Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024005, 2024. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v35i00.10393 1
TRAJETÓRIAS ESCOLARES DE JOVENS EM SITUAÇÃO DE ANALFABETISMO:
INVISIBILIDADE, EVASÃO E PERSISTÊNCIA
TRAYECTORIAS ESCOLARES DE JÓVENES EN SITUACIÓN DE
ANALFABETISMO: INVISIBILIDAD, ABANDONO Y PERSISTENCIA
SCHOOL TRAJECTORIES OF YOUNG PEOPLE IN ILLITERACY SITUATIONS:
INVISIBILITY, DROPOUTS AND PERSISTENCE
Paola Fonseca RUSSANO1
e-mail: paola.russano@unesp.br
Cláudia PRIOSTE2
e-mail: claudia.prioste@unesp.br
Como referenciar este artigo:
RUSSANO, P. F.; PRIOSTE, C. Trajetórias escolares de jovens em
situação de analfabetismo: Invisibilidade, evasão e persistência.
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n.
00, e024005, 2024. e-ISSN: 2236-0441. DOI:
https://doi.org/10.32930/nuances.v35i00.10393
| Submetido em: 14/04/2024
| Revisões requeridas em: 29/05/2024
| Aprovado em: 24/06/2024
| Publicado em: 22/07/2024
Editores:
Profa. Dra. Rosiane de Fátima Ponce
Prof. Dr. Paulo César de Almeida Raboni
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara SP Brasil. Mestrado pelo Programa de Pós-Graduação
em Educação Escolar.
2
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara SP Brasil. Professora Associada no Departamento de
Psicologia. Doutorado em Educação (USP).
Trajetórias escolares de jovens em situação de analfabetismo: Invisibilidade, evasão e persistência
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024005, 2024. e-ISSN: 2236-0441
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RESUMO: A alfabetização em todas as etapas da vida é um direito humano que promove
melhorias nas condições de vida. Esta pesquisa procurou compreender as dificuldades
enfrentadas por jovens em situação de analfabetismo em seus processos de escolarização. Trata-
se de uma pesquisa qualitativa e documental realizada por meio de análise dos históricos
escolares e entrevistas com jovens e professores de uma escola de Educação de Jovens e
Adultos (EJA). Os resultados indicam percursos fragmentados, marcados por reprovações,
evasões e persistências. A EJA representa uma esperança de alfabetização, trabalho e inclusão
social. Porém, a permanência é desafiadora devido às dificuldades de aprendizagem;
vulnerabilidades sociais decorrentes de contextos violentos; saúde mental; abuso de drogas;
gravidez precoce e sobrecarga na jornada de trabalho. Concluiu-se que é fundamental oferecer
suportes psicossociais e espaços formais de alfabetização em todas as etapas escolares, com
estratégias que favoreçam o acesso ao mercado de trabalho, a autonomia e cidadania.
PALAVRAS-CHAVE: Educação de Jovens e Adultos. Analfabetismo. Juventude. Educação
Escolar. Fracasso Escolar.
RESUMEN: La alfabetización en todas las etapas de la vida es un derecho humano que
promueve la mejora de las condiciones de vida. Esta investigación buscó comprender las
dificultades escolares de jóvenes en situación de analfabetismo. Esta es una investigación
cualitativa y documental realizada a través del análisis de expedientes escolares y entrevistas
a jóvenes y docentes de una escuela de Educación de Adultos (EA). Los resultados indican
escolarización fragmentada, marcada por fracasos, evasiones y perseverancia. La EA
representa Esperanza de alfabetización, trabajo e inclusión social. Sin embargo, mantener el
compromiso de los estudiantes resulta arduo debido a las dificultades de aprendizaje;
vulnerabilidades en contextos violentos; la salud mental; abuso de drogas; embarazos precoces
y sobrecarga de trabajo. Por consiguiente, es imperativo un sólido apoyo psicosocial con
intervenciones de alfabetización eficaces en todas las etapas educativas para que se promuevan
el acceso al empleo, la autonomía y la ciudadanía.
PALABRAS CLAVE: Educación de Jóvenes y Adultos. Analfabetismo. Juventud. Educación
Escolar. Fracaso escolar.
ABSTRACT: Literacy at all stages of life is a human right that promotes improving living
conditions. This research aimed to understand the difficulties faced by illiterate young people
in schooling. This qualitative and documentary research was carried out through analysis of
school records and interviews with young students and their teachers in a Youth and Adult
Education (EJA) school. The results indicate fragmented paths marked by failures in schooling,
evasions, and some persistence. EJA represents hope for literacy achievement, work, and social
inclusion. However, staying there is challenging due to learning difficulties; social
vulnerabilities intensified by violent contexts; mental health disorders; drug abuse; early
pregnancy, and overload in the working day. It was concluded that it is essential to offer
psychosocial support and formal literacy spaces at all school stages, with strategies that
contribute to access to the job market, autonomy, and citizenship.
KEYWORDS: Youth and Adult Education. Illiteracy. Youth. School education. School Failure.
Paola Fonseca RUSSANO e Cláudia PRIOSTE
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024005, 2024. e-ISSN: 2236-0441
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Introdução
O fenômeno do analfabetismo entre os jovens brasileiros perpassa dimensões complexas
e multifatoriais que envolvem, sobretudo, os contextos históricos e políticos de desigualdades
de acesso a uma educação de qualidade. A despeito da ampliação do acesso à Educação Básica
no país, que tem repercutido favoravelmente para a redução do percentual de pessoas
analfabetas, o Brasil ainda está distante da meta proposta pelo Plano Nacional de Educação
(PNE) de erradicar o analfabetismo no ano de 2024 (Brasil, 2014). De acordo com os dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de analfabetismo entre as pessoas
de 15 anos ou mais, em 2019, era de 6,1% e, em 2022, caiu para 5,6 %. Ainda assim, esse
percentual equivale a aproximadamente 9,6 milhões de brasileiros (IBGE, 2023a), um número
bruto elevado, que a título comparativo, seria próximo da população de Portugal do ano de
2022. Ou seja, temos praticamente um país de pessoas que não foram alfabetizadas.
Além disso, o Brasil possui um contingente de jovens que fazem um uso muito restrito
da leitura e da escrita e que embora saibam ler e escrever um bilhete simples, não conseguem
ler e interpretar corretamente uma notícia, conforme indicou os dados da última avaliação do
Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, mais conhecido pela sigla em língua
inglesa, PISA. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), na avaliação de 2022, mais da metade dos brasileiros com idade de 15
anos não apresentava o nível básico em leitura (Brasil, 2023).
No que concerne à definição de analfabetismo, o censo populacional brasileiro utiliza
uma concepção simplificada, isto é, consideram-se analfabetas as pessoas que “declaram não
saber ler e escrever um bilhete simples no idioma que conhece” e aquelas que aprenderam a ler
e escrever, mas esqueceram (IBGE, 2010). Essa referência também foi adotada pela escola
pesquisada para organizar os grupos de alfabetização e selecionar os jovens que iriam se
beneficiar dessas turmas.
No decorrer dessa pesquisa, notamos claramente que o analfabetismo no Brasil ainda é
um tema tabu, sobretudo entre os mais jovens, e isso reflete nas políticas públicas que ignoram
as pessoas analfabetas em todas as etapas do ensino, omitindo nos currículos essa necessidade.
Algumas pesquisas identificam que a condição de analfabetismo tende a ser interpretada como
uma responsabilidade do indivíduo e associada a atributos pejorativos como preguiça,
ignorância ou falta de empenho para aprender (Galvão; Di Pierro, 2013). As pessoas nessa
condição, muitas vezes, sentem-se discriminadas, envergonhadas e culpabilizadas. Essa
estigmatização e preconceito contra as pessoas em situação de analfabetismo se cristalizou no
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termo “analfabeto” que na perspectiva de Souza (2022), deveria ser substituído por
analfabetizado. A mudança terminológica, segundo a autora, seria necessária como uma espécie
de reparação histórica quanto à responsabilidade do Estado na manutenção das desigualdades
de alfabetização.
Concordamos com Souza (2022) quanto a evitar utilizar o termo analfabeto, carregado
de preconceito. Porém, nesse trabalho, ao invés de utilizarmos o termo analfabetizados,
optamos por utilizar a expressão “em situação de analfabetismo” por entendermos que o
problema deve ser tratado como uma condição transitória que pode ser superada, pela maioria
dos sujeitos, caso tenham apoio adequado ao longo de seus percursos escolares.
Paulo Freire, nas décadas de 1960 e 1970, em sua reconhecida luta contra o
analfabetismo e os preconceitos que lhes eram associados, buscou colocar o sujeito sócio-
político no centro da atividade pedagógica. As noções de empoderamento e de autonomia, na
perspectiva freiriana, deveriam ser desenvolvidas de maneira simultânea à aquisição das
competências alfabéticas. Para Freire (2020), o aprendizado da leitura e da escrita consistia em
uma chave para a comunicação escrita e também uma abertura para a aquisição sistemática da
cultura, para o empoderamento socioeconômico e construção de uma sociedade democrática.
Entendemos que a alfabetização de adultos deve ser abordada como um investimento
social, pois tem impacto na saúde das pessoas, nas condições de trabalho, na organização
político-econômica, na produtividade e no desenvolvimento de uma nação (Gadotti, 2009).
Além disso, trata-se de uma questão de segurança humana, conforme destaca Sen (2003), pois
a condição de analfabetismo gera incertezas e é uma forma de insegurança social, política e
financeira, que o indivíduo fica limitado na defesa de seus direitos e em sua participação
social.
A despeito da herança positiva deixada por Freire entre os educadores brasileiros no que
tange à esperança de eliminar o analfabetismo, em especial, entre aqueles que atuam na
alfabetização de jovens e adultos, e que lutam cotidianamente contra uma série de adversidades,
o analfabetismo persiste. Essa persistência se manifesta de maneira desigual em relação à faixa
etária, gênero, raça, classe social e região do país. A faixa etária de maior concentração de
pessoas analfabetas é a que compreende os indivíduos com sessenta anos ou mais, ou seja,
pessoas que provavelmente tiveram menos oportunidades de acesso às escolas.
Entre os jovens na faixa etária de dezoito a vinte e quatro anos, o percentual é de 0,75%,
o que significa aproximadamente cento e setenta e dois mil jovens. Em 2022, o Brasil possuía
aproximadamente 22,8 milhões de jovens nessa faixa etária. Se considerarmos a proporção de
Paola Fonseca RUSSANO e Cláudia PRIOSTE
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jovens em situação de analfabetismo em relação ao número de estudantes desta faixa etária,
aproximadamente 6,9 milhões, chegamos a uma estimativa de 2,45% que não estão
alfabetizados (IBGE, 2023a). Isto é, jovens que passaram pela escola, mas foram invisibilizados
no direito básico de aprender a ler e a escrever. Esses jovens são atingidos em um direito social
e humano fundamental, que é o direito à educação, conforme explicita Gadotti (2009). Para ele,
o “analfabetismo de jovens e adultos é uma deformação social inaceitável, produzida pela
desigualdade econômica, social e cultural” (Gadotti, 2009, p. 14). Deste modo, quando os
jovens buscam a Educação de Jovens e Adultos sem estarem alfabetizados, é extremamente
importante que encontrem um espaço que acolha essa demanda.
Os jovens não concluintes do Ensino Fundamental possuem o direito de se matricularem
em escolas de Educação de Jovens e Adultos para concluírem a etapa de ensino da qual
evadiram, conforme especificado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Brasil,
1996). Com as políticas de progressão continuada, um número cada vez maior de jovens
evadidos da educação básica nas etapas finais tem procurado matricular-se na EJA sem estarem
devidamente alfabetizados. A exemplo da cidade de São Paulo onde a pesquisa foi realizada, a
organização curricular dessa modalidade encontra-se estruturada em quatro etapas:
Alfabetização e Básica, correspondendo aos anos iniciais do Ensino Fundamental regular e as
etapas Complementar e Final, correspondendo aos anos finais do Ensino Fundamental regular
(São Paulo, 2023).
Essa organização prevê que as pessoas concluintes do Ensino Fundamental I sejam
matriculadas nas etapas complementar ou final, isto é, em agrupamentos cujo conteúdo
programático seja equivalente ao do Ensino Fundamental II, estando excluídas, portanto, das
atividades de alfabetização. Se um jovem evadiu da escola no oitavo ano, segundo a legislação,
ele teria que permanecer na EJA apenas por um ano. Essa organização faz com que os jovens
em situação de analfabetismo tenham suas necessidades específicas invisibilizadas, o que pode
ser desmotivador para a permanência estudantil. Além disso, se um jovem concluiu o Ensino
Fundamental ou o Ensino Médio sem estar alfabetizado, ele não poderá se matricular na EJA e
nem em nenhuma escola que possa ofertar a turma de alfabetização que ele necessita. Nesse
sentido, o jovem estará sendo privado de um direito fundamental que deve ser assegurado
àqueles que já foram privados na etapa regular de ensino, conforme revela Gadotti (2009).
Nota-se uma omissão no sistema de ensino brasileiro devido à ausência de espaço formal
para a alfabetização daqueles que avançam na seriação e não são alfabetizados. Isso ocorre
desde a educação básica, em que as turmas de reforço escolar para aqueles que estão com
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dificuldades ou são inexistentes em muitas escolas, ou, quando existem, não são específicas
para a alfabetização (Prioste, 2020).
O analfabetismo, o atraso escolar e as dificuldades na leitura podem contribuir para o
aumento do número de jovens que não estudam nem trabalham, os chamados “nem-nem”. No
ano de 2022, a proporção de jovens nesta condição aumentou. Na faixa etária de 14 a 29 anos,
20% dos jovens brasileiros não estudavam e nem trabalhavam. No recorte racial, esse número
sobe para 22% (IBGE, 2023b).
A condição dos jovens nem-nem é marcada pela simultaneidade de estarem fora do
sistema de ensino e também fora do mercado de trabalho. Freire e Saboia (2021) separam os
jovens que não estudam e nem trabalham em dois grupos, ou seja, inativos e desocupados.
Segundo esse estudo, a diferença entre esses grupos é que, no caso dos desocupados a busca
por trabalho é uma constante, enquanto que, entre os inativos, isso não acontece, ou seja, eles
não estariam procurando trabalho. O desalento dos jovens em relação ao futuro do trabalho
também pode ser um fator a ser levado em consideração.
A baixa escolaridade resultado da evasão antes do término do Ensino Fundamental é um
fator que incide diretamente sobre a condição dos jovens para o acesso ao mercado de trabalho.
A situação de fracasso escolar vivenciada por esses jovens faz com que sejam marcados pela
diferença e pela falta, além de construírem uma imagem desvalorizada de si (Charlot, 2000).
O problema do vínculo frágil dos jovens com a escola não é atual. De acordo com
Andrade (2008) se antigamente os jovens evadiam ao serem reprovados, com as reformas
educacionais que reduziram os índices de reprovação escolar, eles passaram a manter uma
relação ambivalente com a escola, marcada por rupturas e retornos, isto é, não ficam totalmente
fora, nem dentro. Na perspectiva de Prioste (2016), entre os diversos fatores que afetam a
permanência escolar dos jovens, dois aspectos pouco explorados pelas pesquisas. O primeiro
deles se refere à exploração mercadológica realizada pela indústria de entretenimento digital,
induzindo preferências e hábitos juvenis que podem limitar a capacidade de atenção e dedicação
aos estudos. Um segundo aspecto, que pode estar conectado ao primeiro, se refere aos
problemas de aprendizagem negligenciados pelos educadores durantes os percursos escolares.
Tais dificuldades, que se apresentam sobretudo no início do processo de alfabetização,
podem afetar o interesse dos jovens pela escola, principalmente quando eles avançam de série
sem ter aprendido o básico. Nota-se uma circularidade negativa, os jovens com dificuldades na
escola tendem a utilizar os recursos digitais com maior ênfase para se distrair, e as distrações
televisuais e digitais aumentam as distorções escolares.
Paola Fonseca RUSSANO e Cláudia PRIOSTE
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024005, 2024. e-ISSN: 2236-0441
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No período pandêmico e pós-pandêmico esse problema foi agravado, em especial para
os jovens das escolas públicas. De acordo com Koerich e Pimenta (2023) as dificuldades
encontradas por jovens de escola pública diante da necessidade de estudar de forma remota
estiveram no cerne do abandono escolar. Segundo as autoras, a dificuldade de participar das
atividades síncronas desencadeou uma sensível redução do tempo destinado à formação escolar.
Nesse sentido, a rotina escolar de jovens se alterou profundamente de forma que se instalou
diferentes cenários que refletem situações discrepantes. Segundo Koerich e Pimenta (2023),
enquanto estudantes da escola privada tiveram suas rotinas regidas pelas tarefas organizadas
pela escola, os da rede pública ficaram fragilizados pela falta de acesso e condições de estudo
vivenciando um expressivo cotidiano de tédio. No contexto da pandemia, a condição dos jovens
com vínculo frágil com a escola pode ter piorado.
Importante destacar que, neste estudo a definição de jovem não se limita à dimensão
etária, porém a idade é um fator relevante para pesquisas e para as políticas públicas. De acordo
com a Organização das Nações Unidas, na Assembleia Geral de 1985, por jovem entende-se a
pessoa com idade entre quinze e vinte e quatro anos (Organização das Nações Unidas, 2013).
O Estatuto Nacional da Juventude adota a faixa entre quinze e vinte e nove anos de idade e,
para efeitos de políticas públicas, considera a distinção entre três subcategorias, na primeira
faixa etária compreende jovens-adolescentes entre quinze e dezessete; a segunda, entre dezoito
e vinte e quatro e a terceira, definida como jovens-adultos, com idade entre quinze e vinte e
nove anos (Brasil, 2013). Para Abramo (2005) a categorização de juventude deve estar
articulada à dimensão do cotidiano, pois o juvenil remete à construção da identidade em um
processo psicossocial indissociável do cotidiano, isto é, do contexto em que esse processo se
realiza, em meio às relações e práticas sociais.
Partindo do pressuposto de que os jovens se constituem nos diferentes contextos sociais
e que a escola tem um papel relevante em suas trajetórias de vida, esta pesquisa procurou
analisar os percursos escolares de jovens estudantes da EJA que estavam em situação de
analfabetismo. A escolha deste público esteve relacionada à sua invisibilidade em pesquisas e
projetos educativos. Algumas questões nos direcionaram: como foram os percursos escolares
desses jovens a chegarem à EJA? Quais os fatores contribuíam para permanecerem ou
evadirem da EJA?
Trajetórias escolares de jovens em situação de analfabetismo: Invisibilidade, evasão e persistência
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024005, 2024. e-ISSN: 2236-0441
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Aspectos metodológicos
Neste trabalho, apresentamos o recorte de uma pesquisa mais ampla a propósito da
juventude e cibercultura. O enfoque aqui destacado refere-se ao contexto dos jovens em
situação de analfabetismo e que estavam matriculados em uma escola de Educação de Jovens
e Adultos na periferia da cidade de São Paulo. Trata-se de uma pesquisa conduzida ao longo de
um Mestrado em Educação Escolar, com uma abordagem metodológica qualitativa, de caráter
descritivo e exploratório e que procurou compreender as dificuldades enfrentadas pelos jovens
ao longo de seus processos de escolarização em instituições públicas. Segundo Gil, esse tipo de
pesquisa tem como objetivo “o estabelecimento de relações entre variáveis” e também o de
“proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato” respectivamente
(1989, p. 45).
A coleta de dados ocorreu em duas etapas. A primeira envolveu o mapeamento dos
jovens, na faixa etária de dezoito a vinte e quatro anos, matriculados em uma escola de
Educação de Jovens e Adultos e acomodados nas turmas de alfabetização. A partir deste
mapeamento, foram selecionados os históricos escolares para análise dos percursos
educacionais. A segunda etapa acompanhou a busca ativa dos evadidos e incluiu entrevistas
com os jovens que continuaram frequentando as aulas. De acordo com a informações dos
professores, os grupos de alfabetização foram criados nessa escola para atender às necessidades
de um número crescente de estudantes que chegaram ao Ensino Fundamental II sem saber ler e
escrever um bilhete simples e que, portanto, teriam dificuldades de seguirem o currículo
previsto no EJA sem que tivessem apoio na alfabetização.
A amostragem desta pesquisa foi realizada por conveniência, ou seja, foi considerado o
número de matrículas de jovens na faixa etária de nosso interesse. Deste modo, os critérios de
inclusão foram: idade entre dezoito e vinte e quatro anos e o fato de frequentarem as turmas
cujo enfoque era a alfabetização. Todos os jovens haviam passado por uma avaliação
diagnóstica presencial realizada pelos professores da escola com a finalidade de inseri-los em
agrupamentos. O principal critério de exclusão foi não ter diagnóstico de algum tipo de
deficiência intelectual, pois nesse caso, seria necessária uma análise mais complexa dos
percursos escolares e sairia do escopo da pesquisa.
No ano de 2021, nos grupos de alfabetização, na faixa etária entre dezoito e vinte e
quatro anos, havia 25 pessoas matriculadas. Dessas, quatorze se identificaram como homens e
onze como mulheres, nos cadastros escolares. Os vinte e cinco históricos escolares foram
Paola Fonseca RUSSANO e Cláudia PRIOSTE
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analisados com o objetivo de identificar os vínculos e rupturas durante a escolarização
elementar.
Para aprofundar e complementar a análise documental e entender alguns elementos das
trajetórias desses jovens, a segunda parte da pesquisa acompanhou as buscas ativas realizadas
pela equipe escolar e incluiu entrevistas com seis jovens e três professoras. As entrevistas
tiveram o intuito de analisar a percepção dos jovens quanto às barreiras para a alfabetização e
o papel das mídias digitais em suas vidas.
Neste trabalho, foi realizado um recorte de análise que priorizou os percursos escolares
evidenciados nos históricos e as questões relativas às rupturas e à evasão escolar. Os jovens
foram esclarecidos sobre os objetivos da pesquisa, a confidencialidade, os riscos e o sigilo de
seus dados, tendo concordado e assinado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
conforme aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho, na
Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara.
Resultados e discussões
O primeiro aspecto analisado foi relativo ao perfil dos jovens estudantes do EJA, na
faixa etária de dezoito a vinte e quatro anos, e que foram identificados em condição de
analfabetismo. Na amostra estudada, no que tange à identificação de gênero, a maioria
identificou-se como homem, corroborando a prevalência do analfabetismo em pessoas do
gênero masculino identificada pela pesquisa do IBGE (2022). As pesquisas sobre o fracasso
escolar também identificam a tendência de maiores dificuldades no processo de escolarização
dos meninos (Prioste, 2020), provavelmente em decorrência dos modelos de socialização
patriarcal que valorizam atividades relacionadas à força e disputa entre as crianças do gênero
masculino.
Em relação à dimensão racial, dos vinte e cinco estudantes matriculados, nove se
declararam brancos, oito pardos e quatro pretos. Quatro estudantes não apresentavam essa
informação no histórico. Somados pretos e pardos, esse grupo é maioria entre os que optaram
pela autodeclaração, totalizando doze estudantes. Esses dados evidenciam que as questões
racial e de gênero mencionadas anteriormente marcam o cenário de situações de fracasso
escolar no grupo de estudantes mais vulneráveis. A maioria são jovens do sexo masculino,
pretos ou pardos.
Trajetórias escolares de jovens em situação de analfabetismo: Invisibilidade, evasão e persistência
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Nas pesquisas do IBGE, identificou-se que a condição de analfabetismo afetava 3,4%
das pessoas com quinze anos ou mais que se identificaram como brancas, e 7,4% das pessoas
da mesma faixa etária autodeclaradas pretas ou pardas (IBGE, 2023b). A persistência de um
alto índice de analfabetismo entre a população parda e preta chama a atenção para a perpetuação
de um viés racista no processo de escolarização de crianças e jovens. Segundo Rosemberg
(1987), essa desigualdade limita o acesso aos bens sociais, operando de forma insidiosa tanto
em termos estruturais quanto simbólicos na sociedade brasileira.
Tempo de estudo e persistência
Nesta amostra de jovens, a idade média de entrada na EJA foi aos dezessete anos. Um
dos resultados mais relevantes da análise é a de que os jovens, de algum modo, estiveram nas
escolas por oito anos ou mais, sem terem sido alfabetizados e, mesmo assim, não desistiram.
Os jovens persistiram no vínculo com a escola, ainda que não estivessem aprendendo o básico
esperado para cada etapa. Ao longo do processo de escolarização, o histórico escolar evidencia
mudanças de escolas, interrupções e repetências, ou seja, o percurso não se apresentou linear.
Esses achados corroboram a análise de Andrade (2008) a respeito da juvenilização da EJA,
decorrente de um número cada vez maior de pessoas na faixa etária de quinze anos que
abandonaram a escola regular após um percurso tortuoso no Ensino Fundamental, marcado por
absenteísmo e abandono.
De acordo com a análise dos históricos, o tempo médio de trajetória escolar no Ensino
Fundamental foi de nove anos de escolarização. Consideramos todos os anos em que o aluno
esteve no curso do Ensino Fundamental I e do Ensino Fundamental II, segundo histórico de
registros. A média do Fundamental II é analisada apenas com os alunos que seguiram para esta
etapa, ficando diferente da massa populacional considerada no Fundamental I. Nove estudantes
apresentam períodos escolares mais estendidos chegando a cursar de dez a doze anos
considerando as etapas do Ensino Fundamental I e II.
A maior parte dos jovens iniciou a escolarização na educação infantil (75%) e todos
concluíram o Ensino Fundamental I. Em geral, a idade em que iniciaram o processo de
escolarização foi por volta dos cinco anos. Seis estudantes iniciaram o percurso escolar no
Ensino Fundamental I. Nota-se que a maioria dos jovens passou pela etapa que antecede o ciclo
de alfabetização.
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O percentual de jovens que chegou a frequentar o Ensino Fundamental II é relativamente
alto, 79%, se considerarmos que nesta fase, o currículo escolar exige habilidades de escrita e
leitura já consolidadas. Isso nos leva a questionar como esses jovens chegaram a essa etapa sem
estarem alfabetizados. Como se sentiam nas escolas? Que tipo de apoio recebiam para a
superação da condição de analfabetismo ao longo do Ensino Fundamental?
Reprovações e rupturas
Apesar de persistirem no processo de escolarização, o vínculo desses jovens com as
instituições escolares manteve-se frágil, marcado por rupturas, seja em decorrência de
mudanças de escolas, seja devido a reprovações e anos escolares sem frequência. Sobre
mudança de escolas no curso do Ensino Fundamental, dois relatos destacaram a busca por um
local de estudo em que se sentissem mais acolhidos ou mesmo respeitados. O primeiro relato é
de uma das jovens:
por causa que sofria muito bullying, os professores não estavam nem aí e me
diminuíam. até que eu parei numa escola e fiquei definitiva numa escola.
E aí nessa escola também eu passei pela mesma coisa, mas eu tive que aturar
essa escola até onze anos; eu tive que aturar isso tudo (entrevistada).
Outro estudante também explicitou: eu saía, eu ia de escola em escola... algumas
escolas eu não me adaptei e outras eu tinha muita dificuldade de aprender assim, no mesmo
ritmo das pessoas, pra fazer as lições. Nota-se que a falta de apoio, as dificuldades na
aprendizagem e o sentimento de exclusão foram motivos para mudanças de escolas.
Ainda que situações assim sejam relatadas, de algum modo, a escola parece ser uma
referência ao longo da vida desses jovens, a despeito da persistência de suas dificuldades na
aprendizagem. De acordo com Friedrich et al. (2010) o público que frequenta a EJA tende a
ter um percurso escolar marcado por vulnerabilidades decorrentes das condições precárias de
vida, reprovações sucessivas, problemas de inserção no mercado de trabalho e dificuldades de
adaptação aos contextos escolares (Friedrich et al., 2010).
Outro fator que aparece de forma expressiva é a questão da reprovação. Nesse tópico, a
quantidade de reprovações e estudantes que deixaram de frequentar estão distribuídas ao longo
do Ensino Fundamental. Merece destaque os 6º, 7º e 5º como anos escolares em que essas duas
situações se concentram respectivamente. No Gráfico 1 está representada a quantidade de
reprovações e situações em que deixam de frequentar ao longo dos anos escolares. Essas duas
condições acometeram mais de uma vez alguns estudantes no mesmo ano escolar.
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Gráfico 1 Reprovação / deixou de frequentar
Fonte: Elaborado pelas autoras (2022).
A repetência de ciclo e o abandono escolar, com maior incidência no ano, parecem
estar intimamente relacionados ao fato de que esses jovens não receberam o apoio necessário
para se alfabetizarem durante o Ensino Fundamental I, tornando-se invisíveis para as políticas
públicas. Nesse sentido, Prioste (2020) revela que um dos principais fatores que desmotivam a
continuidade dos estudos dos jovens é a falta de uma alfabetização adequada. A progressão
continuada, sem um suporte efetivo no processo de alfabetização, permite que os estudantes
avancem de etapa sem estarem preparados, levando-os a sentirem-se desconfortáveis nas
turmas onde o exigidos conhecimentos de leitura e escrita, especialmente no Ensino
Fundamental II.
A adoção do regime de ciclos com progressão continuada foi regulamentada em São
Paulo pelo Conselho Estadual de Educação (CEE) por meio da deliberação CEE n9/97 com
implementação na rede de ensino pública foi em 1998. Essa deliberação fornecia abertura para
organização curricular em um ou mais ciclos com garantia da avaliação do processo ensino-
aprendizagem, com reforços e recuperação paralela, controle de frequência ao longo do
processo escolar. Ainda ressaltava vantagens do ponto de vista pedagógico e econômico, uma
vez considerava que a retenção contribuía para o rebaixamento da autoestima de um grande
contingente de alunos além de representar desperdício financeiro. A organização curricular
adotada em São Paulo constituía-se em dois ciclos (1ª a 4ª e de a 8ª séries, a saber Ciclo I e
Ciclo II) e foi vivenciada pelo contingente destes jovens. O gráfico 4 revela o resultado dessas
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medidas com as dificuldades acentuadas no final do ciclo I (4ª Série que equivale ao ano)
que resulta na passagem para o 6º.
As políticas de ciclo apenas camuflam o fracasso escolar, mas não o tratam
devidamente. O reforço escolar previstos desde o início do regime de ciclos, e constantemente
presentes nos projetos pedagógicos escolares, segundo Zibetti, Pansini e Souza (2012) não
foram propulsores de melhoria, pois, embora seja garantido tempo na jornada dos professores
para esse fim, as condições nas quais as crianças são atendidas não favorecem o processo de
aprendizagem. As autoras destacam os problemas dos espaços físicos inadequados, da falta de
preparo do corpo técnico, das questões pedagógicas além de equívocos na compreensão das
necessidades de aprendizagem das crianças. Assim, a problemática do analfabetismo se arrasta
e junto com ela, a invisibilidade deste grupo.
O problema do analfabetismo em jovens que quase concluíram o Ensino Fundamental
II faz com que esse público fique em uma espécie de limbo de políticas públicas, à medida que
na EJA as turmas de alfabetização se destinam a quem não teve escolarização ao longo da vida,
ou seja, não foram pensadas para quem cursou o Ensino Fundamental I inteiro. Se esses jovens
chegarem a concluir o Ensino Fundamental, não poderão mais se matricular na EJA referente a
esse segmento, estando, portanto, fadados a compor os índices de pessoas em situação de
analfabetismo. Para aqueles que não chegaram ao término desta etapa, é possível observar que
embora os jovens persistam em permanecer no curso do Ensino Fundamental II, o número segue
em queda na medida em que os anos avançam.
Gráfico 2 Total de alunos por ano cursado
Fonte: Elaborado pelas autoras (2022).
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Do total dos jovens pesquisados, o percentual que chegou a cursar o 7º ano foi de 57%,
e esse percentual continuou em queda chegando a 39% no 8º, finalizando com 35% no 9º ano.
A quantidade de estudantes diminui sensivelmente em um movimento que se inicia ao final do
Ensino Fundamental I e se acentua no Fundamental II (Gráfico 2). O fato de mais da metade
dos estudantes em situação de analfabetismo ter chegado ao ano indica a gravidade do
problema, ou seja, apesar da persistência, os jovens vão abandonando a escola pouco a pouco.
Além da repetência, é provável que a entrada na adolescência também afete seus vínculos com
a escola. Sabemos que o início da puberdade ocorre por volta dos doze anos, quando os jovens
estariam no 6º ou 7º ano, se não tiverem passado por situações de repetência.
É nessa fase que notamos maior número de abandonos da escola. De um lado, isso pode
ser explicado pelas reprovações e dificuldades no processo de alfabetização, por outro lado, há
de se considerar os desafios da fase da adolescência. Entre os jovens das camadas populares,
muitas vezes os adolescentes são expostos à hipersexualização, sofrem com as demandas de
famílias em situações de vulnerabilidade, além de ter a necessidade de se autoafirmarem entre
os colegas com objetos de consumo, assim como as seduções dos meios digitais (Prioste, 2016).
Tudo isso, somado às estigmatizações de raça, classe e gênero, pode contribuir para o
enfraquecimento do vínculo com a escola nessa fase.
Diante das inúmeras vulnerabilidades sociais e de falhas nas políticas públicas de
proteção à infância, muitos adolescentes podem ser cooptados pelo tráfico, como foi
identificado em um dos casos de busca ativa em que uma mãe relatou que seu filho teve uma
overdose aos quatorze anos e precisou ficar internado.
No início da adolescência, os estudantes estão vivenciando transformações corporais e
psíquicas importantes que podem deixá-los mais vulneráveis a uma série de riscos. Prioste
(2016) em sua análise sobre adolescentes na periferia de São Paulo identificou que a falta de
alfabetização em adolescentes que frequentavam o último ano do Ensino Fundamental II era
um fator de risco importante tanto nos ambientes virtuais quanto para o envolvimento com
grupos criminosos. Não estar alfabetizado gerava angústia e vergonha entre os meninos, porém
esse sentimento era mascarado por atitudes provocativas na escola. Apesar disto, de maneira
individualizada, os meninos conseguiam revelar o desejo de aprender a ler. entre as meninas,
o absenteísmo e o abandono escolar nesta fase estavam ligados aos namoros e à gravidez na
adolescência. De um modo geral, os jovens se sentiam enganados pela escola, já que chegavam
ao final da escolarização e não estavam preparados para continuar no ensino médio. Isso pode
Paola Fonseca RUSSANO e Cláudia PRIOSTE
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levar alguns jovens a evadirem antes da conclusão do Ensino Fundamental II para que possam
ter a oportunidade de cursar a EJA.
A Educação de Jovens e Adultos e a esperança em um futuro melhor
A matrícula na EJA representa, para muitos, a busca por uma vida melhor, oportunidade
de aprendizagem, liberdade e trabalho. No caso deste grupo de jovens, é possível destacar que
os educadores da EJA onde estavam matriculados, tiveram a sensibilidade de organizar o
acolhimento dos jovens em grupos de alfabetização visando assim garantir o direito à
aprendizagem da leitura e da escrita. Mas, essa iniciativa é uma particularidade daquele espaço.
Se eles tivessem sido inseridos nas turmas de acordo com as respectivas documentações
escolares, teriam que seguir o currículo dos anos finais do Ensino Fundamental II como se
fossem alfabetizados.
As turmas de alfabetização representam respeito e esperança. Sobre a expectativa de
melhorias com os estudos na EJA um jovem afirmou […] porque o estudo, ele muda a sua
vida, pra um emprego, porque pra você ter emprego você tem que estudar […]”. A busca por
um certificado que possa contribuir para ter um emprego é uma demanda conhecida entre o
público do EJA, contudo essa necessidade não garante a permanência.
Além de um trabalho melhor, alguns jovens sonham em cursar uma faculdade, []
porque o meu sonho é fazer uma faculdade. Então assim, pra mim os estudos é a coisa mais
importante pra gente, porque é de verdade, hoje em dia a gente precisa de estudos pra tudo
[…]”. O sonho de cursar uma faculdade é acompanhado da fala de que estudar faz parte da vida,
isto é, pode transformar o curso de seus destinos. Essa fala corrobora as evidências de que a
alfabetização é um direito humano essencial para a promoção da saúde e do desenvolvimento
social (Gadotti, 2009; Sen, 2003).
No que tange às motivações de permanência na EJA, foi ressaltado o vínculo com os
professores e com as “pessoas mais velhas”, expressão usada para se referirem aos colegas de
faixa etária acima dos quarenta anos. Diante de tantas situações de abandono que sofreram na
vida, percebem que no ambiente da EJA alguém estava ali se importando com eles, sejam os
professores ou seus colegas “mais velhos” que os incentiva, aconselhando-os a persistirem nos
estudos.
A esperança de melhores condições de vida e de um futuro melhor enfrenta diversas
barreiras e muitos jovens desistem de estudar ou mantém um vínculo frágil com a EJA,
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conforme relato dos professores. A pandemia foi uma condição agravante nesse vínculo com a
escola. Deste modo, dos vinte e cinco matriculados, apenas oito continuaram os estudos no ano
subsequente, desses, dois foram para outra escola. No total, dezesseis jovens evadiram. Nas
buscas ativas realizadas pela equipe de coordenação em conjunto com os professores, os
motivos da evasão foram diversos, que vão desde problemas relacionados à saúde mental,
cansaço devido ao trabalho, violência no ambiente familiar, gravidez, dificuldade de conciliar
estudo e tarefas domésticas, insegurança no bairro sobretudo para as mulheres, problemas com
drogas e falta de interesse por problemas de aprendizagem. Uma mãe relatou que seu filho não
queria voltar a estudar porque não aprendia nada, em suas palavras: “Meu filho fez dezenove
anos e disse que não vai mais para a escola porque não aprende, então fica com vergonha. Ele
está trabalhando num lava rápido”. Um pai afirmou que o filho “não quer estudar, nem
trabalhar. Só quer saber de soltar pipa com os amigos. Não quer compromisso com nada”.
Entre os indivíduos do gênero masculino, destacam-se problemas relacionados ao uso
de drogas, desinteresse e cansaço. Um jovem evadido afirmou: “estou trabalhando como
auxiliar de cozinha em restaurante. Fico cansado demais com o trabalho e não consigo ficar
acordado para assistir à aula”. Embora o horário de aulas na EJA seja reduzido a 2h15 diárias,
ainda assim, devido aos deslocamentos para o trabalho em uma cidade complexa e cheia de
trânsito como São Paulo, pode ser difícil acompanhar as aulas.
Entre as pessoas do gênero feminino as motivações da desistência foram a gravidez, a
violência no ambiente doméstico, a insegurança do bairro e a necessidade de cuidar da casa.
Os estudos de Sousa et al. (2018) ressaltam que 94,4% das adolescentes com experiência de
gravidez afirmaram ter interrompido os estudos em algum momento da vida, sendo que dessas,
54,4% abandonaram a escola. Embora não seja a gravidez em si o problema, as autoras
ressaltam a necessidade de se romper o ciclo pobreza: gravidez, abandono escolar e pobreza.
Um fator para auxiliar no rompimento desse ciclo, é favorecer estratégias de
alfabetização em todas as etapas. Na fala dos jovens ficou evidente a pressa em aprender a ler
e a escrever para conseguir um certificado que contribuísse para a melhoria das condições de
trabalho. Além disso, ressaltaram que na EJA havia, nas turmas de alfabetização, dois
professores que corrigiam as lições e acompanhavam de perto suas atividades. Por fim, eles
também enfatizaram a aprendizagem de comportamentos e atitudes que contribuíram para a
percepção de seus direitos de cidadãos.
Paola Fonseca RUSSANO e Cláudia PRIOSTE
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Considerações finais
Este artigo apresentou os resultados parciais de uma pesquisa realizada com jovens em
situação de analfabetismo, buscando analisar suas trajetórias no Ensino Fundamental e discutir
as problemáticas de evasão e permanência escolar. O mapeamento das matrículas de jovens,
com idade entre dezoito e vinte e quatro anos, agrupados em turmas de alfabetização de uma
escola de Educação de Jovens e Adultos localizada na periferia da cidade de São Paulo,
identificou a prevalência de pessoas do sexo masculino, autodeclaradas pretas e pardas, em sua
maioria. Dos vinte e cinco jovens cujos históricos escolares foram analisados, seis
permaneceram estudando na unidade, dois solicitaram transferência e dezessete evadiram.
Embora os jovens do sexo masculino estivessem em maior quantidade no mapeamento inicial,
o perfil cuja situação de evasão se concentrou na segunda fase da pesquisa foi o das jovens
negras. Esses resultados revelam a insuficiência de políticas públicas educacionais para essa
população e a necessidade de políticas que favoreçam a permanência escolar.
É importante ressaltar que esta pesquisa conta com uma amostra reduzida,
representativa de uma realidade escolar específica, sujeita ao contexto regional onde residem
esses jovens. No entanto, os relatos dos estudantes que evadiram foram cruciais para oferecer
pistas sobre os desafios que permeiam as vidas escolares atuais. Problemas no contexto escolar,
dificuldades de aprendizagem, gravidez, questões de saúde mental, cansaço proveniente do
trabalho e desânimo para estudar coexistem com a necessidade de terminar os estudos e ter
condições mínimas de acesso ao mercado de trabalho. Eles vivenciam o fenômeno do fracasso
escolar, manifestado por uma longa trajetória no Ensino Fundamental, marcada por rupturas e
retornos, que demonstra suas tentativas de permanência. Eles têm acesso à escola, tentam
permanecer nesses ambientes, mas não avançam no aprendizado da escrita e da leitura. Quando
decidem pela continuidade dos estudos na EJA, são invisibilizados por não poderem ter suas
matrículas vinculadas às turmas de alfabetização, devido ao fato de terem evadido no Ensino
Fundamental II da rede regular de ensino.
Dos jovens que permaneceram na EJA, algumas perspectivas emergiram a partir dos
relatos, oferecendo contribuições para futuras políticas públicas. Entre elas, destaca-se a busca
por minimizar os impactos das trajetórias escolares passadas. Na atualidade, um ambiente de
aprendizagem que acolhe, respeita, dialoga, escuta, motiva e ensina foi explicitado como
extremamente valioso e propulsor de melhorias. Os jovens entrevistados relataram a
significativa contribuição proporcionada pela convivência em sala de aula com pessoas mais
velhas e, sobretudo, o impacto positivo da dupla docência em seus aprendizados. Para o grupo
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que permanece, a escola representa um espaço que pode melhorar suas vidas. Embora as
trajetórias escolares anteriores tenham contribuído pouco para o aprendizado, os jovens
depositam na EJA a expectativa de se alfabetizarem e concluírem seus estudos no Ensino
Fundamental com alguma autonomia. A despeito dos prejuízos vividos anteriormente, os jovens
almejam condições de acessar o mercado de trabalho ou buscar melhorias nesse sentido. A
formação para o trabalho é uma questão relevante para esses jovens, juntamente com um
ambiente de estudos acolhedor. Em relação às trajetórias atuais, os desafios se relacionam
principalmente à urgência na aprendizagem da leitura e escrita, dentro de uma política de
alfabetização que não os invisibilize e que ofereça condições mínimas de autonomia social e
acesso ao mercado de trabalho.
Por fim, é importante destacar que a meta de erradicação do analfabetismo para 2024,
estabelecida no Plano Nacional de Educação (2014-2024), não foi atingida e pode continuar
distante se não forem adotadas políticas públicas mais efetivas de alfabetização em todas as
etapas de escolarização de crianças e jovens, especialmente para as populações em condições
de vulnerabilidade social e econômica.
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Paola Fonseca RUSSANO e Cláudia PRIOSTE
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Agradecimentos à Faculdade de Ciências e Letras (FCLAr) UNESP,
Câmpus Araraquara.
Financiamento: O artigo será financiado pela Faculdade de Ciências e Letras (FCLAr)
UNESP, Câmpus Araraquara.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse em potencial que possam influenciar
o processo de publicação.
Aprovação ética: O trabalho faz parte do Projeto Juventude e Cibercultura aprovado pelo
comitê de ética da Faculdade de Ciências e Letras (FCLAr) UNESP, Câmpus Araraquara.
Disponibilidade de dados e material: Este artigo apresenta dados parciais de uma pesquisa
de mestrado. Os dados foram coletados pelas autoras e tratados em análise documental e
análise temática de entrevistas.
Contribuições dos autores: O trabalho foi desenvolvido de forma conjunta. As duas
autoras participaram ativamente da coleta de dados, da análise dos resultados e da escrita.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024005, 2024. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v35i00.10393 1
SCHOOL TRAJECTORIES OF YOUNG PEOPLE IN ILLITERACY SITUATIONS:
INVISIBILITY, DROPOUTS AND PERSISTENCE
TRAJETÓRIAS ESCOLARES DE JOVENS EM SITUAÇÃO DE ANALFABETISMO:
INVISIBILIDADE, EVASÃO E PERSISTÊNCIA
TRAYECTORIAS ESCOLARES DE JÓVENES EN SITUACIÓN DE
ANALFABETISMO: INVISIBILIDAD, ABANDONO Y PERSISTENCIA
Paola Fonseca RUSSANO1
e-mail: paola.russano@unesp.br
Cláudia PRIOSTE2
e-mail: claudia.prioste@unesp.br
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RUSSANO, P. F.; PRIOSTE, C. School trajectories of young
people in illiteracy situations: Invisibility, dropouts and persistence.
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n.
00, e024005, 2024. e-ISSN: 2236-0441. DOI:
https://doi.org/10.32930/nuances.v35i00.10393
| Submitted: 14/04/2024
| Revisions required: 29/05/2024
| Approved: 24/06/2024
| Published: 22/07/2024
Prof. PhD. Rosiane de Fátima Ponce
Prof. PhD. Paulo César de Almeida Raboni
Prof. PhD. José Anderson Santos Cruz
1
São Paulo State University (UNESP), Araraquara SP Brazil. Master's degree from the Graduate Program in
School Education.
2
São Paulo State University (UNESP), Araraquara SP Brazil. Associate Professor in the Department of
Psychology. Doctoral degree in Education (USP).
School trajectories of young people in illiteracy situations: Invisibility, dropouts and persistence
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024005, 2024. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v35i00.10393 2
ABSTRACT: Literacy at all stages of life is a human right that promotes improving living
conditions. This research aimed to understand the difficulties faced by illiterate young people
in schooling. This qualitative and documentary research was carried out through analysis of
school records and interviews with young students and their teachers in a Youth and Adult
Education (EJA) school. The results indicate fragmented paths marked by failures in schooling,
evasions, and some persistence. EJA represents hope for literacy achievement, work, and social
inclusion. However, staying there is challenging due to learning difficulties; social
vulnerabilities intensified by violent contexts; mental health disorders; drug abuse; early
pregnancy, and overload in the working day. It was concluded that it is essential to offer
psychosocial support and formal literacy spaces at all school stages, with strategies that
contribute to access to the job market, autonomy, and citizenship.
KEYWORDS: Youth and Adult Education. Illiteracy. Youth. School education. School
Failure.
RESUMO: A alfabetização em todas as etapas da vida é um direito humano que promove
melhorias nas condições de vida. Esta pesquisa procurou compreender as dificuldades
enfrentadas por jovens em situação de analfabetismo em seus processos de escolarização.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa e documental realizada por meio de análise dos históricos
escolares e entrevistas com jovens e professores de uma escola de Educação de Jovens e
Adultos (EJA). Os resultados indicam percursos fragmentados, marcados por reprovações,
evasões e persistências. A EJA representa uma esperança de alfabetização, trabalho e inclusão
social. Porém, a permanência é desafiadora devido às dificuldades de aprendizagem;
vulnerabilidades sociais decorrentes de contextos violentos; saúde mental; abuso de drogas;
gravidez precoce e sobrecarga na jornada de trabalho. Concluiu-se que é fundamental oferecer
suportes psicossociais e espaços formais de alfabetização em todas as etapas escolares, com
estratégias que favoreçam o acesso ao mercado de trabalho, a autonomia e cidadania.
PALAVRAS-CHAVE: Educação de Jovens e Adultos. Analfabetismo. Juventude. Educação
Escolar. Fracasso Escolar.
RESUMEN: La alfabetización en todas las etapas de la vida es un derecho humano que
promueve la mejora de las condiciones de vida. Esta investigación buscó comprender las
dificultades escolares de jóvenes en situación de analfabetismo. Esta es una investigación
cualitativa y documental realizada a través del análisis de expedientes escolares y entrevistas
a jóvenes y docentes de una escuela de Educación de Adultos (EA). Los resultados indican
escolarización fragmentada, marcada por fracasos, evasiones y perseverancia. La EA
representa Esperanza de alfabetización, trabajo e inclusión social. Sin embargo, mantener el
compromiso de los estudiantes resulta arduo debido a las dificultades de aprendizaje;
vulnerabilidades en contextos violentos; la salud mental; abuso de drogas; embarazos precoces
y sobrecarga de trabajo. Por consiguiente, es imperativo un sólido apoyo psicosocial con
intervenciones de alfabetización eficaces en todas las etapas educativas para que se promuevan
el acceso al empleo, la autonomía y la ciudadanía.
PALABRAS CLAVE: Educación de Jóvenes y Adultos. Analfabetismo. Juventud. Educación
Escolar. Fracaso escolar
Paola Fonseca RUSSANO and Cláudia PRIOSTE
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024005, 2024. e-ISSN: 2236-0441
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Introduction
The phenomenon of illiteracy among Brazilian youth encompasses complex and
multifactorial dimensions, primarily involving historical and political contexts of unequal
access to quality education. Despite the expansion of access to Basic Education in the country,
which has contributed favorably to reducing the percentage of illiterate individuals, Brazil still
falls short of the goal set by the National Education Plan (PNE) to eradicate illiteracy by 2024
(Brasil, 2014). According to data from the Brazilian Institute of Geography and Statistics
(IBGE), the illiteracy rate among individuals aged 15 years and older was 6.1% in 2019,
decreasing to 5.6% in 2022. Nevertheless, this percentage translates to approximately 9.6
million Brazilians (IBGE, 2023a), a substantial number that, for comparison, is nearly
equivalent to Portugal's population in 2022. In other words, it is nearly the size of a country
populated entirely by non-literate individuals.
Moreover, Brazil has a significant number of young people who make very limited use
of reading and writing skills. Although they can read and write a simple note, many struggle to
read and interpret a news article correctly, as indicated by the latest assessment of the
Programme for International Student Assessment (PISA). According to the Organisation for
Economic Co-operation and Development (OECD), in the 2022 assessment, more than half of
15-year-old Brazilians did not reach the basic level in reading (Brasil, 2023).
Regarding the definition of illiteracy, the Brazilian population census employs a
simplified conception, considering illiterate those who "declare not to know how to read and
write a simple note in their known language" and those who have learned but forgotten (IBGE,
2010). This definition was also adopted by the surveyed school to organize literacy groups and
select young people who would benefit from these classes.
Throughout this research, it became evident that illiteracy in Brazil remains a taboo
subject, especially among the younger population, influencing public policies that overlook
illiterate individuals at all stages of education, omitting this need from curricula. Some studies
indicate that illiteracy tends to be interpreted as an individual's responsibility and is associated
with pejorative attributes such as laziness, ignorance, or lack of effort to learn (Galvão; Di
Pierro, 2013). Individuals in this condition often feel discriminated against, ashamed, and
blamed. This stigma and prejudice against illiterate individuals are encapsulated in the term
"analfabeto" (illiterate), which, according to Souza (2022), should be replaced with
"analfabetizado". The terminological change, according to the author, is necessary as a form of
historical reparation regarding the state's responsibility in perpetuating literacy inequalities.
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We agree with Souza (2022) on avoiding the use of the term "illiterate," which carries
stigma. However, in this work, instead of using the term "illiterate," we opted for the expression
"in a situation of illiteracy" because we understand that the issue should be addressed as a
transient condition that can be overcome by most individuals with adequate support throughout
their educational journeys.
Paulo Freire, in the 1960s and 1970s, in his renowned struggle against illiteracy and the
associated prejudices, sought to place the socio-political subject at the center of pedagogical
activity. The notions of empowerment and autonomy, in the Freirean perspective, should be
developed simultaneously with the acquisition of literacy skills. According to Freire (2020),
learning to read and write was a key to written communication and an opening to the systematic
acquisition of culture, socioeconomic empowerment, and the construction of a democratic
society.
We understand that adult literacy should be approached as a social investment, as it
impacts people's health, working conditions, political-economic organization, productivity, and
a nation's development (Gadotti, 2009). Moreover, it is a matter of human security, as
emphasized by Sen (2003), because illiteracy generates uncertainties and represents a form of
social, political, and financial insecurity, limiting individuals in defending their rights and
participating in society.
Despite the positive legacy left by Freire among Brazilian educators regarding the hope
of eliminating illiteracy, especially among those involved in adult education who struggle daily
against numerous adversities, illiteracy persists. This persistence manifests unequally
concerning age group, gender, race, social class, and region of the country. The age group with
the highest concentration of illiterate individuals comprises those aged sixty years and older,
individuals who likely had fewer opportunities for school access.
Among young people aged eighteen to twenty-four years, the percentage is 0.75%,
which translates to approximately one hundred and seventy-two thousand young people. In
2022, Brazil had approximately 22.8 million young people in this age group. Considering the
proportion of young people in illiteracy relative to the number of students in this age group,
approximately 6.9 million, we arrive at an estimate of 2.45% who are not literate (IBGE,
2023a). These are young people who have gone through school but have been marginalized in
their basic right to learn to read and write. They are affected by a fundamental social and human
right, the right to education, as articulated by Gadotti (2009). He argues that "illiteracy among
young people and adults is an unacceptable social deformity, produced by economic, social,
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and cultural inequality" (Gadotti, 2009, p. 14, our translation). Therefore, when young people
seek Adult and Youth Education without being literate, it is crucial that they find a space that
accommodates this demand.
Young people who have non-completing of elementar school have the right to enroll in
Youth and Adult schools to complete the educational stage from which they dropped out as
specified by the National Education Guidelines and Bases Law (Brasil, 1996). With policies of
continuous progression, an increasing number of youths who dropped out of primary education
in the final stages have sought enrollment in EJA without being adequately literate. In the city
of São Paulo, where the research was conducted, the curricular organization of this modality is
structured into four stages: Literacy and Basic Education, corresponding to the initial years of
regular Elementary School, and the Complementary and Final stages, corresponding to the final
years of regular Elementary School (São Paulo, 2023).
This organization stipulates that individuals completing Elementary School I should be
enrolled in the Complementary or Final stages, in groupings whose curriculum content is
equivalent to that of Elementary School II, thus excluding them from literacy activities. If a
youth dropped out of school in the eighth year, according to the legislation, they would only
have to remain in EJA for one year. This organization results in young people in situations of
illiteracy having their specific needs overlooked, which can be demotivating for their
educational retention. Furthermore, if a youth completes Elementary or High School without
being literate, they cannot enroll in EJA or any school offering the literacy class they need. In
this sense, the youth would be deprived of a fundamental right that should be guaranteed to
those who were already deprived during regular schooling, as Gadotti (2009) reveals.
There is a noticeable omission in the Brazilian education system due to the absence of
formal space for the literacy of those who advance in schooling but are not literate. This starts
in primary education, where remedial classes for those facing difficulties are often non-existent
in many schools or, when they do exist, are not explicitly geared toward literacy (Prioste, 2020).
Illiteracy, school dropout, and reading difficulties can contribute to an increase in the
number of young people who are neither studying nor working, commonly referred to as
"NEETs" (Not in Education, Employment, or Training). In 2022, the proportion of young
people in this condition rose. In the age group of 14 to 29 years, 20% of Brazilian youth were
neither studying nor working. When considering race, this number rises to 22% (IBGE, 2023b).
The condition of NEETs is characterized by simultaneously being outside the education
system and the labor market. Freire and Saboia (2021) categorize young people who are neither
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studying nor working into two groups: inactive and unemployed. According to their study, the
difference between these groups lies in the fact that unemployed individuals are actively
seeking work, whereas inactive individuals are not, meaning they are not actively looking for
employment. The disillusionment of young people regarding the future of work may also be a
factor to consider.
Low educational attainment resulting from dropping out before completing elementary
school directly impacts the ability of young people to access the labor market. The educational
failure experienced by these youths marks them as different and lacking, leading them to
develop a devalued self-image (Charlot, 2000).
The issue of weak attachment of young people to school is not new. According to
Andrade (2008), while in the past young people dropped out due to failing grades, educational
reforms that reduced school failure rates have led them to maintain an ambivalent relationship
with the school, characterized by breaks and returnsthey are neither completely out nor fully
in. In Prioste's perspective (2016), among the various factors affecting the educational
persistence of young people, two aspects are underexplored by research. The first concerns
marketing exploitation by the digital entertainment industry, influencing youth preferences and
habits that may limit their ability to concentrate and dedicate themselves to studies. A second
aspect, possibly connected to the first, relates to learning problems neglected by educators
during their educational journeys.
Such difficulties, especially evident at the beginning of the literacy process, can impact
young people's interest in school, particularly when they advance through grades without
having mastered the basics. A negative cycle is observed where young people with school
difficulties tend to use digital resources more extensively for distraction, and digital and
television distractions further exacerbate educational distortions.
During the pandemic and post-pandemic periods, this problem was exacerbated,
especially for young people in public schools. According to Koerich and Pimenta (2023),
difficulties faced by public school students in adapting to remote learning were at the heart of
school dropout rates. The authors note that challenges with participating in synchronous
activities led to a significant reduction in time dedicated to school education. Consequently, the
school routines of young people underwent profound changes, resulting in disparate situations.
Koerich and Pimenta (2023) highlight that while private school students followed structured
school-assigned tasks, those in public schools struggled due to lack of access and study
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conditions, experiencing considerable daily boredom. In the context of the pandemic, the
condition of young people with fragile ties to school may have worsened.
It is important to note that in this study, the definition of youth is not limited solely to
age, although age remains a relevant factor for research and public policy. According to the
United Nations General Assembly of 1985, a youth is defined as a person aged between fifteen
and twenty-four years (United Nations, 2013). The National Youth Statute adopts the age range
of fifteen to twenty-nine years and, for the purposes of public policies, distinguishes between
three subcategories: young adolescents aged fifteen to seventeen; young adults aged eighteen
to twenty-four; and young adults aged fifteen to twenty-nine (Brasil, 2013). According to
Abramo (2005), categorizing youth should be articulated with the everyday dimension, as youth
refers to identity construction in a psychosocial process inseparable from daily life, within
social relations and practices.
Starting from the premise that young people are shaped by different social contexts and
that school plays a significant role in their life trajectories, this research aimed to analyze the
educational journeys of young students in the Youth and Adult Education (EJA) system who
were in a situation of illiteracy. The choice of this audience was related to their invisibility in
research and educational projects. Key questions guided the study: How were the educational
paths of these young people until they reached the EJA? What factors contributed to their
staying or dropping out of the EJA?
Methodological Aspects
In this study, we present a segment of broader research on youth and cyberculture. The
focus here pertains to young people in a situation of illiteracy enrolled in a Youth and Adult
Education school in the outskirts of São Paulo. This research was conducted as part of a Master's
in School Education, utilizing a qualitative approach characterized by descriptive and
exploratory methods aimed at understanding the challenges faced by young people in their
educational processes within public institutions. According to Gil, such research aims at
"establishing relationships between variables" and providing "an approximate overview of a
specific phenomenon" (1989, p. 45, our translation).
Data collection occurred in two stages. The first involved mapping young people aged
eighteen to twenty-four enrolled in a Youth and Adult Education school, specifically in literacy
classes. Based on this mapping, school records were selected for analysis of educational
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trajectories. The second stage included active outreach to dropouts and interviews with those
young people who continued attending classes. According to teachers' reports, literacy groups
were established in this School to meet the needs of a growing number of students who reached
Secondary Education without basic reading and writing skills, thus facing challenges in
following the EJA curriculum without literacy support.
Convenience sampling was employed for this research, considering the number of
enrollments within our age group of interest. Inclusion criteria included age between eighteen
and twenty-four years and enrollment in literacy-focused classes. All young people underwent
an initial diagnostic assessment conducted by school teachers to place them in appropriate
groups. The main exclusion criterion was not having a diagnosis of intellectual disability, as
this would require a more complex analysis of educational trajectories beyond the scope of this
study.
In 2021, within the literacy groups, there were 25 individuals enrolled aged between
eighteen and twenty-four years. Of these, fourteen identified as male and eleven as female
according to school records. The school records of all twenty-five individuals were analyzed to
identify the continuity and disruptions during their elementary education.
To further deepen and complement the documentary analysis and understand elements
of these young people's trajectories, the second part of the research involved active searches
conducted by the school team and included interviews with six young people and three teachers.
The interviews aimed to analyze the young people's perceptions of barriers to literacy and the
role of digital media in their lives.
This study focused on analyzing educational trajectories highlighted in the records and
issues related to disruptions and school dropouts. The young people were informed about the
research objectives, confidentiality, risks, and data confidentiality, and they agreed to and
signed an Informed Consent Form, as approved by the Ethics Committee of the Universidade
Estadual Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara.
Results and Discussions
The first aspect analyzed pertained to the profile of young students in EJA, aged
eighteen to twenty-four years, identified in a state of illiteracy. In the studied sample, regarding
gender identification, the majority identified as male, corroborating the prevalence of illiteracy
among males as determined in the IBGE research (2022). Studies on academic failure also
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identify greater difficulties in the educational process for boys (Prioste, 2020), likely due to
patriarchal socialization models that valorize activities related to strength and competition
among male children.
Regarding racial dimension, out of the twenty-five enrolled students, nine identified as
White, eight as mixed-race, and four as Black. Four students did not have this information
available in their records. When combined, Black and mixed-race students constituted the
majority among those who opted for self-declaration, totaling twelve students. These data
highlight that the racial and gender issues mentioned earlier mark the scenario of educational
failure among the most vulnerable student groups. The majority are young males, Black or
mixed-race.
In IBGE surveys, it was identified that the illiteracy rate affected 3.4% of individuals
aged fifteen or older who identified as White, and 7.4% of individuals in the same age group
who self-identified as Black or mixed-race (IBGE, 2023b). The persistence of a high illiteracy
rate among the mixed-race and Black population draws attention to the perpetuation of a racist
bias in the education process of children and youth. According to Rosemberg (1987), this
inequality limits access to social goods, operating insidiously both structurally and symbolically
in Brazilian society.
Study Time and Persistence
In this sample of youth, the average age of entry into EJA was seventeen years old. One
of the most relevant results of the analysis is that these young people, in some way, remained
in schools for eight years or more without being literate and yet did not give up. They persisted
in their connection with school, even though they were not learning the expected basics for each
stage. Throughout the schooling process, their school records show school changes,
interruptions, and repetitions, indicating a non-linear trajectory. These findings support
Andrade's (2008) analysis regarding the "juvenilization" of EJA, resulting from an increasing
number of individuals aged fifteen who dropped out of regular school after a tumultuous
journey in Elementary Education marked by absenteeism and abandonment.
According to the analysis of their records, the average duration of schooling in
Elementary Education was nine years. This includes all the years the student attended
Elementary Education I and II, per the historical records. The average for Elementary Education
II is analyzed only with students who continued to this stage, differing from the overall
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population considered in Elementary Education I. Nine students had extended schooling
periods, ranging from ten to twelve years, considering both stages of Elementary Education I
and II.
Most of the youth began their education in early childhood education (75%), and all
completed Elementary Education I. Generally, they started their schooling around the age of
five. Six students began their educational journey in Elementary Education II. It is noted that
the majority of youth passed through the stage preceding the literacy cycle.
The percentage of youth who attended Elementary Education II is relatively high at
79%, considering that this phase of schooling requires already consolidated writing and reading
skills. This leads us to question how these young people reached this stage without being
literate. How did they feel in school? What kind of support did they receive to overcome
illiteracy during Elementary Education?
Repetitions and Breaks
Despite persisting in the educational process, these young people's connection with
school institutions remained fragile, marked by ruptures, whether due to changing schools or
due to failing grades and years without attendance. Regarding school changes during
elementary education, two accounts highlighted the search for a study environment where
students felt more welcomed or respected. The first account is from one of the young women:
Because I suffered a lot of bullying, the teachers didn't care and belittled me.
So, until I stopped at a school, I became definitive in a school. And then in
this school, I went through the same thing, but I had to endure this school until
eleven years old; I had to endure all this (interviewee).
Another student also explained: "I would leave, I would go from school to school...
some schools I didn't adapt to and others I had a lot of difficulty learning at the same pace as
people, to do the lessons." It is noted that lack of support, learning difficulties, and feelings of
exclusion were reasons for changing schools.
Although such situations are reported, schools seem to serve as a lifelong reference for
these young people, despite the persistence of their learning difficulties. According to Friedrich
et al. (2010) the audience attending EJA tends to have an educational path marked by
vulnerabilities stemming from precarious living conditions, repeated failures, difficulties in
entering the job market, and challenges in adapting to school contexts (Friedrich et al., 2010).
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Another significant factor is the issue of repetition. In this regard, the number of failures
and students who stopped attending school is distributed throughout Elementary Education. It
is noteworthy that the 6th, 7th, and 5th grades are years where these two situations are
concentrated, respectively. Graph 1 illustrates the number of failures and instances of non-
attendance over the school years. These two conditions affected some students more than once
in the same school year.
Graph 1 Repetition / stopped attending
Source: Compiled by the authors (2022).
Grade retention and school dropout, with a higher incidence in the 6th Grade, appear to
be closely related to the fact that these young people did not receive the necessary support to
become literate during Elementary Education, rendering them invisible to public policies. In
this regard, Prioste (2020) reveals that one of the main factors discouraging young people from
continuing their studies is the lack of adequate literacy skills. Continual promotion without
practical support in the literacy process allows students to advance to the next stage unprepared,
leading them to feel uncomfortable in classes where reading and writing skills are required,
especially in Middle School.
The adoption of cycle-based promotion was regulated in São Paulo by the State Council
of Education (CEE) through Deliberation CEE 9/97, implemented in the public education
system in 1998. This deliberation allowed for curriculum organization into one or more cycles
with a guaranteed evaluation of the teaching-learning process, reinforcement, parallel recovery,
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and attendance control throughout the schooling process. It also emphasized pedagogical and
economic advantages, considering that retention contributed to the low self-esteem of a large
number of students and represented financial waste. The curriculum organization adopted in
São Paulo consisted of two cycles (1st to 4th and 5th to 8th grades, namely Cycle I and Cycle
II) and was experienced by this group of young people. Graph 4 reveals the outcomes of these
measures with pronounced difficulties at the end of Cycle I (4th Grade, equivalent to 5th year),
leading to progression to the 6th Grade.
Cycle policies merely camouflage educational failure without addressing it properly.
According to Zibetti, Pansini, and Souza (2012), the educational reinforcements envisioned
since the beginning of the cycle system, consistently included in school pedagogical projects,
have not led to improvement. Despite the guaranteed time allocated for teachers to provide
support, the conditions under which children are assisted do not favor the learning process. The
authors highlight issues such as inadequate physical spaces, lack of technical preparation,
pedagogical shortcomings, and misunderstandings regarding children's learning needs. Thus,
the issue of illiteracy persists, alongside the invisibility of this group.
The problem of illiteracy among young people who are nearing completion of Lower
Secondary Education places this demographic in a policy limbo. In Adult and Youth Education
(EJA), literacy classes are intended for those who have had no formal schooling throughout
their lives, meaning they were not designed for those who completed Lower Secondary
Education. If these young people manage to complete Lower Secondary Education, they can
no longer enroll in the corresponding EJA segment, thus destined to contribute to illiteracy
statistics. For those who do not reach the end of this stage, it is noticeable that while young
people persist in continuing with Lower Secondary Education, the number decreases as the
years progress.
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Graph 2 Total students per year enrolled
Source: Compiled by the authors (2022).
Of the total young people surveyed, the percentage who reached the 7th grade was 57%,
which continued to decline to 39% in the 8th grade, ending with 35% in the 9th grade. The
number of students decreases significantly in a trend that begins at the end of Lower Secondary
Education and intensifies in Upper Secondary Education (Graph 2). The fact that more than
half of the students in illiteracy reached the 7th grade indicates the severity of the problem;
despite their persistence, young people gradually drop out of school. In addition to grade
retention, it is likely that entering adolescence also affects their ties to school. We know that
puberty begins around the age of twelve when young people would be in the 6th or 7th grade if
they have not experienced grade retention.
It is during this phase that we observe the highest number of school dropouts. On one
hand, this can be explained by grade retention and difficulties in the literacy process; on the
other hand, we must consider the challenges of adolescence. Among young people from lower
socioeconomic backgrounds, adolescents are often exposed to hypersexualization, face
demands from families in vulnerable situations, and have the need to assert themselves among
peers with consumer goods, as well as the seductions of digital media (Prioste, 2016). All of
this, combined with racial, class, and gender stigmatizations, can contribute to weakening their
connection to school during this phase.
Given the numerous social vulnerabilities and failures in public policies for child
protection, many adolescents may be recruited by drug trafficking, as identified in one of the
active search cases where a mother reported that her fourteen-year-old son overdosed and
needed hospitalization.
School trajectories of young people in illiteracy situations: Invisibility, dropouts and persistence
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In early adolescence, students are experiencing significant physical and psychological
changes that can make them more vulnerable to a range of risks. Prioste (2016) in her analysis
of adolescents in the outskirts of São Paulo, identified that illiteracy among adolescents
attending the final year of Lower Secondary Education was a significant risk factor in virtual
environments and involvement with criminal groups. Not being literate generated distress and
shame among boys, although these feelings were masked by provocative behaviors at school.
Despite this, on an individual level, boys expressed a desire to learn to read. For girls,
absenteeism and school dropout during this phase were linked to dating and teenage pregnancy.
Overall, young people felt deceived by the school since they reached the end of their education
and were not prepared to continue to upper secondary education. This can lead some young
people to drop out before completing Lower Secondary Education so they can have the
opportunity to enroll in Adult and Youth Education (EJA).
Adult and Youth Education (EJA) and Hope for a Better Future
Enrolling in EJA represents, for many, the pursuit of a better life and opportunities for
learning, freedom, and employment. In the case of this group of young people, it is noteworthy
that educators in the EJA they attended had the sensitivity to organize the reception of these
young people into literacy groups, thus ensuring their right to learn reading and writing.
However, this initiative is a particularity of that space. If they had been placed in classes
according to their respective school records, they would have had to follow the curriculum for
the final years of Lower Secondary Education as if they were already literate.
Literacy classes represent respect and hope. Regarding the expectation of improvement
through studies in EJA, one young person stated, "[...] because studying, it changes your life,
for a job, because to have a job you have to study [...]". The pursuit of a certificate that can
contribute to getting a job is a well-known demand among the EJA audience, yet this need does
not guarantee persistence.
In addition to better employment, some young people dream of attending college, "[...]
because my dream is to go to college. So, for me, studies are the most important thing because,
truthfully, nowadays we need studies for everything [...]". The dream of attending college is
accompanied by the belief that studying is part of life and that it can transform the course of
their destinies. This statement supports evidence that literacy is an essential human right for
promoting health and social development (Gadotti, 2009; Sen, 2003).
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Regarding motivations for staying in EJA, the bond with teachers and "older people"
was emphasized, a term used to refer to classmates over forty years old. Faced with so many
abandonment situations they have experienced in life, they realize that in the EJA environment,
someone cares about them, whether it's the teachers or their "older" peers who encourage them,
advising them to persist in their studies.
The hope for better living conditions and a brighter future faces several barriers, causing
many young people to either drop out of or maintain a fragile connection with EJA, as reported
by teachers. The pandemic exacerbated this school connection issue. Accordingly, out of the
twenty-five enrolled students, only eight continued their studies in the subsequent year, with
two transferring to another school. In total, sixteen youths dropped out. During active searches
conducted by the coordination team alongside teachers, reasons for dropout varied widely,
including issues related to mental health, exhaustion from work, family violence, pregnancy,
difficulty balancing studies and household tasks, insecurity in the neighborhood especially for
women, drug problems, and lack of interest due to learning difficulties. A mother reported that
her son didn't want to return to school because he wasn't learning anything, stating: "My son
turned nineteen and said he won't go to school anymore because he doesn't learn, so he feels
ashamed. He's working at a car wash." A father affirmed that his son "doesn't want to study or
work. He just wants to fly kites with his friends. He doesn't want any commitments."
Among male individuals, issues such as drug use, disinterest, and fatigue stand out. A
dropout young man stated: "I'm working as a kitchen assistant in a restaurant. I get too tired
from work and can't stay awake to attend classes." Although EJA class hours are limited to 2
hours and 15 minutes daily, commuting to work in a congested city like São Paulo can still
make attending classes challenging.
Among female individuals, reasons for dropping out included pregnancy, domestic
violence, neighborhood insecurity, and the need to care for the household. Studies by Sousa et
al. (2018) highlight that 94.4% of adolescents who experienced pregnancy reported interrupting
their studies at some point in life, with 54.4% of them dropping out of school. While pregnancy
itself is not the issue, the authors emphasize the need to break the cycle of poverty: pregnancy,
school dropout, and poverty.
One factor to aid in breaking this cycle is to favor literacy strategies at all stages. In the
young people's statements, there was an apparent urgency to learn to read and write in order to
obtain a certificate that would contribute to improving their work conditions. Additionally, they
highlighted that in EJA, in the literacy classes, there were two teachers who corrected their
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assignments and closely monitored their activities. Finally, they also emphasized learning
behaviors and attitudes that contribute to their perception of citizenship rights.
Final Considerations
This article presented partial results of a study conducted with young people in situations
of illiteracy, aiming to analyze their trajectories in Elementary Education and discuss issues of
school dropout and retention. Mapping the enrollment of young people, aged between eighteen
and twenty-four years, grouped in literacy classes at a Youth and Adult Education school
located in the periphery of São Paulo, identified a prevalence of males, predominantly self-
identified as Black and mixed-race. Out of the twenty-five young people whose school records
were analyzed, six remained studying at the institution, two requested transfers, and seventeen
dropped out. Although young males were more numerous in the initial mapping, the profile
whose dropout situation was concentrated in the second phase of the research was that of Black
young women. These results reveal the inadequacy of educational public policies for this
population and underscore the need for policies that promote school retention.
It is important to emphasize that this research relies on a small sample, representative
of a specific school reality, subject to the regional context where these young people reside.
However, the accounts of the students who dropped out were crucial in providing clues about
the challenges that permeate current school lives. Issues within the school context, learning
difficulties, pregnancy, mental health issues, work-related fatigue, and discouragement to study
coexist with the need to complete studies and have minimal access to the job market. They
experience the phenomenon of academic failure, manifested by a lengthy trajectory in
Elementary Education marked by disruptions and returns, which demonstrate their attempts to
persist. They have access to school and attempt to remain in these environments but do not
advance in learning reading and writing. When they decide to continue their studies in EJA,
they are made invisible because they cannot have their enrollments linked to literacy classes
due to having dropped out of upper elementary school from the regular education system.
From the young people who remained in EJA, some perspectives emerged from the
reports, offering contributions to future public policies. Among them, stands out the effort to
minimize the impacts of their past school trajectories. Currently, an environment of learning
that embraces, respects, dialogues, listens, motivates, and teaches is highlighted as extremely
valuable and propelling improvements. The interviewed youth reported the significant
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contribution provided by the interaction in the classroom with older individuals and, above all,
the positive impact of dual teaching on their learning. For the group that remains, school
represents a space that can improve their lives. Despite their previous educational setbacks, the
youth hold the expectation in EJA to become literate and complete their Elementary Education
with some degree of autonomy. Despite the hardships experienced before, the youth aspire to
conditions that enable access to the job market or seek improvements in that regard. Workforce
training is a relevant issue for these youth, along with a welcoming study environment.
Regarding their current trajectories, challenges mainly relate to the urgency of learning reading
and writing within a literacy policy that does not render them invisible and provides minimum
conditions for social autonomy and access to the job market.
Finally, it is crucial to highlight that the goal of eradicating illiteracy by 2024,
established in the National Education Plan (2014-2024), has not been achieved and may remain
distant if more effective public policies for literacy at all stages of children's and young people's
schooling, especially for populations in conditions of social and economic vulnerability, are not
adopted.
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CRediT Author Statement
Acknowledgements: We thank the Faculty of Sciences and Letters (FCLAr) - UNESP,
Araraquara Campus.
Funding: This article is funded by the Faculty of Sciences and Letters (FCLAr) - UNESP,
Araraquara Campus.
Conflicts of interest: There are no potential conflicts of interest that could influence the
publication process.
Ethical approval: The work is part of the Youth and Cyberculture Project approved by the
ethics committee of the Faculty of Sciences and Letters (FCLAr) - UNESP, Araraquara
Campus.
Data and material availability: This article presents partial data from a master's research.
The data were collected by the authors and analyzed through documentary analysis and
thematic analysis of interviews.
Author’s contributions: The work was developed jointly. Both authors actively
participated in data collection, analysis of results, and writing.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.