experiências e responsabilidades, o

que leva o docente a ser mais eficiente, a sobrecarga de trabalho reduzida,

partilha de ideias e de circunstâncias reduzindo o excesso de trabalho e

aumentando a criatividade; a certeza situada, o trabalho em conjunto reduz a

insegurança, a capacidade de reflexão acrescida possibilita a reflexão e

promove o diálogo sobre as próprias práticas curriculares, melhorando-as, as

oportunidades de aprendizagem proporcionam aos docentes o aprendizado

mútuo, e ao aperfeiçoamento contínuo, a colaboração incentiva os docentes a

encararem a mudança como um processo de aprimoramento constante em que

poderão encontrar respostas aos problemas diagnosticados (HARGREAVES

1998 apud CARVALHO, 2018, p. 41).

O que dá sentido à formação é o diálogo entre os professores, a análise rigorosa das

práticas e a procura coletiva das melhores formas de agir” (NÓVOA, 2011, p. 72, grifo do

Andressa Freitas LOPES e Luiz Caldeira Brant de TOLENTINO-NETO

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autor). Logo, “à medida que um indivíduo progride em uma Comunidade de Prática, as

aprendizagens acontecem e o indivíduo se constrói” (AZEVEDO, 2016, p. 71).

Dessa forma, dar-se-á foco nesta escrita, aos ambientes relacionados à formação

docente, tentando responder às seguintes questões: Existem trabalhos que abordam

Comunidades de Prática relacionadas aos docentes? Se sim, como elas aparecem? Para tal,

mapearam-se os estudos acerca de Comunidades de Prática entre professores das últimas duas

décadas no Brasil, por meio de um estado da arte das publicações no Portal de Periódicos da

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) utilizando o descritor

“Comunidades de Prática” combinado com outros seis descritores (formação docente, exercício

docente, prática docente, atividade docente, trabalho docente e formação de professores).

Percurso metodológico

No intuito de investigar como as Comunidades de Prática relacionadas aos docentes

emergem no contexto brasileiro nos últimos anos, elaborou-se uma pesquisa de cunho quanti-

qualitativo, considerada um Estado da Arte. Buscou-se, ainda, analisar de forma sistematizada

a distribuição temporal, o locus de publicação, a filiação dos autores e como as CoP são

empregadas.

O Estado da Arte, consiste em “inventariar, sistematizar e avaliar a produção científica

numa determinada área (ou tema) de conhecimento, buscando identificar tendências e descrever

o estado do conhecimento de uma área ou de um tema de estudo” (Fiorentini, Lorenzato, 2006,

p. 103). Pesquisas deste tipo visam “reconhecer e identificar os principais resultados das

investigações realizadas na área investigada, as principais tendências temáticas assim como as

abordagens dominantes e emergentes” (VIOL; MISKULIN, 2014, p. 511). Este esforço de

pesquisa, permite ao pesquisador compreender o desenvolvimento histórico de determinado

assunto, iluminar aspectos-chave na construção do objeto de pesquisa, bem como desvendar

brechas ainda inexploradas.

É importante destacar alguns cuidados necessários na opção por este método de estudo,

a fim de não o confundir com outras metodologias, especialmente aquelas de natureza

bibliográfica. É crucial analisar o recorte temporal mais apropriado e os bancos de dados de

pesquisa relevantes. É preciso considerar também as etapas de pesquisa e estabelecer os

Comunidades de Prática e a formação de professores: Um olhar para as pesquisas no Brasil

Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023019, 2023. e-ISSN: 2236-0441

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critérios evidentes para a seleção do material que constituirá o corpo do estudo. Essas etapas

são essenciais para garantir a validade e a confiabilidade dos resultados obtidos.

Deste modo, adotou-se para esta etapa os aspectos sistematizados por Romanowski e

Ens (2006): 1) definição do recorte temporal e dos descritores para buscas; 2) definição da(s)

plataforma(s) de indexação; 3) definição dos critérios para seleção dos materiais; 4)

levantamento e sistematização dos materiais e, 5) leitura e organização dos materiais. Na

sequência desenvolveu-se, em outubro de 2021, um levantamento das publicações no Portal de

Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) em um

computador conectado à rede de Internet de uma universidade pública. Enfatiza-se que esta

plataforma foi escolhida por ser uma política pública do governo brasileiro de acesso livre à

informação científica nacional e internacional.

Como descritores, utilizou-se o termo “Comunidades de Prática” combinado com os

descritores “Formação docente”, “Exercício docente”, “Prática docente”, “Atividade docente”,

“Trabalho docente” e “Formação de Professores” para os últimos 20 anos (período em que as

publicações científicas digitais abertas se tornaram comuns no Brasil). Para tal, obtivemos os

seguintes resultados quantitativos:

• Comunidade de Prática + Formação docente: 66 produções;

• Comunidade de Prática + Exercício docente: 6 produções;

• Comunidade de Prática + Prática docente: 63 produções;

• Comunidade de Prática + Atividade docente: 24 produções;

• Comunidade de Prática + Trabalho docente: 29 produções;

• Comunidade de Prática + Formação de professores: 132 produções.

Para a análise dos trabalhos encontrados, baseou-se na metodologia de Bardin (2011),

seguindo os seguintes passos: a) Pré-análise: realização da leitura “flutuante” dos textos, no

qual busca-se conhecer a pesquisa, organizar as ideias iniciais e (re)formular de hipóteses,

também é realizado a elaboração de indicadores essenciais para discussão dos resultados; b)

Codificação: agrupamento dos dados brutos do artigo, que proporciona a descrição e

detalhamento da pesquisa; c) Categorização: espaço para diferenciação e reagrupamento de

características comuns aos critérios estabelecidos previamente; d) Inferência: interpretação dos

resultados encontrados e, e) Informatização: utilização de recursos (programas, plataformas e

softwares) para a organização e realização da análise. Assim, os artigos foram analisados pelas

Andressa Freitas LOPES e Luiz Caldeira Brant de TOLENTINO-NETO

Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023019, 2023. e-ISSN: 2236-0441

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seguintes categorias, definidas a priori: (i) Ano de publicação; (ii) Local de publicação; (iii)

Filiação institucional dos autores (iv) Como a CoP é empregada no estudo.

Resultados e discussões

Seguindo as etapas da metodologia mencionada anteriormente, foram identificados um

total de 320 artigos. Após uma leitura inicial dos trabalhos completos, os artigos duplicados

e/ou que apresentavam os descritores apenas nas referências foram excluídos, assim como

aqueles que se referiam às Comunidades de Prática (CoP) apenas com professores do Ensino

Superior (sem relação com licenciandos ou licenciados da Educação Básica) e/ou formadas fora

do Brasil. Ao final deste processo, foram selecionados 33 artigos que relacionavam diretamente

os descritores mencionados. Esses trabalhos estão apresentados, em ordem cronológica, no

Quadro 1.

Quadro 1 — Artigos indexados no portal de periódico CAPES que relacionam CoP

com professores (ordem cronológica)

nº

Ano

Revista

Afiliação

dos autores

Título

2009

Bolema

UFMT

UNICAMP

O Ensino de Estatística na Licenciatura em

Matemática: a inserção do licenciando na

comunidade de prática dos professores de

Matemática

2010

Bolema

UNESP

Uma Caracterização do Centro de Educação

Matemática – CEM (1984–1997) como uma

Comunidade de Prática de Formação Continuada de

Professores de Matemática

2011

Ciência & Educação

UFBA

Universidade

de Burgos

Participação em uma comunidade virtual de prática

desenhada como meio de diminuir a lacuna pesquisa-

prática na educação em Biologia

2013

Tear: Revista de

Educação Ciência e

Tecnologia

UFRGS

História da matemática & tecnologias da informação

e comunicação: uma experiência semipresencial

cooperativa na formação de professores

2014

Revista da FAEEBA

UEL

Aprendizagens de professoras que ensinam

Matemática em uma Comunidade de Prática

2014

Educar em Revista

UFPR

A utilização das TIC nos processos de formação

continuada e o envolvimento dos professores em

Comunidades de Prática

2015

Ilha do Desterro

UFRGS

FURG

Inglês sem fronteiras: uma mirada ao contexto de

prática pelo prisma da formação de professores

2015

ScientiaTec

IFRS

Comunidades de Prática docente: uma alternativa

para a formação continuada de professores

2015

Química Nova

USP

A formação de professores em Comunidades de

Prática: o caso de um grupo de professores de

química em formação inicial

Comunidades de Prática e a formação de professores: Um olhar para as pesquisas no Brasil

Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023019, 2023. e-ISSN: 2236-0441

DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.9360 8

2015

Bolema

PUCSP

Comunidade de Prática de Professores que Ensinam

Matemática como Espaço de Negociações de

Significados sobre a Resolução de Problemas

2016

Revista Ibero-

Americana de Estudos

em Educação

UFSCar

Comunidade de prática no ensino superior

2016

Jornal Internacional de

Estudos em Educação

Matemática

UFPR

UEL

Desenvolvimento Profissional de Professores em

Educação Estatística

2016

Educação Matemática

Pesquisa

UEL

Comunidades de Prática como contexto para o

desenvolvimento profissional docente em Educação

Estatística

2016

Revista da Faculdade

de Letras da

Universidade do Porto

Universidade

do Porto

Narrativas acerca da formação de professores de

Educação Física em contexto de prática

supervisionada

2016

Bolema

UEL

Mathematics Teachers’ Professional Identity

Development in Communities of Practice:

Reifications of Proportional Reasoning Teaching

2017

Educação Matemática

Pesquisa

UEL

Ações da formadora e a dinâmica de uma

comunidade de prática na constituição/mobilização

de TPACK

2017

Revista Portuguesa de

Educação

Universidade

do Porto

O valor formativo das Comunidades de Prática na

construção da identidade profissional

2018

Educação

UERJ

Parceria entre universidade e escola básica: formando

uma comunidade de prática?

2018

Revista

@ambienteeducação

Faculdade

Sumaré

PUC-SP

Aprendizagem da Docência: investigando a

participação de duas estudantes de Pedagogia em

uma Comunidade de Prática

2018

Educação Matemática

Pesquisa

UEL

Universidad

e de Lisboa

Análise de tarefas cognitivamente desafiadoras em

um processo de formação de professores de

Matemática

2019

EccoS – Revista

Científica

USP

PUC-SP

CPS

Educação Profissional e Formação Docente: um

estudo sobre comunidades de prática

2019

Revista Mundi Sociais

e Humanidades

IFC

IFPR

Comunidades de Prática: a prática educacional na

prática

2019

Revista Ibero-

Americana de Estudos

em Educação

UnB

Comunidades de práticas como espaços de formação

inicial na educação de jovens e adultos

2019

Calidoscópio

Framingham

State

University

A Formação no Seminário do Programa de Português

para Estrangeiros da Universidade Federal do Rio

Grande do Sul: uma modalidade híbrida de

aprendizagem do professor-autor

2019

Educação Matemática

Pesquisa

UFOP

PUCSP

Sou professora de Matemática tradicional! Análise de

traços de identidade de Amanda em relação à

constituição profissional

2019

Revista Thema

IFSul

PUCRS

A estruturação de subprojetos de Química do

PIBID na forma de uma Comunidade de Prática:

vivências desse modo de formação de professores no

Rio Grande do Sul

2019

Alexandria

UEL

Condicionantes de aprendizagens de professores que

ensinam matemática em contextos de Comunidade de

Prática

2019

Caderno Brasileiro de

Ensino de Física

UFRGS

Recursos Educacionais Abertos para o Ensino de

Física: um curso de extensão para licenciandos

brasileiros e colombianos

2019

Educação Matemática

Pesquisa

UEL

UNESPAR-

Ações de uma formadora no desenvolvimento da

agência profissional de professoras em uma

Comunidade de Prática

Andressa Freitas LOPES e Luiz Caldeira Brant de TOLENTINO-NETO

Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023019, 2023. e-ISSN: 2236-0441

DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.9360 9

Fonte: Autores (2021).

Em primeira instância, analisar-se a segunda coluna do Quadro 1, dedicada aos anos de

publicação destes periódicos, nota-se que o primeiro trabalho surge somente no ano de 2009.

Uma mudança no cenário começa a desenrolar-se nos anos de 2014, 2015 e 2016, quando há

um leve crescimento de publicações sobre essa temática, com respectivamente dois, quatro e

cinco artigos selecionados. Nos anos seguintes, o número de publicações foi de 2 artigos em

2017 e três artigos em 2018. O volume de produções atingiu um novo recorde no ano de 2019,

alcançando 10 artigos indexados na plataforma. Todavia, o quantitativo não se manteve em

2020, reduzido ao patamar de três artigos.

Ao observar mais de perto o ano de 2019, pode-se notar que a conceituação de CoP

relacionada à formação de professores começa a se tornar expressiva nas pesquisas brasileiras.

Contudo, ressalta-se que, devido à data de coleta dos dados, algumas edições mais recentes de

publicações poderiam ainda não estarem disponíveis no Portal de Periódicos CAPES.

Esse aumento a partir dos anos de 2015/2016 é encontrado também por Rodrigues, Silva

e Miskulin (2017), em seu levantamento de dissertações e teses no Banco da Capes da

Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e por Wilbert, Dandolini e Steil

(2018) no mapeamento de artigos e periódicos dentro dessa temática das Comunidades de

Prática. Ademais, apesar da existência de outros levantamentos sobre CoP relacionadas a

Educação, nas mais diversas plataformas, e com os mais variados descritores que a relacionam,

nenhuma justificativa foi encontrada para o aumento de publicações nestes anos.

Na terceira coluna, que diz respeito ao local de publicação dos artigos analisados, foi

identificada uma predominância de publicações nas revistas Educação Matemática Pesquisa:

Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação Matemática (cinco artigos) e

Bolema - Boletim de Educação Matemática (quatro artigos). Pode-se concluir também quanto

às áreas do conhecimento (componentes disciplinares), que existe uma maior produção

acadêmica na área da Educação Matemática, totalizando 13 dos 33 artigos (ou

2019

Revista Linguagem &

Ensino

Framingham

State

University

UFRGS

A interlocução com os pares na formação profissional

e a construção da identidade do professor-autor-

formador

2020

Revista da FAEEBA

PUC-PR

Aprendizagem da docência para a Educação Básica

em Comunidades de Prática

2020

Research, Society and

Development

UFSC

UFS

Aprender o ofício acadêmico: impressões

etnográficas sobre espaços de formação profissional

no Ensino Superior

2020

Revista Brasileira de

Pesquisa em Educação

em Ciências

UFPI

USP

A Formação de Comunidades de Prática no Ensino

de Física: Uma Análise a Partir de Grupos de Estudo

de Aula

Comunidades de Prática e a formação de professores: Um olhar para as pesquisas no Brasil

Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023019, 2023. e-ISSN: 2236-0441

DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.9360 10

aproximadamente 40%). As CoP constituídas por membros de diversas áreas e de diferentes

níveis de ensino (aqui intituladas de multidisciplinares), integram 6 artigos desta amostra. Na

sequência, temos as áreas de Pedagogia e Linguagens com três artigos, seguido de dois artigos

nas áreas de Sociais e Humanidades, Física e Química. Por fim, temos as áreas da Biologia e

da Educação Física com apenas um artigo.

Sobre isso, observa-se que áreas como Ciências da Natureza, Saúde e Ciências Humanas

exploram ainda timidamente este campo de pesquisa. Em contrapartida, os estudos de CoP na

área da gestão organizacional, elaborado por Wilbert, Dandolini e Steil (2018), demonstram

uma porcentagem considerável nesses campos do conhecimento, como demonstrado na Figura

Figura 1 - Distribuição das pesquisas de CoP na área da gestão organizacional

Fonte: Wilbert, Dandolini e Steil, 2018.

Esses dados reforçam a percepção de uma dificuldade existente na formação de grupos

interdisciplinares e/ou transdisciplinares na área das Ciências Naturais. Apesar disso, ressalta-

se o quanto é crucial estes níveis de integração, uma vez que podem complementar a abordagem

disciplinar quando desenvolvidos em ambientes escolares e na formação de professores,

fazendo

[...] emergir novos dados a partir da confrontação das disciplinas que os

articulam entre si; ela nos oferece uma nova visão da Natureza e da Realidade.

A transdisciplinaridade não procura o domínio de várias disciplinas, mas a

abertura de todas as disciplinas ao que as une e as ultrapassa. [...] A visão

transdisciplinar é resolutamente aberta na medida em que ela ultrapassa o

campo das ciências exatas devido ao seu diálogo e sua reconciliação, não

somente com as ciências humanas, mas também com a arte, a literatura, a

poesia e a experiência interior [...] (NICOLESCU et al., 2000, p. 168-169).

Andressa Freitas LOPES e Luiz Caldeira Brant de TOLENTINO-NETO

Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023019, 2023. e-ISSN: 2236-0441

DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.9360 11

Na quarta coluna, a respeito da distribuição geográfica da filiação dos autores principais

dos artigos envolvendo as CoP, observa-se uma predominância na região Sul e Sudeste,

totalizando 10 artigos de autores das Faculdades e Universidades do Paraná, 6 no estado de São

Paulo, 5 no Rio Grande do Sul, 2 em Santa Catarina e 1 nos estados do Rio de Janeiro e de

Minas Gerais. Com uma perceptiva distância no número de publicações, encontram-se 3 artigos

na região Centro-Oeste e 1 na região Nordeste. Repara-se, também, nos 4 artigos de autores

filiados a instituições internacionais, sendo elas, Portugal e Estados Unidos da América. Assim,

a única região brasileira não contemplada por publicações relacionadas às Comunidades de

Prática, é a região Norte.

Em comparação com o estudo elaborado por Rodrigues, Silva e Miskulin (2017), é

possível inferir uma aproximação dos resultados, já que os autores identificaram que, 43 das 46

pesquisas selecionadas, foram elaboradas por autores da região Sul e Sudeste. Isso traz a essa

pesquisa uma importante consideração, pois reafirma as regiões que possuem grupos que têm

se dedicado às Comunidades de Prática relacionadas ao exercício docente.

Por fim, destes trabalhos publicados, em diferentes áreas, lugares e anos, buscou-se

compreender o papel que a CoP desenvolvia em cada um deles. Para isso, utilizou-se da análise

de Bardin (2011) com as seguintes perguntas norteadoras: Qual é o objeto de estudo dessas

produções? O que investigam?

Emergiram quatro categorias, elencadas no Quadro 5: “Importância da CoP quanto à

contribuição para a identidade profissional”, “CoP como espaço para o desenvolvimento de

conhecimentos e atividades específicas”, “As Tecnologias aliadas a CoP” e “Potencial

constituição de nova CoP”. Ressalta-se que, em alguns trabalhos o enquadramento do objetivo

da CoP, ficou em mais de uma categoria, pois há sobreposições, sendo os limites entre as

categorias tênues e graduais. Sabe-se das limitações que se assume ao estabelecer categorias,

mesmo assim, é primordial tê-las como forma de sistematizar o que é encontrado na pesquisa,

além de formas para se buscar padrões, tendências, movimentos, potencialidades, etc.

Comunidades de Prática e a formação de professores: Um olhar para as pesquisas no Brasil

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Quadro 2 - Categorias do papel da CoP empregada nos artigos indexados no Portal do periódico da

CAPES de 2001 a 2021

Categorias

Total de

artigos

Artigos categorizados

Importância da CoP quanto à

contribuição para a identidade

profissional

1, 2, 5, 7, 9, 10, 12, 13, 14, 15, 17, 19, 21,

23, 24, 25, 26, 27, 29, 30, 31, 32 e 32

CoP como espaço para o

desenvolvimento de conhecimentos e

atividades específicas

3, 5, 8, 9, 10, 12, 13, 15, 16, 18, 19, 20,

22, 28 e 29

As Tecnologias aliadas a CoP

4, 6, 8 e 16

Potencial constituição de uma nova CoP

11, 18, 28, 32 e 33

Fonte: Autores, 2021.

Na primeira categoria, intitulada “Importância da CoP quanto à contribuição para a

identidade profissional", se faz presente 23 dos artigos analisados. Nela, as CoP apresentam

como objetivo, identificar e analisar elementos agregadores para o desenvolvimento

profissional, seja na formação inicial ou continuada de professores. Como exemplo, tem-se o

trabalho de Douglas Tinti e Ana Lúcia Manrique (2019, p. 1), que “analisa a constituição

profissional e o entendimento acerca dos processos de ensino e de aprendizagem de uma

professora de Matemática, denominada Amanda, membro de uma Comunidade de Prática –

CoP, constituída em um dos projetos do OBEDUC”. Tem-se também, o artigo de Inês Cardoso,

Paulo Batista e Amândio Graça (2016, p. 1), que objetiva “captar o olhar interno de uma

professora cooperante sobre a dinâmica da comunidade de prática na reconstrução da identidade

profissional de três estagiários de Educação Física”.

Sobre a identidade do docente, deve-se considerar sua fluidez, instabilidade e evolução

que são fortemente influenciadas pelos contextos socioculturais e pelo seu ambiente de atuação.

Logo, a (re)construção da identidade do professor é um processo dinâmico, com inúmeras

(re)interpretações. Exemplo esse exposto no artigo de Alves, Queiros e Batista (2017, p. 170),

em que diferentes agentes do conhecimento trabalham juntos “face a um objetivo comum,

negociam significados, interagem de forma contínua, produzem e partilham novo conhecimento

que, em última instância, levará à (re)construção da Identidade do Professor”.

Na segunda categoria, com 15 resultados, encontram-se pesquisas relacionadas a “CoP

como espaço para o desenvolvimento de conhecimentos e atividades específicas”, em que são

incluídos artigos que tratam da CoP como espaço para criação, confecção e planejamento de

atividades, que buscam o aprimoramento da práxis em sala de aula. Em exemplificação a esta

categoria, tem-se o trabalho de Douglas de Souza, Elkin Vera Rey e Ives Araujo (2019, p. 795),

Andressa Freitas LOPES e Luiz Caldeira Brant de TOLENTINO-NETO

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que retrata uma congregação “de licenciandos de Física colombianos e brasileiros, buscando

favorecer o eventual surgimento de uma Comunidade de Prática interessada no

desenvolvimento de Práticas Educacionais Abertas no Ensino de Física”.

Nessa CoP, constituída para a formação de professores, os membros discutem e refletem

seus saberes, constroem relacionamentos de confiança e, nesse processo, desenvolvem

atividades para auxiliar e complementar sua práxis em sala de aula. “O propósito de constituir

uma CoP de formação de professores é o de romper com modelo de formação baseado em

cursos de treinamento nos quais os conteúdos e a gestão sejam pré-determinados pelo formador

ou pela instituição formadora” (CYRINO; BALDINI, 2017), tornando assim, o processo de

construção de conhecimento dinâmico, maleável e coletivo.

Compondo a categoria “As Tecnologias aliadas a CoP”, foram encontrados quatro

artigos que descrevem e demonstram o uso de Tecnologias Digitais ou das Tecnologias

Educacionais em Rede como importantes alicerces para formação de uma CoP composta por

professores e licenciandos. Para retratar esta categoria, há o trabalho de Glauco Gomes de

Menezes (2014, p. 283), que “discute sobre o uso das Tecnologias de Informação e

Comunicação (TIC) e levanta preocupações contemporâneas sobre o papel do professor da

educação básica como um produtor de conhecimento” apresentando relações com a

participação destes na CoP.

O uso de tecnologias possibilita a formação e manutenção de comunidades, tanto em

espaços formais e físicos como em escolas e universidades, enquanto em ambientes digitais e

online, como Moodle e Google Classroom. No caso do mundo digital das CoP, “existem

distintas ferramentas como fóruns, mídias sociais, Moodle, dentre outras plataformas que

possibilitam a interação e o compartilhamento de informações e materiais entre os membros”

(CORAZZA et al., 2017, p. 477). Em vista disso, os autores enfatizam que

Constituir uma comunidade virtual tem as suas potencialidades, sendo uma

delas a capacidade de otimizar a relação entre espaço e tempo, uma vez que a

internet pode ser acessada por todos os pontos do globo, o que facilita a

comunicação entre pessoas de regiões e países diferentes. [...] Todavia, não

devemos deixar de considerar que o ambiente virtual tem suas limitações, uma

vez que parte da sinestesia do contato interpessoal se perde em meio as

plataformas. Para isto, é preciso reconhecer que através da internet é possível

alcançar apenas uma extensão das relações estabelecidas fisicamente, ou seja,

uma extensão do mundo real, e não um meio exclusivo para tais conexões

(CORAZZA et al., 2017, p. 477).

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Além disso, o contato dos professores com as tecnologias por meio das CoP, pode

oportunizar e potencializar sua utilização durante seu trabalho em sala de aula. Portanto, são

consideradas ferramentas poderosas para a promoção do aprendizado na educação, de um ponto

de vista quantitativo e qualitativo (COLL; MONERO, 2010).

Por fim, são apresentados cinco trabalhos que compõem a categoria “Potencial

constituição de uma nova CoP”, em que as CoP são tratadas como possíveis resultados da união

de professores e estudantes em determinada atividade. Caso esse demonstrado no artigo de

Micaías Rodrigues, Valéria Santos e Agnaldo Arroio (2020, p. 1275) envolvendo dois grupos

de professores e licenciandos em física que “utilizam indicadores de presença de Comunidades

de Prática de Wenger para verificar se as atividades de estudo de aula propiciaram a formação

destas”. Assim, diferentemente dos demais trabalhos que já desenvolviam seus estudos com

uma CoP formada, nessa categoria, os artigos trazem potenciais grupos, eventos e momentos

que podem resultar na formação de uma nova CoP no ambiente escolar e/ou no ensino superior.

Essa maleabilidade de funções e benefícios que uma CoP pode gerar são apresentados

também por Silva (2015, p. 17) ao dizer que

Em contextos colaborativos como esses, formados por grupos heterogêneos,

é possível desenvolver em conjunto uma série de ações práticas, como:

realizar estudos teórico-metodológicos, elaborar recursos didáticos, refletir

sobre estratégias de ensino, produzir narrativas, problematizar sobre o

processo formativo, refletir sobre a prática no sentido de aprimorá-la e

melhorá-la, entre outras.

Em relação aos participantes envolvidos, enfatiza-se a importância da interação de

sujeitos com diferentes conhecimentos, qualificações e expectativas a respeito do trabalho

docente, em que todos busquem o constante aperfeiçoamento da profissão. Neste quesito,

geralmente, a CoP é composta por um grupo heterogêneo de sujeitos, ou seja, professores de

diferentes áreas, com diversos saberes e experiências.

As CoP descritas nessas categorias demonstram o desenvolvimento de uma

aprendizagem individual e coletiva por meio das relações sociais, além disso, auxiliam a criação

do senso de pertencimento e de identidade, do engajamento mútuo, do empreendimento

conjunto e do repertório compartilhado (WILBERT; DANDOLINI; STEIL, 2018). A troca de

experiências e a partilha de conhecimento destacam como os indivíduos progridem dentro de

uma Comunidade de Prática. É nesse ambiente que as aprendizagens ocorrem e os indivíduos

se desenvolvem, tanto pessoal quanto profissionalmente. Na interação contínua com outros

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membros, há uma constante (re)escrita da própria narrativa de aprendizado e crescimento,

impulsionada pela colaboração e pelo compartilhamento de experiências e saberes

(DAVENPORT, PRUSAK, 1998; ESTEVES, 2010).

Por fim, sem questionar a relevância do Portal de Periódicos da CAPES, é importante

destacar as limitações desta pesquisa. Nem todas as revistas estão indexadas nessa plataforma,

e sua atualização não é sincronizada com as publicações nos sites de cada revista. Contudo, é

fundamental ressaltar que, mesmo que não façam parte dessa amostra, diversos grupos de

pesquisa e estudos têm realizado trabalhos importantes sobre as Comunidades de Prática (CoP).

Considerações finais

A pesquisa aqui realizada mapeou as pesquisas brasileiras acerca das Comunidades de

Prática entre professores das últimas duas décadas. Para isso, empregou-se a metodologia

referente ao Estado da Arte, em que foram investigadas as publicações no Portal de Periódicos

da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) utilizando o

descritor “Comunidades de Prática” combinado com outros seis descritores.

Observou-se, dentre os 33 resultados utilizados neste estudo, que as CoP ainda são

pouco estudadas nas áreas de Educação em Ciências, principalmente ao que tangencia o espaço

escolar. Os estudos a respeito dessa temática mostraram-se mais frequentes nas áreas da

Matemática e das Linguagens, desenvolvidos nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Quando

ocorrem, resultam em uma potente qualificação para os participantes, contribuindo para a

identidade profissional e/ou para o desenvolvimento de conhecimentos e atividades específicas.

A participação em Comunidades de Prática, segundo os trabalhos analisados,

proporcionou a diversos agentes do conhecimento oportunidades valiosas de aprimoramento,

tanto na prática docente quanto no desenvolvimento de habilidades interpessoais e crescimento

pessoal. As participantes e os participantes foram beneficiados com momentos enriquecedores

para uma melhor qualificação do ensino, uma interação mais significativa com seus pares e um

desenvolvimento pessoal mais profundo. As Comunidades de Prática (CoP), quando

estabelecidas de forma planejada e sistemática, emergiram como estratégias poderosas para

estimular a criatividade, promover competências tanto individuais quanto grupais, e gerar

inovações significativas no contexto educacional.

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Ainda que as CoP tenham se constituído como um espaço promissor para o

desenvolvimento de professores e futuros docentes, em nenhum trabalho desse levantamento

foram encontradas análises de CoP criadas pelos próprios membros da comunidade escolar.

Logo, aguarda-se que futuros trabalhos identifiquem e busquem conhecer os possíveis espaços

escolares em que exista a formação espontânea destes grupos.

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CRediT Author Statement

 Reconhecimentos: PPG Educação em Ciências da Universidade Federal de Santa Maria.

 Financiamento: Gostaríamos de agradecer a CAPES.

 Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.

 Aprovação ética: Não aplicável.

 Disponibilidade de dados e material: Portal de Periódico CAPES.

 Contribuições dos autores: Andressa: pesquisa, coleta, análise e escrita. Luiz Caldeira:

pesquisa, escrita e correção.

Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.

Revisão, formatação, normalização e tradução.

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COMMUNITIES OF PRACTICE AND TEACHER FORMATION: A LOOK

TOWARDS RESEARCH IN BRAZIL

COMUNIDADES DE PRÁTICA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UM OLHAR

PARA AS PESQUISAS NO BRASIL

COMUNIDADES DE PRÁCTICA Y FORMACIÓN DOCENTE: UNA MIRADA A LA

INVESTIGACIÓN EN BRASIL

Andressa Freitas LOPES1

e-mail: dressa1004@hotmail.com

Luiz Caldeira Brant de TOLENTINO NETO2

e-mail: luiz.neto@ufsm.br

How to reference this paper:

LOPES, A. F.; TOLENTINO NETO, L. C. B. Communities of

practice and teacher formation: A look towards research in Brazil.

Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n.

00, e023019, 2023. e-ISSN: 2236-0441. DOI:

https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.9360

| Submitted: 10/09/2023

| Revisions required: 22/10/2023

| Approved: 15/11/2023

| Published: 30/12/2023

Editors:

Prof. Dr. Rosiane de Fátima Ponce

Prof. Dr. Paulo César de Almeida Raboni

Deputy Executive Editor:

Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz

Federal University of Santa Maria (UFSM), Santa Maria – RS – Brazil. Bachelor's degree in Chemistry and

Biological Sciences. Master's and Doctoral degree candidate in Science Education.

Federal University of Santa Maria (UFSM), Santa Maria – RS – Brazil. Professor at the Department of Teaching

Methodology.

Communities of practice and teacher formation: A look towards research in Brazil

Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 34, n. 00, e023019, 2023. e-ISSN: 2236-0441

DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v34i00.9360 2

ABSTRACT: This study seeks to map Brazilian research about Communities of Practice (CoP)

involving teachers in the last two decades. For this, I developed a state-of-the-art publication in

the Portal of Journals from CAPES, utilizing the descriptor ‘Communities of Practice’

combined with six other descriptors. Through content analysis, it constituted a corpus of 33

articles. As a result, the predominance of studies in the fields of mathematics and languages

and the tendency for authorship from the south and southeast regions were identified. Also, it

was perceived that CoP contributed to the professional identity, development of knowledge and

specific activities, alliance with technologies, and constitution of new CoP. It is inferred that

CoPs are still understudied in the Science Education area in Brazil; however, when explored, it

results in a powerful qualification of the teacher praxis in the interaction with the collective and

in personal growth.

KEYWORDS: Community of Practice. Teacher formation. Collective work. State of art.

RESUMO: Nesta pesquisa, objetiva-se mapear os estudos, no Brasil, nas últimas duas

décadas, acerca de Comunidades de Prática (CoP) envolvendo professores. Para tal,

construiu-se um estado da arte das publicações do Portal de Periódicos da CAPES, utilizando

como descritor, “Comunidades de Prática” combinado com outros seis descritores. Por meio

da análise de conteúdo, constituiu-se um corpus de 33 artigos. Como resultado, foi identificado

a predominância de estudos nas áreas da Matemática e das Linguagens, mais concentrados

nas regiões Sul e Sudeste do país. Ainda, identifica-se as CoP na contribuição para a

identidade profissional, no desenvolvimento de conhecimentos e atividades específicas, na

aliança com tecnologias. Infere-se que as Comunidades de Prática ainda são pouco estudadas

nas áreas de Educação em Ciências no Brasil, porém, quando exploradas, resultam em uma

potente qualificação da práxis docente, no convívio com o coletivo e no crescimento como ser

humano.