Sistema de Avaliação Escolar: um projeto coletivo como alternativa para o desenvolvimento profissional
Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 35, n. 00, e024007, 2024. e-ISSN: 2236-0441
DOI: https://doi.org/10.32930/nuances.v35i00.10112 16
A autonomia das escolas depende de uma reconfiguração das práticas de
gestão e dos processos de tomada de decisões. As formas de administração
estão, ainda, carregadas de práticas autoritárias, centralizadoras. Mas, ao
serem criticadas essas práticas, foi perdido o entendimento de que a gestão
implicava modos de fazer e agir e não apenas ações políticas. Ou seja, foi
perdido o equilíbrio entre o lado político e o lado técnico das práticas de
gestão. A participação de todos os membros da escola nos processos
decisórios não exclui a necessidade de planejar, de administrar, de coordenar
o trabalho das pessoas, de fazer o acompanhamento e a avaliação sistemática
do trabalho escolar. Autonomia e participação não podem servir para deixar
as escolas ao abandono, funcionando às cegas. Por essa razão, é fundamental
que a investigação pedagógica se dedique a estudos sobre o tema da gestão
das escolas (Libâneo, 2001, p. 21).
Para que o SAEsc® participe efetivamente da elaboração de um instrumento de
avaliação e assegure que este possua um propósito transformador, é necessário que o
instrumento seja impregnado de um propósito que vá além da mera excelência funcional. Em
outras palavras, é fundamental compreender que “avaliação é um processo para compartilhar
responsabilidade e não para imputá-la” (Guba; Lincoln, 2011, p. 291).
O objetivo a ser enfatizado é que, sem o processo formativo dentro da escola e sem um
“fazer dialógico” (Freire, 2019b), o SAEsc® pode se tornar um sistema vazio, reduzido a uma
vitrine cujo único propósito é ocultar a falta de efetividade e ampliar a distância das
desigualdades.
1° Momento – Espaço de diálogo durante a elaboração do Quadro Descritivo (QD)
O Quadro de Diagnóstico (QD) é um documento fundamental na prática docente.
Através dele, a capacidade do professor para trabalhar coletivamente deve ser manifestada de
maneira clara. O saber docente é plenamente expresso neste documento, uma vez que é nesse
momento que o professor revela sua eticidade, conforme Freire (2019a, p. 19), que define a
eticidade como a “vocação ontológica para Ser Mais”. O QD é, portanto, um documento
formativo, no qual professores experientes devem contribuir com suas vivências e saberes,
participando de forma responsável, por exemplo, ao analisar os materiais de ensino e projetá-
los ao longo do tempo para seu desenvolvimento em cada ano ou série.
Essas são tarefas desafiadoras para os professores que ingressam no Sistema, pois
envolvem planejamento e antecipação de situações que apenas a experiência permite
vislumbrar. Esse processo retira o professor da zona de conforto e da mera reprodução dos
materiais de ensino, estimulando a reflexão sobre suas ações e a realização de escolhas mais
efetivas.